Futebol e História: os usos políticos do futebol em perspectiva histórica

Descrição: Às vésperas da Copa do Mundo de 2022 os veículos de mídia noticiavam que Neymar, principal atleta do futebol brasileiro, havia prometido a Jair Bolsonaro uma homenagem em caso de gol. Apoiador do então presidente, o jogador não se furtou a declarar seu voto e fazer campanha pela reeleição. O apoio de Neymar era mais um entre os inúmeros oriundos do futebol, espaço que Bolsonaro buscou ocupar ao longo de sua empreitada presidencial. Todavia, houve também quem fizesse oposição e declarasse apoio a Lula. Figuras como Raí e Juninho, não se limitaram a declarar o voto e fizeram parte da campanha oficial do candidato eleito. No ferrenho embate de narrativas que a disputa eleitoral suscitou, o uso do passado se fez totalizante e o futebol mostrou-se, mais uma vez, um espaço primordial. O choque de perspectivas não se reduziu aos atletas e ex-atletas, uma vez que torcidas, diretores e os próprios candidatos “vestiram as camisas e entraram em campo.” Essa perspectiva demonstra como Futebol e Política caminham juntos, desmistificando a ideia de que eles não se misturam. Ribeiro (2020) vai mais além e indica que o “futebol é política, pois desde a sua concepção, está permeado por disputas de poder”. É a partir dessa noção da relação entre Política e Futebol que este simpósio se estrutura. A partir do momento em que o futebol passou a ocupar um espaço singular na sociedade, não raro foram os casos de seu uso político em prol de um consenso social. Independente do espectro político, narrativas foram construídas para que os êxitos esportivos fossem transformados em realizações estatais e nessa simbiose de interesses políticos há sempre uma valorização de um passado mítico, tipicamente apropriado junto a símbolos e cores. Essa relação tem sido debatida pela historiografia nas últimas décadas e pode ser abordada nas mais variadas perspectivas e recortes. Por outro lado, também é necessário estarmos atentos ao risco de reforçar apenas o lado do “uso político” feito desse esporte, uma vez que, desde muito cedo, federações, clubes, dirigentes e até mesmo jogadores mantiveram-se próximos do campo político estatal, demonstrando que os agentes ligados ao mundo do futebol também se aproveitam dessa relação de poder. Por assumir no Brasil o papel referencial de práticas e representações para grande parte da população, o futebol é um espaço de debates em suas mais diversas expressões. Assim, queremos dialogar com a multiplicidade de espaços em que o futebol se faz presente, através da compreensão da existência de futebóis (DAMO, 2005). A temática sugerida encontra-se em conformidade com os principais movimentos do campo. Desde 2003 o SNH possui um ST sobre esportes e bienalmente, desde 2018, há um encontro nacional da área. O próprio EPHIS, promoveu STs do tema em três outras ocasiões. Assim, entendemos que a partir dos pressupostos apresentados, que dialogam com a temática do evento, poderemos fazer deste Simpósio um espaço de amplo debate e produção historiográfica.

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