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A história do Dínamo Tbilisi

Dyego Lima Universidade do Esporte 11 de abril de 2021

Fundado em 1925, o Dínamo é pertencente à cidade de Tbilisi, capital da Geórgia. Antes de o país se tornar independente, o clube foi uma das principais instituições futebolísticas da antiga União Soviética, estando quase sempre competindo na principal divisão, a Top League, estabelecida em 1936. Fez parte de uma das principais sociedades esportivas da URSS: a All-Union Dynamo. Ela abrigava outros esportes além do futebol, sendo patrocinada pelo Ministério Soviético de Assuntos Internos.

Foi uma das equipes mais bem-sucedidas da extinta Liga Soviética. Ao lado dos Dínamos de Kiev e Moscou, nunca foram rebaixados. Seu técnico mais famoso foi Nodar Akhalkatsi, que liderou o clube nos títulos da Liga da URSS de 1978, das Copas do país em 1976 e 1979, além do título da Cup Winner’s Cup de 1981. Ele também foi um dos assistentes-técnicos da Seleção Soviética na Copa do Mundo de 1982.

O Tbilisi é o único clube da Geórgia que conquistou um título europeu. Foi também um dos responsáveis por desenvolver alguns dos principais jogadores soviéticos, como Boris Paitchadze, Slava Metreveli, David Kipiani e Vladimir Gutsaev. Após a dissolução da União Soviética, com a Geórgia tornando-se independente, também produziu alguns dos grandes nomes do país, tais como Temur Ketsbaia, Kakhaber Kaladze e Levan Kobiashvili. O time é o maior campeão da Liga Georgiana, com 18 conquistas, e da Copa, com 13.

A casa do Tbilisi é a Boris Paichadze Dinamo Arena, inaugurada em 1976 e com capacidade para pouco mais de 54 mil torcedores, o que a torna um dos maiores estádios da Europa Oriental. Maior palco da Geórgia, também é utilizado pelas seleções de futebol e rugby. Enquanto o país ainda era parte da URSS, a arena carregava o nome de Vladimir Ilyich Lenin Dinamo Stadium. Após a independência, foi contemplada com a atual nomenclatura.

Boris Paichadze Dinamo Arena
Boris Paichadze Dinamo Arena. Foto: Wikipédia

O grande início

O Dínamo Tbilisi surgiu do desejo da Dynamo Sports Society em criar um clube de futebol, mesma época em que o esporte se tornava um dos mais populares do mundo. No começo, sem uma Liga dentro do território que hoje se conhece por Geórgia, os times apenas disputavam amistosos entre si. Com o sucesso do clube na metade dos anos 1930, a Federação de Futebol da URSS decidiu colocar o Tbilisi na First League, a segunda divisão do país. Vitórias contra o Dínamo Moscou e o Dínamo Leningrad credenciaram o time a disputar a elite. Já em 1936, a equipe acabou sendo vice da Copa Soviética após perder para o Lokomotiv Moscou por 2 a 0.

O primeiro grande sucesso veio em 1964, com a conquista da Liga após passar as últimas 14 partidas sem nenhuma derrota, com nove vitórias e cinco empates. Ao final do campeonato, o Tbilisi estava empatado em pontos com o Torpedo Moscou. Um jogo extra foi realizado entre os clubes em Toshkent, capital do Uzbequistão. Após vitória do Dínamo por 4 a 1, a torcida apelidou os jogadores de “Golden Guys”. Na época, a France Football, renomada revista francesa, escreveu:

“Dínamo tem grandes jogadores. A sua técnica, competência e intelecto de jogo permitem-nos nomeá-los os melhores representantes orientais das ‘tradições do futebol sul-americano’. Se o Dínamo fosse capaz de participar da Taça dos Campeões Europeus, nós temos certeza, ele traria ao fim a hegemonia dos clubes hispano-italianos”.

No entanto, nenhuma equipe soviética apareceu na competição naquela época.

Semifinal entre Dinamo Tbilisi e Feyenoord na European Cup Winners’ Cup de 1981. Foto: Wikipédia

O despontar europeu

A primeira aparição europeia do clube aconteceu na Copa Uefa de 1972, contra o Twente, da Holanda. Na partida de ida, em casa, vitória por 3 a 2. Na volta, derrota por 2 a 0 e desclassificação na bagagem. Em 1976, Nodar Akhalkatsi foi escolhido para ser técnico da equipe. Foi sob seu comando que o Tbilisi conquistou seus melhores resultados. A equipe ficou conhecida como “The Great Team” entre 1976 e 1982, tudo por conta do estilo de jogo caracterizado pela mobilidade, velocidade e técnica.

