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Copa do Mundo: uma paixão tipicamente brasileira

Taynná Miranda 10 de abril de 2022

O futebol é a grande paixão popular do brasileiro e não existe nenhuma novidade nessa afirmação, afinal, diariamente crianças brincam de ser jogadores profissionais em campinhos improvisados pelo país inteiro. Ainda na infância somos incentivados por familiares a torcer pelo time de coração dos nossos pais e avós. Ano após ano, crianças são presenteadas com camisas e acessórios do clube que já cativou gerações anteriores da família. 

Há também aqueles que contrariam o seio familiar para vestir o manto do adversário como se a escolha do time fosse uma parte imutável do destino de cada indivíduo. Mesmo com a delirante emoção de gritar gol ou até o inevitável medo na hora dos pênaltis, o futebol é um jogo em que você não escolhe por quem torcer, mas é o time que escolhe o torcedor. Como explicar famílias inteiras que são divididas a cada fim de semana pelos muros de rivalidades como Flamengo x Vasco, Palmeiras x Corinthians ou mesmo um ABC x América? 

No entanto, existe uma torcida em comum no Brasil, aquela que a cada quatro anos faz a gente parar tudo para vibrar ou chorar juntos em uma única voz e por um único nome: Seleção Brasileira. O sonho de qualquer um é chegar ao topo do futebol, quando você é escolhido para representar o seu país em uma grande competição. O jogador pode tornar-se um ídolo para as crianças do seu país. 

O que falta para o futebol brasileiro voltar a ser grande?
Foto: Wikimedia

Sobre infância vale um relato pessoal: minha primeira Copa foi a de 2006. Ainda me lembro daquela emoção de esperar um gol a qualquer minuto que nos salvasse da eliminação nas quartas de final, você se sente infinito nesse instante de múltiplos placares possíveis. No dia 1° de julho de 2006, a Seleção Brasileira tinha um encontro marcado com a França, no estádio Frankfurt, para as quartas de final na Alemanha. 

De um lado o atual país campeão e do outro Zidane, que representava os franceses e carregava o peso de sua última Copa, ou seja, seus últimos jogos antes da aposentadoria do futebol. Era a certeza de que o elegante camisa 10 seria protagonista do espetáculo inteiro. Naquele dia, o Brasil de Ronaldo fenômeno e Ronaldinho Gaúcho foi coadjuvante da plasticidade dos dribles de Zizou. A esperança ainda estava acesa no início do segundo tempo, afinal, qualquer coisa pode acontecer em um jogo de Copa do Mundo. Poderia, mas não naquele dia. 

No segundo tempo, em uma cobrança de falta da França, Zidane levantou e Thierry Henry marcou o gol aos onze minutos e dez segundos. Depois da seleção francesa abrir o placar, já não havia mais chances para o Brasil de Carlos Alberto Parreira que acusava cansaço. O quadrado mágico brasileiro com Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo fenômeno e Adriano, não foi suficiente para abrir o placar naquele dia. “Perder uma Copa não é o fim do mundo.” Afirmou Galvão Bueno no encerramento do jogo. 

Zidane
Zidane na Copa do Mundo de 2006. Foto: Wikipédia

Ele estava certo, o mundo não acaba com a derrota da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, mas os sonhos dos torcedores e dos jogadores, e principalmente, daqueles que ainda brincam de embaixadinha aos 10 anos de idade, se encerram quando o time não é consagrado campeão mundial. A eliminação nas quartas de final dói mais do que um gol adversário aos 45 minutos do segundo tempo de uma final, ser vice é melhor do que não ser nada.

A Copa do Mundo de 2006 foi emocionante até o final. A expulsão de Zidane no jogo contra a Itália, com certeza, foi o evento marcante do campeonato e deu a França o segundo lugar. Para os brasileiros, a expulsão deu a sensação de vingança pela nossa eliminação.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Taynná Miranda

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), fanática por futebol desde garotinha.

Como citar

MIRANDA, Taynná. Copa do Mundo: uma paixão tipicamente brasileira. Ludopédio, São Paulo, v. 154, n. 14, 2022.
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