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A história centenária do Vasco em Jogos Olímpicos (1920 – 2021) – Parte 3

Neste terceiro capítulo sobre os 100 anos do Vasco em Jogos Olímpicos falaremos sobre o período entre 1972 até 1996. Assim como nos períodos anteriores, o Vasco continuou tendo um papel relevante no cenário esportivo nacional. Levou atletas do futebol, remo, saltos ornamentais e fez história com a seleção feminina de 1996 em Atlanta.

Na edição de 1972, o Vasco enviou o garoto Roberto Dinamite para péssima campanha olímpica. Vale lembrar que o garoto quase não foi para os jogos devido à uma fissura no perônio. O Brasil foi o último colocado num grupo com Irã, Dinamarca e Hungria. Perdeu para o Irã por 1 a 0, perdeu para Dinamarca por 3 a 2 e empatou em 2 a 2 com a Hungria.

Roberto Dinamite
Roberto Dinamite na seleção olímpica de 1972. Foto: Arquivo Nacional
Em 1976, o Vasco teve um representante que cresceu no clube: Milton Jorge, dos saltos ornamentais, o saltador chegou ao clube com apenas 6 anos de idade. No Vasco fez natação, ginástica e no final foi para os saltos ornamentais. Era filho do grande benemérito Milton da Silva Braga, que ajudou em campanhas presidenciais da década de 70 o candidato Agathyrno da Silva Gomes. Agathyrno foi o presidente que acabou com um tabu de 11 anos sem títulos do clube no Campeonato Carioca. Também levou o remo do Vasco a ser vencedor tornando o Vasco o “Campeão de Terra e Mar”.

Outro representante vascaíno nas olimpíadas foi Rui da Silva, que quebrou um jejum de 20 anos sem a presença de um brasileiro na final dos 200 metros. Além de Rui da Silva, o Vasco também enviou o seu irmão para os Jogos Olímpicos de Montreal: Dalmo da Silva.

Jornal dos Sports (RJ) contando sobre a classificação do vascaíno Rui da Silva para os Jogos Olímpicos de Montreal
Jornal dos Sports (RJ) contando sobre a classificação do vascaíno Rui da Silva para os Jogos Olímpicos de Montreal
Delmo e Rui da Silva: irmãos vascaínos olímpicos. Foto: Consudatle
Delmo e Rui da Silva: irmãos vascaínos olímpicos. Foto: Consudatle

Em 1980, o saltador Milton Jorge conseguiu novamente ir para os Jogos Olímpicos, mas além dele, o Vasco enviou para Moscou o corredor Milton de Castro, que foi o 8º na final do 4×100 metros com 39.54, já nos 100 metros disputou a preliminar e marcou o tempo de 10.74. O nome de Milton de Castro não é encontrado nem entre os grandes nomes do atletismo no Site Oficial do Vasco, mas é possível comprovar a sua ligação com o clube através de reportagens do Jornal do Brasil nos dias 26/02/1980 e 22/03/1980, quando o especialista dos 100 metros é citado como atleta do Vasco.

Reportagem falando sobre a preparação dos atletas brasileiros na Europa para os Jogos Olímpicos de Moscou (Jornal do Brasil)
Reportagem falando sobre a preparação dos atletas brasileiros na Europa para os Jogos Olímpicos de Moscou. Fonte: Jornal do Brasil

Em 1984, poucos meses antes de iniciar os Jogos Olímpicos, o Vasco contratou o medalhista de bronze (Moscou, 1980) Cyro Delgado que havia deixado o Fluminense após o seu técnico Ricardo Moura ser demitido. O atleta que conseguiu a medalha de bronze em Moscou ainda descolou o patrocínio da Francisco Xavier Imóveis.

Reportagem sobre a contratação do medalhista olímpico Cyro Delgado em 1984 (Jornal do Brasil)
Reportagem sobre a contratação do medalhista olímpico Cyro Delgado em 1984. Foto: Jornal do Brasil
Projeto Olímpico de Natação do Vasco em 1984 (Jornal do Brasil)
Projeto Olímpico de Natação do Vasco em 1984. Fonte: Jornal do Brasil

Na Olimpíada de Los Angeles, o Vasco poderia ter enviado mais dois atletas: Octávio Bandeira e Waldemar Trombetta. No entanto, os dois atletas do remo que haviam trocado recentemente o Flamengo pelo Vasco foram prejudicados pelo próprio técnico da seleção brasileira, que tinha ligações com o Flamengo e emprestou um barco de fibra para os argentinos, enquanto os vascaínos competiram nas eliminatórias do sul-americano com um barco de madeira.