Foi ainda em 1976 que o time venceu a sua primeira Copa Soviética. Uma vitória por 3 a 0 contra o Ararat Yerevan, da Armênia, com gols de David Kipiani, Piruz Kanteladze e Revaz Chelebadze. Em 1978, a Liga foi vencida pela segunda vez. No ano seguinte, vitória contra o Dínamo Moscou e mais um título da Copa. Em 1979, o Tbilisi jogou sua primeira Copa dos Campeões. Na primeira rodada de eliminatórias, o adversário foi o Liverpool, uma das equipes mais fortes da Europa à época. Depois de perder em Anfield por 2 a 1, uma vitória confortável em casa por 3 a 0, garantiu a “zebra” e a classificação. O adeus acabou vindo na fase seguinte para o Hamburgo, então campeão alemão. Naquela década, o Dínamo eliminou algumas fortes equipes em competições europeias, como a Inter de Milão e o Napoli.

1981 European Cup Winners' Cup
Programa da final Dinamo Tbilisi x Carl Zeiss Jena em 1981. Fonte: Wikipédia

O grande momento do Tbilisi aconteceu no início da década de 1980, com a conquista do título da Cup Winner’s Cup de 1981. Eliminando Kastoria, da Grécia, Waterford, da Irlanda, West Ham e Feyenoord, o clube ganhou o direito de disputar o título contra o Carl Zeiss Jena, da Alemanha Ocidental. Em final disputada no dia 13 de maio, no Rheinstadion, em Düsseldorf, o Dínamo venceu por 2 a 1, com gols de Gutsaev e Daraselia, e levou a taça. A formação titular era composta por: Gabelia; Kostava, Chivadze, Khizanishvili e Tavadze; Svanadze, Sulakvelidze e Daraselia; Gutsaev, Kipiani e Shengelia. Na temporada seguinte, a equipe chegou à semi da mesma competição, mas foi eliminada pelo Standard Liège, da Bélgica.

Antes do domínio, a seca

Em 1983, a crise chegou ao clube. Campanhas ruins na Liga e na Copa aconteceram. Até 1989, a Copa da Uefa de 1987–88 foi a única aparição do clube no cenário europeu. No dia 27 de outubro de 1989, o Tbilisi jogou sua última partida na Top League Soviética. O adversário foi o Dínamo de Kiev, o mesmo de seu primeiro jogo. Curiosamente, o resultado também foi igual: 2 a 2.

Em 1990, a Federação de Futebol da Geórgia recusou a participação de seus clubes no campeonato soviético. Foi nesse período que o Dínamo mudou seu nome para Iberia Tbilisi. Isso não agradou aos torcedores, e a antiga nomenclatura voltou já em 1992. No dia 30 de março de 1990, o clube jogou a sua primeira partida no Campeonato Nacional da Geórgia, a Erovnuli Liga. A estreia foi ruim: derrota por 1 a 0 para o Kolkheti Poti. Apesar do revés, a equipe se recuperou, e foi campeã com apenas quatro derrotas e 78 pontos somados. O Tbilisi estabeleceria uma hegemonia impressionante, conquistando os próximos nove campeonatos nacionais.

Em 1993, a equipe jogou a sua primeira partida internacional oficial representando a Geórgia independente. Na fase prévia da Champions League, o clube venceu por 2 a 1, em casa, o Linfield, da Irlanda do Norte. Arveladze e Inalishvili marcaram. Na volta em Belfast, empate por 1 a 1. Entretanto, o Tbilisi acabou sendo desclassificado por uma tentativa de suborno ao árbitro na partida de ida. O clube acabou sendo suspenso das competições da Uefa por dois anos.

No início dos anos 2000, Badri Patarkatsishvili, famoso empresário georgiano, comprou o clube. Em 2003, Copa e Liga foram conquistadas. No ano seguinte, sob o comando do croata Ivo Susak, o Dínamo venceu a Commonwealth of Independent States Cup (CIS Cup), um torneio entre os campeões nacionais dos países que formavam a antiga União Soviética. Vitória por 3 a 1 na final contra o Skonto, da Letônia. A equipe ainda venceria a Liga da Geórgia em 2005 e 2008, e a Copa em 2009.

Em janeiro de 2011, o Tbilisi foi comprado pelo empresário Roman Pipia. O novo dono logo tratou de modernizar o clube, desde a estrutura do centro de treinamento, até o estádio. O Dínamo conquistaria a dobradinha Liga-Copa nos anos de 2013, 14 e 16. A equipe é a atual bicampeã da Geórgia. O título da última temporada veio com a marca de 40 pontos conquistados em 18 jogos. Por conta da interrupção causada pela pandemia da COVID-19, o torneio foi disputado com somente metade das rodadas previstas. Foram 12 vitórias, quatro empates e duas derrotas, fazendo com que o time encerrasse o campeonato com quatro pontos de vantagem sobre o Dínamo Batumi.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Dyego Lima

Jornalista formado pela UFRN. Aficionado por esportes. Futebol principalmente, mas não somente.Made in Universidade do Esporte! 

Como citar

LIMA, Dyego. A história do Dínamo Tbilisi. Ludopédio, São Paulo, v. 142, n. 22, 2021.
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