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Finalmente no caminho. Próxima parada: não sabemos

Gabriel Bernardo Monteiro 29 de agosto de 2022

Este, provavelmente foi o texto mais complicado que já escrevi para o Camisa 012, muito por conta do Mix de emoções que esse 2022 anda trazendo para todos os corintianos, principalmente a ultima semana. Muitas ideias surgiram para a construção desse texto, pensei em relacionar o texto com Céu, com Ferrovias, tudo para explicar de maneira figurativa o que enxergo dos caminhos que o time de Vítor Pereira vem seguindo. Nenhuma delas me deixou 100% satisfeito, então, tentarei usar um pouco desses elementos para explicar a minha visão sobre o todo.

Primeiro, antes de iniciarmos essa viagem, tenho que confessar que sou fã do atual treinador do Corinthians, já o era antes de iniciar nesse cargo. Conheci seu trabalho ainda na época que era treinador do Porto e eu era um estudante de Educação Física de 1ºano que sonhava (e hoje realiza esse sonho) ser um treinador de futebol. Aquele Porto de 2012 era um dos meus times favoritos, era uma expressão da maneira como eu enxergava e sonhava colocar minhas equipes para jogar. Aquele portuga maluco, que vivia o jogo de uma maneira muito intensa e me cativou, fazendo com que aos finais de semana, eu sempre separasse 2h para ver seu time jogar e fazer algumas anotações (muito amadoras, porque ainda pouco sabia sobre o jogo de futebol). O tempo foi passando e aos poucos fui perdendo o contato com o trabalho de VP, voltei acompanhar vagamente o seu trabalho na china em 2020, entretanto já sem a mesma profundidade de outrora. Até que ele embarcou no time do meu coração e todo esse sentimento voltou à tona.

Vítor Pereira
Vítor Pereira, treinador do Corinthians. Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians.

O trabalho de VP não teve em nenhum momento calmaria suficiente para que seus métodos e o seu estilo de jogo fossem implementados com a profundidade necessária, assim como em uma viagem de avião em dias que o Céu está nublado ou chuvoso, desde que assumiu o clube ele só pegou turbulências. Estreia na reta final do Paulistão, 3 clássicos em 4 jogos e uma eliminação merecida em um dia que não pernas para competir. Logo após essa turbulência percebeu que precisaria de um rodizio para compensar os anos de estrada de alguns jogadores iniciou o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores já com essa nova proposta. Uma primeira fase de Libertadores bem questionável em que não ganhou do time mais fraco do grupo e também não perdeu para o time mais forte, 5 gols marcados e aquela sensação (ou fato) de que não sabemos jogar a Libertadores e com isso, mais turbulências. Mesmo com todo o rodizio de atletas, a equipe entrou numa crise de lesões, foi para jogos importantes com desfalques pesados e graças ao trabalho de Vitor, se manteve entre os 4 melhores times do campeonato, classificado para a Libertadores e Classificado na Copa do Brasil. Após essa crise de lesões, era de se imaginar que a equipe que vinha conseguindo resultados melhores do que performance, fosse engrenar de vez e jogar um futebol condizente com que eu via dele no Porto de 11/12 e obviamente não foi o que vimos. Os retornos de lesão e os importantes reforços chegados em julho vieram juntos com partidas decisivas das 3 competições que disputávamos. 4 derrotas, uma eliminação e o maior rival dando um largo passo para ser campeão brasileiro e a turbulência que se imaginava estar longe chegou, e com muita força. Céu corintiano na última semana foi extremamente nublado, com tempestades pairando. Mas o experiente piloto e seus comissários de bordo conseguiram superar com uma acachapante vitória na ultima quarta feira, acredito que o avião corintiano vai finalmente ter um pouco de céu aberto para poder se estabelecer.

Fora essa turbulência, olhando de uma forma mais abrangente, podemos perceber que claramente o trabalho construído no clube está seguindo um caminho com o português, o clube está entrando nos trilhos, uma gestão razoável para boa da diretoria e uma gestão boa para excelente do Vitor faz com que os caminhos vão se clareando na ferrovia, enquanto os novos tripulantes vão subindo a bordo a cada parada. Vitor tem muito mérito em conseguir os resultados que conseguiu, desde Tite em 2012 a equipe não chegava tão longe em uma Libertadores e tendo como time base da Libertadores jogadores como Roni, Mantuan, Adson e outros jovens inexperientes. Vitor tem méritos em conseguir competir em meio a uma crise de lesões e rescisões que o tirou 10 jogadores entre eles, Maycon, Fagner, Renato Augusto, Jô e ultimamente Willian. Vitor tem mérito em conseguir ser competitivo em todos os campeonatos que disputa sem conseguir ter uma semana livre de treinos para corrigir e melhorar performance. A tempos atrás eu ficava imaginando, como seria ter um treinador acima da média, assim como tem atualmente o Palmeiras com o Abel Ferreira. Hoje eu sei, Vitor é excelente no que faz, e de perceber que ele faz essas coisas sem ter o principal, me faz imaginar onde ele poderá levar o clube se tiver todas as condições favoráveis, com pré-temporada, treinos e elenco formado por ele. No céu, por Terra e no Mar ou em qualquer lugar, é bom ter a frente alguém experiente e competente para guiar. 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Gabriel Bernardo Monteiro

Graduado em Educação Fisica pela Universidade Estadual de Campinas

Como citar

MONTEIRO, Gabriel Bernardo. Finalmente no caminho. Próxima parada: não sabemos. Ludopédio, São Paulo, v. 158, n. 31, 2022.
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