Os remadores do Vasco acabaram não conseguindo o índice olímpico por conta da rivalidade entre os dois clubes. Na época, o vice-presidente de Remo do Vasco chegou a pedir a renúncia de Renato Borges da presidência da Confederação Brasileira de Remo.

Nos Jogos Olímpicos de 1988, o Vasco que havia sido prejudicado em 1984 conseguiu enviar inúmeros remadores, entre eles: Waldemar Trombetta, o mesmo da história do barco de madeira 4 anos antes. Waldemar fez carreira como atleta e técnico no Vasco. Em 2014, chegou a ser campeão master pelo Vasco integrando a comissão técnica, assim como Oswaldo Kuster, que é uma lenda viva do clube e até hoje integra a comissão técnica vascaína do Remo. Oswaldo Kuster que tem mais de 40 anos de Vasco participou das Olimpíadas de 1988 e 1996. Outro nomes relevantes são de Fernando Fantoni e Marcos Arantes.

Em 1988, o Vasco também enviou os irmãos Ricardo e Ronaldo de Carvalho, que disputaram na carreira três olimpíadas. Um detalhe interessante dos irmãos é que eles foram os últimos remadores brasileiros a conquistar uma medalha de ouro pan-americana, em Indianápolis-1987. Na época, ambos eram atletas do Vasco.

Irmãos Ronaldo e Ricardo Carvalho: últimos brasileiros a ganharem medalha de ouro em jogos pan-americanos. Foto: Revista do Vasco
Irmãos Ronaldo e Ricardo Carvalho: últimos brasileiros a ganharem medalha de ouro em jogos pan-americanos. Foto: Revista do Vasco
Ricardo Carvalho: atleta olímpico do Vasco em 1988 (Jornal dos Sports)
Ricardo Carvalho: atleta olímpico do Vasco em 1988. Fonte: Jornal dos Sports

No futebol, o Vasco também enviou os seus representantes. E foi um trio de peso: Romário, Geovani e Mazinho. Destaque para o baixinho Romário que foi o artilheiro dos Jogos Olímpicos com 7 gols. O Brasil levou medalha naquela edição. Em 1992, não foi encontrado o registro de nenhum atleta vinculado ao Vasco.

Nos Jogos Olímpicos de 1996, foi a primeira que o futebol feminino foi incluído. E as atletas vascaínas fizeram bonito. Aliás, o clube era uma força neste período. Foi hexacampeão carioca entre 1995 a 2000 e tetra campeão da Taça Brasil (1993, 1994, 1995 e 1997). O clube enviou: Meg, Marisa,  Leda Maria, Pretinha, Fanta e Suzy.

O Vasco chegou a ter 7 jogadores convocadas para a preparação dos jogos, porém a atleta Russa acabou sendo cortada da lista final.

Matéria falando sobre as jogadoras convocadas para preparação do Brasil nas Olimpíadas (Foto: Jornal do Brasil)
Matéria falando sobre as jogadoras convocadas para preparação do Brasil nas Olimpíadas. Fonte: Jornal do Brasil

A destaque dos Jogos Olímpicos de Atlanta foi a vascaína Pretinha, que também jogava no futsal do Vasco. A craque foi artilheira dos Jogos Olímpicos com 4 gols e quase deu a medalha para seleção canarinho. Na semifinal, a seleção feminina pegou a China e chegou a estar vencendo por 2 a 1 até os 38 minutos do segundo tempo, mas acabou tomando o empate e a virada nos acréscimos. Na disputa pelo bronze, o Brasil perdeu para Noruega, que era campeã mundial, por 2 a 0. Um dado curioso é que o Vasco teve artilheiros tanto no masculino, quanto no feminino em Jogos Olímpicos (Pretinha e Romário).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Gustavo Dias

Torcedor Santista e professor de Sociologia na Universidade Estadual de Montes Claros.

Como citar

DIAS, Gustavo. A história centenária do Vasco em Jogos Olímpicos (1920 – 2021) – Parte 3. Ludopédio, São Paulo, v. 147, n. 38, 2021.
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