Chamada de artigos: Internacionalização do Esporte

Data início: 31/12/1969Data de encerramento: 31/12/1969Local: Revista Eletrônica de Negócios Internacionais (Internext)Data limite inscrição: 31/12/1969

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A InternexT – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM – surgiu, como parte integrante do Programa de Mestrado e Doutorado em Gestão Internacional da ESPM, em 2006, como instrumento acadêmico de discussão de questões da área. É o único periódico brasileiro especializado na área de gestão internacional. Trata-se, desse modo, de um importante veículo de divulgação e propagação dessa área cientifica dentro do campo da administração. A partir de 2017, a InternexT foi contemplada com status no CAPES/QUALIS B2, e se consolida, hoje, como relevante fonte de pesquisa para a comunidade acadêmica na área de gestão internacional, com mais de 120 artigos publicados desde sua fundação, oriundos de pesquisas acadêmicas de pesquisadores brasileiros e estrangeiros filiados a diversas instituições. Com periodicidade quadrimestral, a InternexT publicará, em 2019, um número especial com o tema Internacionalização do Esporte.

Dos anos 1970 para cá a internacionalização se tornou imperativo para as marcas mais valiosas do mundo do esporte. Ser global é o principal objetivo das marcas esportivas em geral e dos clubes e agremiações profissionais de futebol, em particular, e de outras modalidades esportivas, em geral. Os principais clubes da Europa, hoje, demonstram, através de suas estratégias, um pensamento global e de expansão de suas marcas para mercados estrangeiros (Chanavat; Bodet, 2009).

Para Chanavat e Bodet (2009), a internacionalização do esporte tem ocorrido, principalmente, nos mercados mais maduros e tradicionais, como os da Europa Ocidental e da América do Norte, e tem muitas semelhanças com o processo que ocorreu nas indústrias tradicionais.

Os clubes esportivos europeus, em especial os ingleses e espanhóis, descobriram rapidamente que uma equipe esportiva profissional tem enorme potencial para construir o seu valor de marca, capitalizando a relação emocional que compartilha com seus fãs (Porras, 2014; Richelieu, 2016). Atualmente, os fãs estão em todo o mundo e podem facilmente ser alcançados por modernas estratégias empresariais e pelos veículos digitais de comunicação. Antes restritas à dominância da televisão as transmissões esportivas agora são amplamente difundidas pela redução dos custos de produção, distribuição e consumo do conteúdo esportivo e alteração do modelo de negócio de transmissão (Hutching e Rowe, 2009).

No contexto dos clubes profissionais, a internacionalização parece ser um fenômeno recente, mas em rápido crescimento reforçado pela globalização do esporte e pela profissionalização e transformação dos clubes esportivos em empresas transnacionais ou grandes corporações globais (Giulianotti; Robertson, 2004). Os autores apontam que os clubes mais populares do esporte profissional, “têm comunidades globais e consumidores de produtos licenciados em todas as partes do mundo” (Giulianotti; Robertson, 2004, p. 551).

Os primeiros clubes esportivos profissionais a atingirem esse status foram, provavelmente, as franquias norte-americanas, graças às estratégias dinâmicas de marketing desenvolvidas pelas ligas profissionais, como a National Football League (NFL), a National Hockey League (NHL) e a National Basketball Association (NBA) (Chanavat e Bodet, 2009). No mercado norte-americano, estima-se que o esporte movimente 3,2% do PIB (Humphreys e Ruseski, 2008).

No contexto europeu, em particular no futebol, o Manchester United, o Real Madrid e o FC Barcelona, por meio da aplicação dos princípios gerais da administração e de marketing, tornaram suas marcas internacionalmente reconhecidas, valorizadas e admiradas (Hill e Vicent, 2006; SzymanskiI, 1998; Chanavat e Bodet, 2009). Outras agremiações importantes da Europa têm desenvolvido diversas estratégias mercadológicas de internacionalização de suas marcas, como a contratação de atletas expoentes de países emergentes, por exemplo, com excelentes resultados comerciais e financeiros.

Mais recentemente, outro modelo de internacionalização tem ocupado espaço no cenário global do esporte: a formação de holdings internacionais especializadas em negócios e empresas esportivas (Rabasso et. al, 2015). Dickson e Santos (2017) chamam esse tipo de estratégica de propriedade transfronteira (cross-border) de equipes esportivas profissionais. Para os autores, este tipo de empreendimento é a “a manifestação final da globalização e do esporte”. Trata-se da aquisição do claro controle da propriedade de uma empresa/organização esportiva de determinado país por uma entidade baseada em outro país.

A internacionalização das principais agremiações esportivas do mundo é um processo cada vez mais profundo e irreversível, com diferentes estratégias de atuação, todas elas com um único objetivo: levar as marcas destas entidades a diversos mercados do planeta, na formação de uma comunidade de torcedores e admiradores de caráter global, acentuando ao seu limite máximo, como afirmam Dickens e Santos (2017), o processo de profissionalização, comercialização e expansão do esporte, inserido na global Indústria do Entretenimento.

O processo de internacionalização do esporte não está restrito somente à atuação dos clubes e entidades esportivas, as grandes ligas do esporte mundial também são, hoje, marcadas por este processo. Na temporada 2016/2017, dos 20 clubes da Premier League (a primeira divisão do campeonato inglês), 14 eram de propriedade de investidores estrangeiros, não ingleses, a maioria deles dos Estados Unidos, da Ásia e do Oriente Médio (Cave; Miller, 2016).

