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Hay que jugar bien y con pasión: o futebol portenho como expressão da argentinidade

Gabriel Said 3 de janeiro de 2023

Com o título do tricampeonato mundial da Argentina um tema que vem sendo levantado é uma exaltação à “La Nuestra”, que é uma identidade nacional argentina criada a partir de um estilo próprio de jogar futebol, que seria uma antítese do jogo estilo-máquina europeu. Por um lado, como um estilo de jogo trata-se de um discurso bem estruturado para reforçar características específicas que representariam o que é ser argentino através do jogar futebol. Por outro, também foi uma forma de jogar característica de Buenos Aires em um período histórico específico, que possibilitou diversas formas distintas de manifestações culturais e, em muitos casos, também corporais, como era a maneira que o futebol era praticado por portenhos no início do século XX.

A ideia do texto é fazer uma viagem no tempo, desde o surgimento do futebol no Reino Unido para compreender como ambos, estilo e forma, de jogar foram formados na Argentina. Pensando o surgimento do futebol tradicional e, posteriormente o moderno como Giulianotti (2002) analisa, isto é, com a existência da prática do jogo em sua forma “tradicional” sendo anterior à sua organização racionalizada como um esporte moderno com regras padronizadas pelas instituições públicas de educação britânicas, formando o Football Association em um contexto histórico em que a influência do Império Britânico foi fundamental para a difusão global do futebol, além da influência da era vitoriana e o controle dos indivíduos através, também, de seus corpos com a expansão da Educação Física nas escolas tendo um papel importante. Por fim, a virada do século XIX para o XX foi também um período histórico em que vários países – como a Argentina – viveram a construção de suas identidades nacionais, com muitos intérpretes produzindo ensaios que forjaram discursos e simbologias que representam a identidade dos países e seus povos. Sobre isso, não pretendo discutir a fundo a relação da identidade e discurso com a realidade material e nem questionar a capacidade de identificação deles (sobre a identificação, podemos pensar que era importante o Messi ser mais “maradoniano” quando joga pela Argentina para ser reconhecido como “verdadeiro argentino”); e sim propor um caminho para pensar o papel do futebol portenho (vindo de Buenos Aires) na formação da argentinidade.

Quando falo sobre estilo me refiro ao discurso criado, posteriormente, em que gestos dos jogadores, narrativa e símbolos são organizados de forma a reforçar um discurso da identidade argentina. A revista El Gráfico, a revista de esportes mais influente mais influente do século XX (ARCHETTI, 2005) tem um papel fundamental no que entendemos hoje como o que seria o estilo argentino. Escreveu Archetti:

“Fundada en 1919, enfatizará la importancia de los deportes de equipo ya que permiten que una nación se exprese, que sus integrantes tengan una ‘conciencia nacional’ y superen las identidades locales de clubes o de provincias, y porque hacen posible que las diferencias de estilo, en competencia con otros equipos, puedan ser pensadas como manifestaciones de ‘estilos nacionales’ (1923, 190:4)” (ARCHETTI, 2005, p.2)

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Surge o jogo inglês

Em 1314 o rei Edward II proibiu um futebol primitivo na Inglaterra para que o tempo livre fosse usado para praticar arco e flecha. Mais tarde James I faria o mesmo. Durante os séculos XVI e XVII, jovens de Aberdeen eram acusados de conduta profana no Sabbath por frequentemente beberem, dançarem e jogarem futebol (GIULIANOTTI, 2002).

No século XIX o futebol no Reino Unido é popular e elitizado ao mesmo tempo. Por um lado, as elites utilizavam-se das escolas públicas como maneira de responder às revoltas protagonizadas nestas instituições e desenvolver uma secularização do jogo a fim de manter a ordem social através de valores nobres que sintetizariam o ideal de mens sana in corpore sano. Por outro lado, o futebol era muito praticado por lazer pelas classes populares, com jogos entre paróquias, bairros, homens solteiros contra casados, mulheres solteiras contra casadas, e por aí vai. Sendo comum também o jogo de futebol em rituais de passagem entre os homens para marcar o fim da adolescência (GIULIANOTTI, 2002).

