Arthur. Nome de rei. O nome que primeiramente pensei em dar para o meu pequeno Heitor. Cujo primeiro grande amigo se chamava Arthur. Para nós, Tutu. Anos depois, quando Heitor já havia sido batizado há muito no Maraca, estavamos juntos vendo um jogo do Flamengo. Quando vimos entrar um baixinho atrevido. Um daqueles meias, antes abundantes no nosso futebol, que buscavam o passe agudo, a jogada que podia desatar o nó da defesa e explodir em gol. Mas que muitas vezes esbarrava no excesso de pernas na defesa. Ágil, bola colada ao pé esquerdo, de cabeça erguida, driblador, com visão de jogo e bom chute. Arthur Maia. Hoje descobri que seu Arthur veio da homenagem a um rei de fato, Arthur Antunes Coimbra, nosso Zico.
Maia, o sobrenome, liga-se a uma divindade romana que aponta para o florescimento, para a energia vital, para a primavera. Arthur Maia não teve tempo de florescer plenamente. Foi sempre visto como promessa, tratado como “jóia” da base no Vitória, mas sem receber uma chance efetiva. Em dois confrontos pela Copa do Brasil, jogando pelo América-RN, chamou atenção de Luxemburgo, que pediu a sua contratação. Eu e Heitor, assim como muitos rubro-negros, vimos naquele garoto abusado uma esperança de bom futebol desde o primeiro toque na bola. Teve poucas chances no Flamengo, fez apenas dois gols e recomeçou sua rotina de transferências, passando até pelo Japão antes de chegar à Chapecoense, onde novamente era reserva. Eu e Heitor, à distância, continuávamos a torcer por ele, até a tragédia acontecer.
Nunca saberemos o que iria ser da sua carreira. Nunca será convocado para a seleção brasileira. Nunca fará o gol decisivo e ouvirá a torcida cantar seu nome em mil e mil vozes. Nunca será o craque da rodada. Nunca será campeão brasileiro.
Mas para mim e Heitor será sempre sinônimo de um sonho de futebol bonito, de futebol brasileiro.