A síndrome de abstinência é um conjunto de sintomas e sinais físicos e psicológicos manifestados por indivíduos que diminuem ou se abstêm completamente de substâncias químicas ou hábitos arraigados. A preocupação com a saúde mental é generalizada no período de quarentena e os torcedores de futebol podem experimentar oscilações ruins de humor similares a uma síndrome de abstinência.
O status do futebol como preferência esportiva nacional e mundial é difícil de questionar. A quantidade e diversidade de torcidas e equipes do esporte e o volume de apostas na modalidade em casas de apostas de grande porte, como a Betway, são bons indicadores da magnitude dessa paixão.
No entanto, a chegada do novo coronavírus de forma pandêmica ensejou a suspensão das atividades da maioria das atividades esportivas profissionais. Como esporte de contato intenso, o futebol não escapou a essa tendência: torneios de todo o mundo foram paralisados para evitar o contágio entre os profissionais e os torcedores e ainda existem muitas dúvidas quanto ao retorno dos jogos no Brasil.
A pesquisa dos cientistas Catarina Duarte, Miguel Castelo-Branco e Ricardo Cayolla para a Universidade de Coimbra revelou, em 2017, que a reação cerebral de torcedores de futebol diante de eventos passados num jogo é similar àquela das pessoas apaixonadas.
Os estudos de imagem revelaram que a reação dos torcedores a situações protagonizadas por seus times ativava mecanismos de recompensa cerebral similares àqueles de pessoas sob o efeito de uma paixão. Quanto maior a intensidade observada de paixão pelo clube, maior era a atividade em regiões cerebrais associadas a emoções e recompensa.
Portanto, a privação súbita de uma paixão tão arrebatadora por período prolongado pode levar à percepção mais acentuada de emoções negativas. A sensação de uma rotina mais “acinzentada” é esperada enquanto o isolamento durar.
Conforme o controle do contágio vem sendo feito em países da Europa, algumas ligas do esporte por lá e em outros lugares no mundo, vem retomando gradualmente as atividades, com alterações drásticas dentro e fora das quatro linhas. Tanto as normas fitossanitárias quanto os aspectos de sociabilidade do futebol passam por transformações que não sabemos serem temporárias ou permanentes.

A Budesliga, liga alemã que voltou à atividade em fins de maio, submete seu campeonato a uma alteração de dinâmica impressionante. Além do distanciamento nos treinos e nas comemorações dos jogadores, os jogos são feitos com portões fechados e todas bolas jogadas ao campo são desinfetadas. Até a quantidade de ônibus que transportam os jogadores até os estádios foi expandida para que os jogadores possam se sentar a uma distância segura um do outro.
Torcer para o esporte também já passa por alterações. As transmissões alemãs incorporam sons simulados de torcida em estúdio e também houve o infame caso sul-coreano de uma “torcida artificial”, composta por bonecos sexuais. Alemanha e Hungria, por outro lado, aderiram às torcidas de papelão como recurso plástico para a transmissão e simbólico para os atletas em campo.
No campeonato japonês, a proposta é engajar espectadores remotos em tempo real no estádio por meio de um aplicativo. O torcedor tem diante de si algumas opções de estímulo positivo e negativo à equipe, que pode enviar para transmissão do “grito da torcida” mecanizado pelos alto falantes dos estádios.
Outra opção inusitada para apaixonados pelo esporte são os esportes eletrônicos. A hipótese de assistir a uma partida simulada, entre dois computadores, do videogame FIFA parecia esdrúxula há poucos meses. Hoje, é uma das principais modalidades que faz girar a indústria de apostas no site Betway e nas principais casas do ramo no mundo.
Nem todas as mudanças vieram para ficar, mas a estrutura profissional do esporte e a expressão do ato de torcer passam por transformações inegáveis. As soluções criativas são válidas para preservar a saúde física e mental, dentro e fora do campo.