Em competições entre as instituições de ensino, haviam discussões em relação às regras das partidas, isso acontecia, como Richard Giulianotti (2002, p.18) escreve, porque “o futebol não era exatamente um jogo singular, mas um arranjo dos códigos tribais mais ou menos semelhantes preferidos pelas diferentes escolas públicas”. Como resultado desses embates entre essa classe social privilegiada, na década de 1860, veteranos de Rugby se colocaram em contraposição aos de Harrow em debates para unificar as regras. Inicialmente a discussão era sobre os pontapés, o futebol era pensado de maneira que a dor, brutalidade e masculinidade fossem redentoras na valorização do indivíduo que o pratica. Então ficaram alunos de Rugby a favor dos pontapés e os de Harrow contra, mas as diferenças se escalaram até a cisão acontecer, com os alunos de Harrow posteriormente escrevendo as regras universais do futebol unindo as regras de Cambridge e Sheffield, em que a maior diferença para as regras do Rugby seria a restrição quanto ao uso das mãos. Ainda de acordo com Giulianotti (2015, p.18-21), em 1863 aristocratas ingleses se reúnem e formam o primeiro conjunto de regras unificadas do futebol, sendo o marco do início do futebol na modernidade. Foi fundada também a Associação de Futebol (Football Association ou FA), organização na qual representou o futebol e o rugby até 1871, quando há o rompimento institucional e a Rugby Football Union é criada. No ano seguinte acontece a primeira competição oficial de futebol; a copa da FA, disputada somente por equipes de escolas públicas. No mesmo ano acontece a primeira partida internacional, entre Inglaterra e Escócia, em Glasgow.

As décadas seguintes até os anos de 1910 são marcados pela rápida expansão do futebol pelo mundo. O império britânico exportou o futebol para suas colônias e para o mundo através de suas tropas de ocupação, sua presença em portos e fábricas locais, comércio e escolas. Na Europa continental, o futebol se difundiu através de trabalhadores britânicos, professores e estudantes. Giulianotti relata a ativa participação escocesa na Europa, com destaque para a Tchecoslováquia, Áustria e Hungria. Na Noruega, Dinamarca, Alemanha e Rússia as escolas inglesas tiveram destaque na popularização do futebol, enquanto que no País Basco, Portugal e Itália foi principalmente através de comerciantes (SIMÕES, 2015).

Na América Latina o futebol chegou principalmente através das relações comerciais, mas também deve-se lembrar das escolas inglesas na Argentina e Uruguai, e de jovens aristocratas locais que iam para a Europa estudar e voltavam com uma bola e livro de regras do jogo. Em Argentina, Brasil, Chile e Uruguai as grandes cidades portuárias foram os pontos de chegada do futebol, com os primeiros relatos de marinheiros ingleses jogando futebol no Brasil já em 1864 e ainda antes nos países portenhos ao sul.

De acordo com Richard Giulianotti, o “zelo missionário” do veterano de Harrow, Charles W. Alcock, que foi secretário da FA por 25 anos, foi determinante para o “jogo do drible” (dribble) ser introduzido por toda a Grã-Bretanha. O dribble deve ser entendido como a condução da bola e não truques e fintas com ela, como ‘drible’ costuma ser pensado no português brasileiro. O jogo do drible no século XIX era a interpretação dominante do jogo feita pela aristocracia, onde se valorizava a edificação moral do indivíduo, a disciplina, racionalização e o futebol era entendido como forma de controle social, dos corpos dos seus praticantes.

“Estava arraigada a ideia de que o Império se encontrava em declínio por culpa da torpeza moral. Esportes coletivos, pensava-se, deveriam ser promovidos porque desencorajavam o individualismo exacerbado, que por sua vez permitia que a masturbação florescesse” (WILSON, 2016, p. 25)

 Nas cidades industriais, localizadas mais ao norte da Inglaterra e especialmente na Escócia, o jogo de futebol era mais popular e muito praticado pela classe operária.

