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A ascensão do Maribor

Dyego Lima Universidade do Esporte 25 de julho de 2021

 

“Um clube, uma honra!”

Esse é o slogan que define o NK Maribor, clube que carrega o nome da segunda maior cidade da Eslovênia, localizada na região da Baixa Estíria. Fundado no dia 12 de dezembro de 1960, é uma das equipes mais bem-sucedidas do país, com 15 títulos nacionais, nove Copas e quatro Supercopas. Além disso, ao lado de ND Gorica e Nogometni Klub Celje, são os únicos três times que participaram de todas as edições do Campeonato Esloveno.

Ao longo de toda sua história, o Maribor sempre foi representado pela cor roxa. No início, alguns funcionários do clube preferiam que fossem o vermelho e o branco, e o clube anterior da cidade, o MSD Branik, era alvinegro. Como todas essas cores eram bastante difundidas entre as equipes iugoslavas, como o Estrela Vermelha e o Partizan, os sócios optaram por uma nova combinação. Assim, a inspiração foi a Fiorentina, um dos clubes de maior sucesso na Europa à época.

A casa da equipe é o Stadion Ljudski vrt, construído em 1952 e com capacidade atual para pouco menos de 13 mil pessoas. O nome é uma homenagem a um parque público que ficava no local. É lá que o Maribor recebe o Olimpija Ljubljana para a disputa do Eternal Derby. A rivalidade remete à década de 1960, quando os clubes se enfrentavam na segunda divisão da Iugoslávia.

Internamente, o clube possui uma premiação chamada de The Purple Warrior. Idealizado em 2008, o troféu é dado, por meio de uma votação no site oficial da equipe, ao jogador de melhor desempenho na última temporada. Para concorrer, o atleta precisa ter atuado em pelo menos 10 partidas oficias. Entre 2011 e 2017, o centroavante brasileiro Marcos Tavares só não venceu em 2016.

Marcos Tavares
Marcos Tavares. Foto: Wikipédia

Os primórdios

O Maribor jogou sua primeira partida no dia 05 de fevereiro de 1961, quando derrotou o rival Kovinar por 2 a 1, com Stefan Tolic marcando ambos os gols. E embora as cores do time, roxo e branco, tenham sido escolhidas desde o início, o time fez sua estreia com uma combinação de verde e azul. Isso porque as camisas violeta não ficaram disponíveis a tempo para o primeiro confronto.

Naquele mesmo ano, a equipe venceu a Liga da República da Eslovênia, equivalente à terceira divisão iugoslava, que era regionalizada, e ganhou o direito de disputar os playoffs de acesso à segundona. A vaga foi garantida após vitória contra o Uljanik, da Croácia. Vladimir Simunic, que assumiu o comando técnico após a saída de Andrija Pflander por conta de uma doença, conduziria o time à elite dali a seis anos, conquistando o título da Segunda Divisão.

Maribor - Uljanik 1961
Maribor vs Uljanik em 1961. Foto: Wikipédia

A primeira partida do clube na elite iugoslava foi disputada em 1967, um empate por 1 a 1 contra o Vardar, da Macedônia. Foi nessa mesma temporada que os eslovenos viram o primeiro duelo entre duas equipes do país na primeira divisão: um 0 a 0 entre o Maribor e o Olimpija Ljubljana. Os Violetas encerrariam a Liga na 12° colocação.

Durante seus cinco anos na divisão principal, o Maribor jogou um total de 166 partidas, com 40 vitórias, 57 empates e 69 derrotas. Sua melhor colocação foi um 10° lugar dentre 18 clubes em 1969–70. A época 1971–72 foi sua última na Primeira Divisão, ficando no último lugar com apenas 20 pontos. Mladen Kranjc, um dos melhores da história do clube, foi o artilheiro do time nos cinco anos de elite, anotando um total de 54 gols. O desempenho levou à sua transferência para o Dinamo Zagreb.

NK Maribor-Partizan
NK Maribor vs Partizan em 1969. Foto: Wikipédia

O período de complicações

Em 1972–73, já na Segunda Divisão, a equipe ficou na vice colocação, indo disputar os playoffs de acesso. Na decisão contra o Proleter, acabaram eliminados. A partida de ida marcou o recorde de público em Ljudski vrt: 20 mil pessoas. O longo período entre 1973 e 1990 foi um dos mais trágicos da história do clube, incluindo um rebaixamento para a 3° Divisão em 1974–75. Em 1978–79, o Maribor chegou perto de retornar à elite, mas não conseguiu vencer os playoffs de acesso.

No final da temporada 1980–81, o Maribor comemorava ter evitado um novo rebaixamento à Liga da República da Eslovênia. Foi quando o escândalo Ball emergiu. O clube tinha um fundo secreto que era usado para subornar árbitros e oponentes. As autoridades descobriram que a equipe havia subornado 31 pessoas. Por decisão do comitê disciplinar da Federação de Futebol Iugoslava, o Maribor foi rebaixado à Terceira Divisão. Após o episódio, o time ficou oscilando entre o terceiro e o segundo níveis até a independência da Eslovênia em 1991.