A Champions League (Liga dos Campeões), principal competição entre clubes  do futebol europeu, passou a fazer parte, pela sua dimensão e importância, das estratégias de internacionalização dos clubes do continente. A internacionalização das marcas dos principais clubes da Europa passou a depender, como não poderia deixar de ser, da reputação e do desempenho em campo das suas equipes na principal competição entre clubes da Europa (Chanavat e Bodet, 2009). Mesmo entre os mercados desenvolvidos, como o Europeu, há discrepâncias entre as receitas auferidas no exterior. A receita proveniente da comercialização de direitos de transmissão da Liga Alemã equivalia em 2013 à mesma receita que a Liga Inglesa recebeu somente com o mercado de Singapura (Viotti, Marinho e Lisboa, 2015)

A presença de atletas talentosos e famosos que se tornam ícones e, depois, marcas globais, também auxilia os clubes e as ligas no processo de internacionalização. Michael Jordan, Roger Federer, David Beckham, Zinedine Zidane, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi são ilustrações claras de como as agremiações e as ligas profissionais alavancaram seu patrimônio de marca em direção a um nível global graças à popularidade de seus jogadores (Kase et al., 2007).

Dentro deste cenário de transferências de atletas, o Brasil ocupa posição de destaque. Em seu CIES Football Observatory Monthly Report (2018) publicado em maio de 2018, o The International Centre for Sports Studies (CIES) informou que, ao final da temporada 2017/18, havia 12.425 jogadores expatriados de futebol atuando em 142 diferentes ligas de 93 federações nacionais pesquisadas. Deste total, 1.236, quase 10%, eram brasileiros, tornando o Brasil o país mais representado na amostra.

Todas estas transformações no cenário de atuação das grandes organizações esportivas internacionais acabam por provocar impacto em questões importantes e estratégicas do universo mundial do esporte, como os megaeventos globais (Jogos Olímpicos e Copa do Mundo), a migração de atletas, a concentração do poder econômico na mão de grandes marcas que investem no esporte mundial, o impacto sobre os clubes e esportes nacionais de países emergentes das tendências de interesse e consumo das gerações mais jovens em clubes e produtos europeus e norte-americanos, a tendência e o impacto social e econômico da popularização de esportes antes praticados quase que exclusivamente em países ricos em nações emergentes, entre outros temas de igual importância. Essa diversidade de perspectivas desafia nossa compreensão do fenômeno e exige um número maior de pesquisas.

Esta edição especial da Revista InternexT visa melhorar a nossa compreensão sobre os diversos processos e estratégias de internacionalização no esporte, em especial no contexto de um país emergente, como o Brasil, onde o esporte apresenta importante papel social e cultural na construção de identidades comunitárias e heterogêneas. Tal discussão é fundamental, em especial, em um contexto pós-megaeventos esportivos, em que a governança das principais entidades que gerenciam o esporte no país está em amplo e profundo processo de questionamento e, consequentemente, aprimoramento.

Assim, com o número temático do periódico Revista InternexT sobre Internacionalização do Esporte, almeja-se abranger os temas listados a seguir:

– Estratégias de Internacionalização de grandes clubes e ligas esportivas;

– Formação de holdings internacionais especializadas em negócios do esporte;

– Utilização de atletas globais para internacionalização de mercados;

– Papel das redes sociais em estratégias de internacionalização do esporte;

– Megaeventos Globais e relação com marcas e mercados;

– Migração de atletas e estratégias de internacionalização;

– E-Sport e a internacionalização de produtos e empresas esportivas;

– Parcerias entre organizações locais e globais para negócios do esporte;

– Concentração do poder econômico de marcas que investem no esporte;

– Impacto sobre clubes e esportes nacionais de países emergentes;

– Interesse e consumo das gerações mais jovens em clubes e produtos europeus e norte-americanos;

– Tendência e impacto social e econômico da popularização de esportes antes praticados quase que exclusivamente em países ricos em nações emergentes; e,

– Outros temas de igual importância.

Processo de submissão

Notas para autores potenciais:

Os trabalhos submetidos não devem ter sido publicados anteriormente, nem estar atualmente em processo de consideração para publicação em outro periódico.

Todos os artigos submetidos à Revista InternexT serão submetidos a processo de avaliação duplo-cego.

Os artigos devem/podem ser submetidos em português, inglês ou espanhol. Os artigos submetidos em português ou espanhol, que forem aprovados para publicação, deverão ser traduzidos para o inglês e submetidos a processo de proofreading pelos autores, no prazo de 30 dias após a comunicação a eles da aceitação para publicação.

Datas importantes

Submissão dos artigos: 28/2/2019

Resultado do  desk-check: 30/4/2019

Comentários para os autores dos artigos aprovados no desk-check: 30/9/2019

Submissão dos artigos revisados: 30/11/2019

Data provável da publicação do número especial: 30/3/2019

 

Editores e notas:

Todos os artigos devem ser submetidos através do sistema online, acessível a partir do link http://internext.espm.br/index.php/internext/login. Se houver algum problema ao enviar seu artigo on-line, entrar em contato com Ivan Rodrigo Rizzo Dias, pelo e-mail [email protected] descrevendo o problema exato que você enfrenta.

Editor-Chefe

Ilan Avrichir

Editores convidados

Ary José Rocco Júnior (EEFE/USP) / Ivan Rodrigo Rizzo Dias (ESPM/Trevisan)

Ary José Rocco Júnior

Professor e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP). Presidente da Associação Brasileira de Gestão do Esporte (ABRAGESP), Diretor da Asociación Latinoamericana de Gerencia Deportiva (ALGEDE) e representante regional da World Association for Sport Management (WASM). Pós-Doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) (2006) e mestre em Administração também pela PUC/SP (2000).

Ivan Rodrigo Rizzo Dias

Bacharel em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (2001) e mestre em Administração: Gestão Internacional pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (2017). Atualmente é Professor Visitante da Trevisan Escola Superior de Negócios. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Empresas.

Referências

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