As eleições 2018 e os possíveis rumos do futebol brasileiro
É verdade que os candidatos a cargos do executivo pouco são questionados sobre futebol durante as entrevistas e debates. Mas como futebol não é apenas um jogo e está intimamente ligado à realidade em que vivemos, o resultado dessas eleições será muito importante no que diz respeito ao futuro desse esporte nos próximos quatro anos.
Se analisarmos os planos de governo de todos os candidatos, podemos ver que, de todos eles, seis incluem o esporte explicitamente como pauta. São esses: Ciro Gomes (PDT), Eymael (DC), Guilherme Boulos (PSOL), João Amoedo (NOVO), Lula (PT) e Marina Silva (REDE). Entre os citados, apenas dois apresentam propostas especificamente para o futebol, Boulos e Lula.
O candidato do PSOL propõe a revisão do Estatuto do torcedor, o fim da política de conciliação com a cartolagem dos clubes, a “Lei Prata da casa” taxando de forma decrescente as transferências internacionais de jogadores até 23 anos de idade, a regulamentação das cotas de TV, a destinação de 5% das verbas das cotas de TV para o fomento do futebol feminino, a revisão do calendário do futebol brasileiro e a auditoria das contas da CBF. Já o candidato Lula, pretende implantar um programa de modernização da gestão do futebol, criar um calendário unificado, apoiar a estruturação a nível nacional do futebol feminino e contribuir para a viabilização das Arenas da Copa nos Estados.

Como dito anteriormente, o futebol não é uma bolha, logo outros fatores também serão decisivos para o seu destino em nosso país. A economia, a segurança pública, a democratização ou não da mídia, tudo isso acaba influenciando o futebol.
Também não será importante apenas o resultado das eleições presidenciais. Os próximos governadores estaduais terão um papel fundamental no que diz respeito a esse assunto. Isso porque, além de muitos terem a gestão de estádios, eles são responsáveis também pelo transporte, fundamental para a segurança e o acesso em dia de jogos; pela segurança pública que atua também nos estádios; e pela própria economia local.
Um dos casos mais emblemáticos em jogo nessas eleições é o Maracanã. Reformado para a Copa do Mundo de 2014, ele passou a ser pouco atrativo para os clubes, devido ao seu preço alto de aluguel e caracteriza um retrato fiel da falência do Estado do Rio de Janeiro. Apesar da gravidade da situação em que se encontra hoje o estádio, apenas cinco entre os doze candidatos citam o Maracanã em seus respectivos planos de governo. São eles: Tarcísio Motta (PSOL), Anthony Garotinho (PRP), Marcelo Trindade (NOVO), Pedro Fernandes (PDT) e Wilson Witzel (PSC).
Apesar de o futebol ser um dos mais importantes patrimônios da cultura popular brasileira, infelizmente a maioria dos candidatos parece ainda não dar a devida importância a ele. De todo modo, sabemos que o futebol é um reflexo da sociedade e, portanto, as políticas públicas implementadas influenciarão de alguma forma nele. Resta saber, com o resultado das eleições, se as influências serão boas ou trarão mais dor de cabeça a nós, apaixonados por esse esporte.