A breve história dos clubes franceses em decisões de Champions League

Não é habitual ver um time francês na final do principal torneio do futebol europeu. O Paris Saint-Germain é apenas o quinto a alcançar essa fase. Antes do dinheiro catari montar o esquadrão que levou o PSG à decisão com Neymar, Mbappé, Di Maria e companhia, entre clubes franceses, apenas o Olympique de Marseille levantou a taça.
Mais do que isso, o histórico francês em decisões de Champions League é breve. Apenas Reims, Saint-Étienne, Olympique de Marseille e Monaco e agora o Paris Saint-Geramain disputaram decisões continentais.
Apesar das poucas visitas às decisões, os clubes franceses começaram bem. Pelo menos um time conseguiu representar a França nos primeiros anos da competição europeia e chegou logo à primeira final continental da história.

Reims, pioneiro e duas vezes vice
O Stade Reims se colocou entre as principais forças do futebol francês, após o término da Segunda Guerra. E não foi uma fase passageira: por quase 20 anos, o Reims dominou o futebol local e deu trabalho aos adversários dos países vizinhos.
Os grandes responsáveis pelo sucesso do bom Reims dos anos 1950 eram Raymond Kopa e Just Fontaine, dois dos maiores jogadores da história francesa. O time vivia seu melhor momento quando a Copa dos Clubes Campeões Europeus foi criada em 1956— a Liga dos Campeões foi criada apenas em 1992 e substituiu a antiga competição.
Nesse contexto, o Stade Reims chegou à primeira decisão da Copa dos Clubes Campeões Europeus contra o Real Madrid. E antes dos 10 minutos de jogo abriu 2 a 0, mas não suportou o grande time madridista, levou a virada por 4 a 3 e ficou com o vice.
Em 1959, o Reims teve a chance da revanche, mas novamente perdeu, dessa vez por 2 a 0, e viu o Real Madrid conquistar o tetracampeonato da Copa dos Campeões nos primeiros quatro anos de competição.

Saint-Étienne, o time que parou na trave alemã

A decadência do Stade Reims no final dos anos 1950 abriu espaço para que novas forças surgissem no futebol francês. No início dos anos 1970, o Saint-Étienne ocupou essa lacuna e passou a dominar o cenário futebolístico na França.
Eram outros tempos de um futebol ainda não globalizado. Para se ter uma ideia, o Bayern de Munique, adversário do time francês, tinha somente alemães no elenco e o Sanint-Étienne tinha apenas um estrangeiro, o zagueiro argentino Osvaldo Piazza.
No dia 12 de maio de 1976, no Hampden Park, em Galsgow, o gol solitário de Roth adiou mais uma vez o sonho francês de vencer a competição continental. Durante a partida, os franceses ainda acertaram a trave de Sepp Maier em duas oportunidades, mas o 1 a 0 se manteve até o apito final.

Olympique de Marseille, duas chances para a glória
Quase 15 anos depois da última vez em que um clube francês visitou a decisão continental, quando o Olympique de Marseille alcançou a final de 1991.
O adversário foi o sérvio Estrela Vermelha, também um clube sem muito costume na competição e juntos protagonizaram uma decisão “fora do eixo”. Com a recente queda da União Soviética, o embate tinha um aspecto político, pois opunha times que representavam os lados socialista e a capitalista do continente.
Porém, o Olympique havia montado um timaço no final dos anos 1980 e contava com craques como Abedi Pelé, Diallo, Förster, Allofs, Papin, Cantona, Deschamps, Francescoli, Mozer, Stojkovic, Desailly, Barthez, Völler entre outras estrelas que passaram pelo clube entre 1988 e 1993.
No dia 29 de maio de 1991, no estádio San Nicola, em Bari na Itália, Marseille e Estrela Vermelha empataram sem gols e nas penalidades, os sérvios frustaram mais uma vez a conquista dos franceses.
Apenas duas temporadas depois, em 1993, o Olympique de Marseille chegou novamente à decisão e teve sua segunda chance na conquista do continente.
Se em 91 o título não foi para a França mesmo contra um time sem tradição continental, dessa vez contra o poderoso Milan, um dos mais vencedores num grande centro do futebol mundial, é que o Marseille não seria favorito. No entanto, contra todas as expectativas, o Olympique de Marseille bateu o time de Fábio Capello por 1 a 0 e conquistou a inédita e ainda hoje, única Champions League de um time francês.

Monaco: após a campanha fantástica, mais um vice
Outro intervalo de década para que os franceses fossem à decisão novamente. Mais um clube estreante em finais e contra outro clube sem tanta tradição na Champions. O Monaco de 2004 era dirigido por Didier Deschamps, então em seu primeiro trabalho como treinador e conduziu um bom time que impressionou por resultados expressivos na primeira fase.
Porém, o técnico do Porto, adversário na decisão, também era um desconhecido, mas que a partir daquela partida se lançaria para uma carreira de sucesso. José Mourinho conduziu o time português a sua primeira conquista na Champions League e deixou o Monaco com o vice.
Em Gelsenkirchen, na Alemanha, o Porto foi superior durante os 90 minutos e venceu sem dificuldades por 3 a 0. Como se fosse uma sina, mais uma vez os franceses não comemorariam.

Paris Saint-Germain: vice mesmo com Neymar e 1 bilhão de euros do Catar
Desde 2011, quando a Qatar Sports Investiments comprou o clube francês, o PSG recebe injeções de dinheiro que somam mais de 1 bilhão de euros. Apenas a compra de Neymar do Barcelona custou mais de 220 milhões de euros e fez do brasileiro o jogador mais caro da história do futebol mundial.
Nasser Al-Khelaïfi é o presidente do clube e não mede esforços financeiros para fazer o PSG alcançar o mais alto posto do futebol europeu. Enfim, em 2020 o time parisiense chegou à decisão, mas encontrou o Bayern de Munique mais inspirado dos últimos anos.
Os alemães imbatíveis fizeram uma campanha perfeita até a final e bateram o Paris Saint-Geramain por 1 a 0, com requintes de crueldade pelo gol de Coman, cria das categorias de base do clube e que foi desprezado justamente pela política de compra de medalhões.
Este ano foi a primeira vez que dois clubes franceses alcançaram a semifinal na mesma edição, Lyon e PSG poderiam até protagonizar uma final francesa.
Em 65 edições de Champions League, o futebol francês esteve presente em apenas seis finais, com cinco equipes diferentes e conquistou somente uma taça, há mais de 25 anos. A derrota do PSG ainda evitou um feito inédito do futebol do Brasil: nunca um capitão brasileiro levantou o troféu mais cobiçado entre clubes. É um desempenho baixo no cenário continental para um país bicampeão do mundo de seleções.