Com a Eslovênia se tornando um país livre, o Maribor ingressou na recém-criada liga do país, disputando a temporada inaugural em 1991–92. O clube foi um dos fundadores em conjunto com o Celje. Ambos competem na elite desde a sua criação. Nas quatro primeiras épocas, o Olimpija Ljubljana dominou. No entanto, os Violetas bateram o rival na decisão da primeira edição da Copa da Eslovênia, vencendo nos pênaltis por 4 a 3. Venceriam também a terceira diante do Mura na final.

Estádio Ljudski vrt
Panorâmica do Estádio Ljudski vrt. Foto: Wikipédia

Vida nova

Nas primeiras edições da Liga, o máximo que o Maribor conseguiu foi o vice nas temporadas 1991–92, 1992–93 e 1994–95. O primeiro título só veio em 1996–97, acompanhado da Copa, vencida ante o Primorje. A primeira conquista foi um ponto de virada na vida dos Violetas. Eles seriam campeões nacionais nas próximas seis temporadas, conseguindo um histórico heptacampeonato. Nesse período, a Copa seria ganha outras três vezes.

Sob o comando de Bojan Prasnikar, o clube alcançou a fase de grupos da Champions League 1999–00 pela primeira vez na história. Enfrentando Lazio, Dínamo de Kiev e Bayer Leverkusen, acabaram ficando no último lugar. A única vitória veio diante do Dínamo, na Ucrânia, por 1 a 0, com gol marcado por Simundza. A Copa da Eslovênia de 2003–04 foi o último troféu do Maribor antes da nova fase de complicações. Entre 2004 e 2007, atormentado por problemas financeiros, o clube beirou a falência. As dívidas só foram pagas integralmente em 2011.

Sem poder contratar, o elenco era repleto de jovens jogadores. Nesse período, o clube nunca terminou acima do terceiro lugar na Liga, além de dois vices na Copa. O único momento de alegria foi a conquista de seu único título europeu, a Copa Intertoto de 2006. A equipe eliminou UE Sant Julià, de Andorra, FK Zeta, da antiga Sérvia e Montenegro, antes de derrotar o Villarreal em uma das finais da região Sul-Mediterrânica.

Em 10 de maio de 2008, o Maribor reabriu o renovado Ljudski vrt, que havia passado os últimos 20 meses em reforma. O estádio se mostrou essencial na virada de vida do clube: na temporada 2008–09, título da Liga. Na seguinte, Copa e Supercopa. O técnico Darko Milanic se tornou o primeiro a conquistar os três títulos em seus primeiros dois anos de comando. Na época 2010–11, com a equipe comemorando o aniversário de 50 anos, o nono título esloveno foi vencido, além do vice na Copa e na Supercopa.

Maribor
Jogadores do Maribor celebrando o título de 2011. Foto: Wikipédia

Consolidação da hegemonia

Em 2011–12, o clube alcançou a fase de grupos da Europa League. Diante de Club Brugge, Braga e Birmingham, os Violetas somaram apenas um ponto. No entanto, a décima Liga foi ganha com o recorde de 85 pontos. O título veio após um 8 a 0 contra o Triglav Kranj. Além dele, mais uma Copa. Foi a terceira vez que o Maribor conseguiu fazer a dobradinha, que ainda seria coroada com a conquista da Supercopa.

No início de 2012–13, a equipe jogou sua quarta final consecutiva de Supercopa. Conseguiram o bicampeonato após derrotar o rival Olimpija Ljubljana. A 11° Liga foi confirmada em 11 de maio de 2013, de novo em cima dos arquirrivais. Assim como na temporada passada, derrotaram o Celje e venceram mais uma Copa da Eslovênia.

Em 2013–14, o Maribor conseguiu passar da fase de grupos da Europa League pela primeira vez. Acabariam eliminados na primeira rodada de mata-mata pelo futuro campeão Sevilla. Na época seguinte, alcançou os grupos da Champions pela 2° vez. Só conseguiu três pontos contra Chelsea, Schalke 04 e Sporting Lisboa. Porém, em casa, a Liga e a Supercopa foram garantidas mais uma vez.

Na temporada 2015–16, o time não venceu o Campeonato Esloveno pela primeira vez desde 2009–10. Terminou em segundo, atrás do rival Olimpija Ljubljana. Na Copa, a nona conquista, derrotando o Celje na final. Depois, seria vice da Supercopa. Após o 14° título nacional em 2016–17, o Maribor chegou à fase de grupos da Champions. Junto de Spartak Moscou, Sevilla e Liverpool, somou apenas três pontos, além de sofrer um 7 a 0 dos ingleses. Nessa mesma época, acabaria perdendo a Liga para o Olimpija pela regra do confronto direto. Os Violetas também seriam eliminados pelo rival nas quartas da Copa. Foi a primeira vez que o time não chegou às semifinais da competição desde 2002–03.

A temporada 2018-19 foi a última com alguma conquista. O 15° título esloveno veio com sobras, nove pontos à frente do vice. O técnico do time, Darko Milanic, conquistou seu sexto troféu da Liga, tornando-se o mais bem-sucedido da elite do país. O clube ainda foi vice da Copa, o que evitou a sua quinta dobradinha na história.

Darko Milanič
Darko Milanič. Foto: Wikipédia
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Dyego Lima

Jornalista formado pela UFRN. Aficionado por esportes. Futebol principalmente, mas não somente.Made in Universidade do Esporte! 

Como citar

LIMA, Dyego. A ascensão do Maribor. Ludopédio, São Paulo, v. 145, n. 48, 2021.
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