No momento em que escrevo (dia primeiro de agosto de 2021) os Jogos Olímpicos ocorrem em Tóquio, a disseminação da variante Delta do novo coronavírus se alastra pelo mundo e o Brasil ainda não atingiu 20% da população totalmente imunizada, seja pelas duas doses recebidas ou por vacinas de dose única. Junto a isso todos os dias presenciamos ataques do governo e da base governista para com as instituições democráticas e a democracia, propriamente dita.

Neste cenário pavoroso de nossa história, o futebol profissional, que quase nunca parou durante a pandemia, inclusive coexistiu junto à insensata Copa América, segue os seus jogos e calendário. Feito o apontamento do momento que em que nos encontramos, a seguir farei um uma breve análise do ano esportivo do Corinthians. 

O Corinthians na atual temporada disputa apenas o Campeonato Brasileiro. Foi eliminado na semifinal do Campeonato Paulista pelo Palmeiras, partida no qual o Corinthians foi muito inferior ao rival. Na Copa Sul-Americana o time ficou na primeira fase. Não conseguiu a classificação em um grupo que era composto pelo Peñarol (Uruguai), River Plate (Paraguai) e Sport Huancayo (Peru). Entre os jogos a destacar, o Corinthians empatou sem gols no Paraguai contra o River, perdeu em casa e foi goleado fora pelo Peñarol, assim como goleou o River Plate e Sport Huancayo jogando em São Paulo. 

Na Copa do Brasil o time passou com certa facilidade pelo Salgueiro, quase foi eliminado na fase seguinte pelo Retrô FC e acabou sendo eliminado na terceira fase pelo Atlético Goianiense. O que estes diferentes campeonatos dizem sobre o Corinthians? Por uma perspectiva o time é bastante inconstante em suas performances. Caso averiguarmos a temporada como um todo, o time demonstra um equilíbrio de resultados e performances: vence equipes de divisões inferiores, nem sempre com facilidade, perde e ganha de equipes mais preparadas e vez ou outra sofre goleadas acachapantes. 

Sylvinho Corinthians
Sylvinho na partida entre Atlético GO x Corinthians pela Copa do Brasil 2021. Foto: ©Rodrigo coca / Ag. Corinthians/Fotos Públicas

Para endossar o panorama visto em campeonatos de eliminação direta, seja de partidas únicas ou de ida e volta, de que o time é constante na inconstância, basta olhar para os números da equipe no campeonato brasileiro de pontos corridos. O time fez 14 jogos, nos quais ganhou 4, empatou 5 e perdeu 5. Um aproveitamento pouco acima dos 40%. Fez 12 gols e sofreu 14. Dos 12 gols feitos foram 6 em casa e 6 como visitante. Com relação aos gols sofridos, ao invés de equilíbrio, desiquilíbrio: sofreu 10 gols em casa e 4 gols jogando fora. Para além dos resultados, muitas das vezes o time faz um bom primeiro tempo de jogo, seguido de um segundo tempo muito aquém. 

O time passa por um momento com recentes trocas de treinadores, venda de atletas, assim como passou por um intervalo de sete meses sem contratar reforços – antes dos recentemente contratados Giuliano e Renato Augusto. Para além do campo, as organizadas pedem a saída dos atuais dirigentes do Corinthians, assim como de uma abertura democrática, para que os votos dos Fiéis Torcedores passem a serem previstos em estatuto. Dentro de campo faltam 24 jogos para o Corinthians no campeonato. Caso o time continue com sua regularidade na instabilidade, terminaremos no meio da tabela, um louvável décimo lugar. Talvez um pouco melhor. Talvez não. 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Jean dos Santos Mantovani

Bacharel e mestrando em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Corintiano.

Como citar

MANTOVANI, Jean dos Santos. Desequilíbrio equilibrado. Ludopédio, São Paulo, v. 146, n. 13, 2021.
Leia também: