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A embarcação Sport Club “Caosrinthians” Paulista ensina como não enfrentar uma tempestade

Gabriel Bernardo Monteiro 7 de junho de 2023

O tempo é algo relativo e deveras engraçado. Se pegarmos para analisar que do meu último texto para esse que inicio agora, passaram no comando do Sport Club Corinthians Paulista quatro treinadores (Lázaro, Cuca, Danilo e Luxa). Esse dado pode trazer a falsa impressão de que estou afastado do Camisa 012 a pelo menos dois anos, levando em consideração a média de treinadores brasileiros no comando dos clubes. Mas não, simples e puramente eu estou a apenas dois meses sem escrever por aqui e nesse curto período, o caos se instaurou e se incorporou ao Corinthians, que nos últimos meses poderia tranquilamente ser chamado Caosrinthians (com o perdão do trocadilho).

Se existe um dito popular que fala que Mar calmo não faz bom marinheiro, podemos dizer que a chegada de um ciclone extratropical abalou tanto as estruturas do Navio Parque São Jorge, que o aprendiz de marinheiro foi o primeiro a cair, logo após a pior atuação coletiva do clube nos últimos 10 anos. Logo na sequência, o dono do navio decidiu que seria uma boa ideia trazer um capitão experiente, mas com um passado repugnante ao comando do navio, algo que todo mundo sabia que geraria uma crise gigantesca, menos ele, o homem que vive no seu próprio multiverso, diretamente do fantástico mundo de Duílio Monteiro Alves.

A empreitada de Cuca durou 6 dias, 1 vitória e 1 derrota e um BELISSIMO posicionamento da equipe feminina, que ajudou a derrubar a pior escolha para treinador dos últimos 20 anos. Na sequência, enquanto buscava uma nova opção para tentar salvar o navio do naufrágio que parecia cada vez mais certo no horizonte, Danilo, que era o treinador de futuros tripulantes, assumiu o comando da roda do leme e tentou conduzir o clube no Derby, algo que claramente não funcionou e que rendeu mais uma derrota e chacota contra o maior rival, que hoje consta com um navio de grande porte, um capitão de alto nível e tripulantes no auge da forma. Mas que apesar de tudo isso, não conseguem dar a volta ao mundo.

Corinthians
Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians/Fotos Públicas

Assim, como um grande estrategista e com muita convicção de todas as decisões que toma, nosso grandioso presidente achou que seria uma bela oportunidade de reviver um dos maiores capitães da história náutica do país, mas que a anos não conduzia um navio com qualidade. Indo na mais profunda das tabernas brasileiras, prestes a entrar na política nacional e abraçado a uma garrafa de rum, Vanderlei Sparrow Luxemburgo é o escolhido do presidente, assume o comando do navio e encontra diversos de seus tripulantes sentados em meio a tempestade, alguns saboreando um belo banquete, alisando um saliente abdômen enquanto a água começa a adentrar o navio e o naufrágio parece certo. Com muito carisma e ousadia, nosso capitão conseguiu afundar o barco até as velas para descobrir algo que todos que gostam do navio já sabiam a pelo menos 1 ano: os melhores tripulantes não eram os que estavam na superfície, mas sim os que estavam na parte interna do navio, sem muitas funções, mas lotados de energia.

Foram duas louváveis atuações, que não sabemos ainda se será uma recuperação da embarcação ou apenas um suspiro antes do naufrágio total. Também não sabemos o que esperar do velho comandante, que continua insistindo que o mar aumentou 16m (e tem certa razão sobre isso). O que podemos fazer é acompanhar e torcer para que esse navio, que ninguém sabe como está de pé ainda, não afunde nossos sonhos durante a viagem.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Gabriel Bernardo Monteiro

Graduado em Educação Fisica pela Universidade Estadual de Campinas

Como citar

MONTEIRO, Gabriel Bernardo. A embarcação Sport Club “Caosrinthians” Paulista ensina como não enfrentar uma tempestade. Ludopédio, São Paulo, v. 168, n. 7, 2023.
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