Estádios construídos durante a ditadura militar no Brasil e concentração urbana
No mês de Abril, completou-se 57 anos do golpe militar no Brasil. Essa atitude política foi responsável por jogar o país em uma noite que durou vinte e um anos. Em verdade, o governo militar se notabilizou pelo cerco dos direitos políticos, repressão da liberdade de expressão e pelos intensos investimentos à modernização econômico, possibilitada pelo programa Brasil Grande Potência (ALMEIDA, 2017). Conforme veremos a seguir, assim como a economia e a sociedade, o futebol brasileiro não escapou das intervenções militares.
Estádios nacionais construídos durante o período militar
Amparados pelo âmago desenvolvimentista, os propulsores do golpe, almejaram a modernização do território nacional. Sendo assim, por meio de grandes incentivos para a propagação e ampliação de estruturas urbanas pelo país, esse intenso processo resultou no impulso da urbanização brasileira. Isso significa, que as desigualdades são aprofundadas em virtude do intumescente crescimento econômico, que acentuou centralidade das regiões industrializadas (JUSTO, 2015).
Em decorrência da concentração industrial, os lugares mais dinâmicos economicamente se notabilizaram pela prática futebolística. Considerando que a maior presença dos agentes, estão vinculados a esta modalidade esportiva (MASCARENHAS, 2014). Com o espraiamento do urbano pelo território brasileiro, um maior número de localidades ingressaram a dinâmica urbana. Sendo assim, a disseminação da prática futebolística pelo país, é garantida por uma difusão de infraestruturas e tecnologias. Ao considerar a ampla difusão do desporto, o futebol emerge como o principal expoente da apropriação dos símbolos nacionais para a promoção das ideologias nacionalistas pelo país. Um exemplo de tal situação, é a proximidade entre o Governo Médici (1969-1974) com a seleção Brasileira.
Contudo, em função da sua utilização simbólica, o cenário futebolístico nacional foi muito útil para a promoção dos sucessos obtidos pelas políticas de integração nacional. Ademais, a interiorização da rede urbana brasileira foi o evento mais evidente, como podemos observar no mapa: “Estádios construídos durante a ditadura militar (1964-1985) e a concentração urbana no Brasil”. A grande proximidade entre a mancha urbana brasileira e a disposição dos estádios, é um indício dos locais de atuação de programas que visavam a massificação do esporte como um meio de desviar a atenção dos problemas sociais (MASCARENHAS, 2018).
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Rodrigo Accioli. Canários e condores: as relações políticas durante a Ditadura Militar (1964-1985) e a configuração territorial do futebol no Brasil. 2017. 93f. Monografia (Bacharelado em Geografia) – Departamento de Geografia, Faculdade de Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
MASCARENHAS, Gilmar. Um Brasil que se foi: o país dos estádios gigantes. Ludopédio, São Paulo, v. 110, n. 28, 2018.
JUSTO, Mario Augusto Cardoso. Os legados e as heranças do regime militar de 1964 ao espaço geográfico-territorial brasileiro. 2015. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
STEIN, Leandro. Da criação do Brasileirão aos elefantes brancos, como o futebol entrou no Plano de Integração Nacional. 2014. Portal Trivela. Acesso em: 10 maio 2021.