Foram com essas palavras frias que Liliana Ripoll declarou a falência do Racing Club. O motivo, dívidas superiores a 30 milhões de dólares. Era 4 de março de 1999 e a partir daquela data seria o fim de um dos mais tradicionais clubes da Argentina. Ripoll era a síndica determinada pela Justiça para administrar o processo de falência da instituição.
Assim como tantos clubes brasileiros, o Racing foi vítima de péssimas administrações de seus cartolas, em especial de Daniel Lalín, presidente do clube entre 1997 e 1999. Sob grave crise financeira, Lalin chegou ao cúmulo de promover uma sessão de exorcismo para afastar “os maus espíritos” do clube. E, de forma inacreditável, 15 mil torcedores de La Academia – como o clube é popularmente conhecido – ainda participaram do tal “ato de fé”.
Em 10 de julho de 1998, Lalín decretou a bancarrota do Racing alegando que era a única forma do clube sobreviver. Por fim, no fatídico 4 de março de 1999, a Câmara de Apelações de La Plata determina a liquidação imediata do time. O Racing Club de Avellaneda estava oficialmente dissolvido.
Lalin ainda tenta se pronunciar frente a irritados e incrédulos torcedores do Racing. Só recebe xingamentos e é agredido com um lançamento de um bumbo que atinge seu rosto e estilhaça seus óculos. Não dava para esperar outra coisa além de protestos, raiva e desespero.
Três dias após a falência, estava marcado um jogo do Racing contra o Talleres pelo Campeonato Argentino (Clausura). Obviamente, a partida não poderia ser realizada. Um dos times deixara de existir.
“A única coisa que peço é que o Racing siga existindo. Nada mais. É minha vida, a vida de minha filha, a vida de minha senhora, de minha avó. É tudo para mim. E se Racing não mais existir, para mim vai existir para toda minha vida, porque irei morrer sendo Racing”
Ironicamente, dois anos depois da solvência, o Racing voltava a ser campeão nacional (após 35 anos) no pior momento da história argentina com o calote na dívida externa de 2001. No final o Racing se transformou em uma prévia do que aconteceria logo na sequencia no próprio país: quebrou, mas de alguma forma tem que seguir adiante.