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A renovação do Red Bull Bragantino – Visão de um torcedor

Jeterson Santos 23 de março de 2022

No ano de 2019, mais precisamente no dia 23 de Abril, a Red Bull e o Clube Atlético Bragantino anunciaram uma parceria, onde a empresa austríaca passaria a gerir o departamento de futebol do clube, o tornando um clube-empresa. Acredito que a “fusão” entre a empresa de energéticos e o time do interior paulista foi boa para ambos os lados. Para a Red Bull, pois, mesmo fazendo boas campanhas no Campeonato Paulista com a equipe do Red Bull Brasil, quando se tratava de campeonatos nacionais, ela não conseguia alcançar grandes feitos e, também, para o Bragantino, já que, mesmo estando na Série B do Campeonato Brasileiro, a meta do time era a mesma todo ano: lutar para não cair, até porque o clube havia acabado de conseguir o acesso da Série C no ano anterior e, com a realidade financeira do clube, não tinha tanto dinheiro para investir em boas contratações.

Red Bull Bragantino

Mas como eu, torcedor fanático da equipe de Bragança Paulista, e morador da cidade, recebi esta notícia? Sinceramente, eu apoiava essa parceria desde antes mesmo dela se concretizar. Primeiramente que o meu maior medo, como torcedor do Massa Bruta, era que o clube “saísse do mapa do futebol”. Temos vários exemplos de clubes do interior do estado de São Paulo que já chegaram a despontar no cenário nacional no passado e que, atualmente, não vêm mais disputando grandes campeonatos. Segundo que, mesmo sabendo que a situação financeira do clube não era muito boa, tinha o sonho de ver o time voltando à elite do Campeonato Nacional, fazendo frente às equipes consideradas grandes e, além disso, brigando por vaga em campeonatos internacionais, ainda mais eu que não cheguei a presenciar os “Anos Dourados” que o antigo Clube Atlético Bragantino teve nos anos 90. Então, tudo que parecia ser um sonho distante, agora, poderia se tornar realidade.

Hoje, em 2022, posso dizer que tudo aquilo que idealizei há três anos com essa parceria já se tornou realidade e, além disso, superou as minhas expectativas, pois as coisas aconteceram muito rapidamente: no mesmo ano em que o clube-empresa foi criado, já conseguiu o acesso da Série B para a Serie A do Brasileirão e, ainda mais, sendo campeão; no primeiro ano de volta à elite já conquistou uma vaga para a Copa Sul-americana; voltando a disputar um campeonato internacional, após 25 anos, já conseguiu o vice-campeonato; no segundo ano da parceria, em 2021, já conquistou uma vaga direta para a fase de grupos da Conmebol Libertadores de 2022. Sem contar as melhorias que fizeram no estádio, que ainda vai passar por uma grande reforma para se tornar Arena, e o plano de sócio torcedor que dá vários benefícios aos associados.

Red Bull Bragantino
Foto: Divulgação/RB Bragantino

Por outro lado, a empresa que agora é dona do clube, vem fazendo algumas alterações naquilo que era tradicional da equipe. Alguns exemplos disso são: a mudança do antigo escudo para o escudo padrão da empresa; a implementação do calção vermelho no uniforme número 1; destaques às cores azul e vermelho em tudo que é produzido e vendido, atualmente, pelo clube como camisas, bandeira, acessórios, entre outros produtos, além do alto preço que são cobrados por eles. Por isso, acredito que a Red Bull acabou apagando algumas características que eram muito tradicionais do clube para impor as suas, porém, tais alterações, infelizmente, já eram esperadas.

Portanto, se tratando de futebol, não me arrependo, nem um pouco, de ter apoiado essa “fusão”, já que, sem ela, não posso imaginar como estaria o Bragantino atualmente e quais campeonatos estaria disputando mesmo que, lamentavelmente, para que isso pudesse acontecer, o clube tivesse que passar por uma reformulação tão grande em suas principais características.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Jeterson Santos

27 anos, professor de educação física. Apaixonado por futebol e carnaval.

Como citar

SANTOS, Jeterson. A renovação do Red Bull Bragantino – Visão de um torcedor. Ludopédio, São Paulo, v. 153, n. 26, 2022.
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