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Faroeste Caboclo

Cláudia Samuel Kessler 27 de setembro de 2021

Não tinha medo o tal Rogério, conselheiro vitalício do São Paulo F.C.
Era o que todos diziam quando ao “padrinho” Del Nero sucedeu
Deixou pra trás todo o marasmo da equipe paulista pela CBF
Mas não demorou muito tempo pra uma denúncia aparecer

Sua imagem era de promotor de negociação e transparência
Mas mostrou que para pároco, não tinha vocação pra ser
Sobre um assédio, disse que ia provar sua inocência
Mas áudios mostraram que decência tava longe de ter

Foi acusado de chamar uma funcionária de cadelinha
Para outra, denúncia de mão dentro da calcinha
E pra solucionar “deslizes” do novo mandatário
Tentou calar a vítima com um acordo milionário

Em junho, houve um protesto das jogadoras da seleção
Que carregaram no gramado faixa escrita “Assédio não”
Escreveram manifesto em favor do respeito e da igualdade
Mas como esperar seriedade, sem o exemplo da Confederação?

E a alta burguesia dos gramados
Não acreditou na história que eles viram na TV
Quando veio pra Barra da Tijuca, com o diabo ter
Queria falar pro presidente sobre essa gente que faz o futebol sofrer

Não dá pra proteger cartola cheio do dinheiro
“Que fica atrás da mesa com o cu na mão”
O que você fez dessa vida, meu irmão?
“Essas palavras vão entrar no coração?”
Ou vão explicar o jato Legacy e a sua aquisição?
19 milhões de ajuda pras série C/D e 71 mi para apenas um avião;
Eis mais um senhor de alta classe, com dinheiro na mão.

Rogério Cabloco
Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas
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Cláudia Kessler

Jornalista e cientista social. Doutora em Antropologia Social (UFRGS).

Como citar

KESSLER, Cláudia Samuel. Faroeste Caboclo. Ludopédio, São Paulo, v. 147, n. 42, 2021.
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