Realidades sociais tão distintas acabaram por gerar formas de praticar e interpretar o jogo diferentes. Jonathan Wilson (2016) descreve o futebol primitivo inglês do século XIX como uma ótima representação da maneira de viver inglesa do período: “Nas escolas públicas, raciocinar gerava repreensão”. O jogo era resumido em “abaixar a cabeça e avançar”, ou seja, na condução da bola; qualquer ideia relacionada à defesa e passes era considerada subalterna e afeminada. Tamanha era a valorização da condução que na Regra 6 – precursora da lei do impedimento, que hoje é Regra 11 – os passes deveriam ser feitos assim como no rugby; para os lados ou para trás, nunca para frente. Sobre a condução da bola, o jornal The Times escreveu em 1870:

“Um jogador de primeira classe (…) jamais perderia a bola de vista, ao mesmo tempo mantendo sua atenção dedicada a vislumbrar os espaços nas linhas inimigas, ou qualquer ponto fraco na defesa que possa dar a ele uma chance favorável de chegar ao cobiçado gol adversário.”

O jogo, resume Wilson, consistia em jogadores perseguindo a bola. Foi em 1866 em uma convenção em Eton que o jogador não estaria impedido de jogar, ou “fora de jogo”, desde que houvessem três jogadores adversários entre seu companheiro que chutou a bola e a linha de fundo. No entanto, como Wilson escreve, “a mudança não parece ter feito grande diferença para aqueles que haviam sido educados no jogo de condução da bola”.

Distinguir jogadores que foram “educados no jogo de condução da bola” indica que havia outra educação possível. Wilson se refere ao jogo escocês, que em 1867 a Federação Escocesa adotara uma regra do impedimento diferente à inglesa, em que o jogador só estaria fora de jogo “se estivesse à frente do penúltimo defensor nos últimos quinze metros do campo” (Wilson, 2016, p. 32). Em 1870 os escoceses adotaram a mesma regra em vigor na Inglaterra desde 1866, mas a estrutura do jogo de passe já estava estabelecida.

Em 1866, já com a FA em atividade, começa-se a aceitar passes para frente, desde que houvessem pelo menos três jogadores do time que estava se defendendo entre a bola e o gol adversário. Charles W. Alcock, o primeiro jogador da história a ser flagrado em impedimento após a mudança da regra, escreveu sobre a importância do apoio ao companheiro que está com a bola, apesar de não ser para esperar um passe:

“O magnífico e essencial princípio do apoiar. Por ‘apoio’, é claro, estou me referindo à ação de seguir um companheiro de perto a fim de assisti[1]lo, se for necessário, ou retomar a bola no caso dele ser atacado ou de qualquer outra maneira impedido de continuar em frente.” (in: WILSON, 2016)

O jogo inglês valorizava o kick and rush, um estilo mais físico, aristocrático e individualista que como o nome indica, se resumia a “chutar e correr”. No jogo entre Inglaterra e Escócia em 1872 e já mencionado, os ingleses – amplos favoritos – entraram em campo com sete jogadores de ataque, dois half-backs e um defensor, que taticamente seria 1-2-7; a Escócia jogou em 2-2-6, com um atacante a menos e um defensor a mais (WILSON, 2016). Muito além de um reajuste posicional, a Escócia pretendia evitar os combates corpo-a-corpo, pois entendiam que levariam desvantagem, ao mesmo tempo que favorecia o “jogo do passe”. A partida terminaria empatada em zero a zero e o Glasgow Herald escreveria:

“Os ingleses tinham toda a vantagem relativa ao peso – eram cerca de doze quilos em média mais pesados do que os escoceses – e também no que dizia respeito à velocidade. O ponto forte do clube da casa foi que seus jogadores atuaram incrivelmente bem juntos.” (in: WILSON, 2016)

Percebe-se como em um primeiro momento a dialética de classes no futebol fora formado fundamentalmente entre aristocratas e trabalhadores, com a classe média e burguesia divididas sobre o assunto a partir de sua localidade e, consequentemente, sua possibilidade de exploração capitalista sobre o esporte que se popularizava.

Mais interessante ainda é perceber os diferentes estilos estéticos formados por cada classe, com a classe trabalhadora notadamente mais peripatética – como Giulianotti define – do que os aristocratas, que por sua vez estavam mais preocupados em reproduzir seus valores morais e exercer controle social através do esporte. Para a classe trabalhadora o futebol é além de uma saída para os sofrimentos coletivos, um divertimento (SIMÕES, 2015), por isso não é de espantar que a prática do jogo pelos herdeiros da aristocracia será diferente da que os que vem das classes trabalhadoras na virada de século XIX para XX.

A percepção sobre o estilo inglês fora das ilhas britânicas é de um estilo-máquina, como Simoni Guedes descreve. O estilo-máquina inglês visando uma certa eficiência industrial que reduzisse as ações consideradas secundárias, como o passe e a finta em detrimento de uma dita priorização dos gols, ou em outras palavras, um jogo frio e efetivo.

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O futebol chega ao Rio da Prata

No final do século XIX moravam 45 mil britânicos em Buenos Aires e os primeiros clubes eram feitos a partir de escolas inglesas. Eduardo Archetti (2003) considera esse primeiro momento do futebol argentino como o período de fundação britânica devido ao discurso de controle de liberdades individuais dos jogadores no campo, tendo que respeitar um conjunto de obrigações coletivas para tentar recriar o estilo máquina; os valores da masculinidade, disciplina e força a partir de uma perspectiva vitoriana (WILSON, 2015) guiavam o objetivo final de “jogar bem sem paixão” (IWANCZUK, 1995). Um discurso que criava distinção entre a elite britânica na Argentina em relação à população criolla formada majoritariamente por descendentes de espanhóis e italianos.

O período do futebol britânico na Argentina é marcado por Archetti pelo período entre 1887 e 1912. As regras do jogo feitas pela FA, no entanto, chegaram vinte anos antes e registradas em inglês no jornal Standard. Ainda em 1867 acontece a primeira partida que se tem registro no país, realizado em 20 de junho em Buenos Aires e organizado por quinze britânicos e um nascido em Santa Lúcia.

[…] fueron ingleses venidos al Río de la Plata los primeros que practicaron el juego y siguieron practicándolo sus hilos incorporados em colegios ingleses tal cual se hace hoy con otros deportes como el cricket. Tuvo pues el football rioplatense su origen inglés en sus prácticas y la primera lección de técnica superior estuvo a cargo del Southampton, y luego el Nottingham Forest, Everton, Tottenham Hotspur, etc. Todo completamente inglés, como puede verse y apreciarse en nuestros famosos cracks de nuestra iniciación en el football que se llamaron Brown, Weiss, Lett, Ratcliff, Buchanan, Moore, Mack, Leonard, Watson Hutton y tantos otros cuyos nombres no diferen en nada de los que practican el football en la Rubia Albión (El Gráfico, 1928, 470:15 in: ARCHETTI, 1997)

Em 1887, o futebol já era o esporte mais popular do país, em parte pela simplicidade do jogo, mas também pela influência inglesa na Argentina. A Inglaterra na época era a principal parceira econômica do país sul-americano, sendo o maior comprador de lã e carne além de controlar os bancos, sistema ferroviário, abrir suas próprias escolas, hospitais, igrejas e clubes esportivos de críquete, polo e futebol. Em 1806 o jornal The Times chega a escrever que a Argentina era quase como parte do Império Britânico pela influência britânica no país (WILSON, 2015).

O estilo de jogo inglês era caracterizado por ser fleumático, metódico e pela disciplina, além do coletivismo absoluto – esta última característica sendo bastante discutível, mas fazia parte da construção imaginária argentina do jogo-máquina britânico.

[…] es lógico que con el correr de los años, toda la influencia sajona del football haya ido desapareciendo para dar paso al espíritu menos flemático y más inquieto del latino… En el football inglés todo tiende a destruir la acción personal para formar un todo sólido, de manera que un team no se cuenta por sus hombres separadamente, sino por la acción uniforme de todo un conjunto. De ahí que el football brittánico sea realmente poderoso y tenga la fuerza regular y impulsiva de una verdadera máquina, pero es monótono porque siempre es igual y uniforme. (El Gráfico, 1928, 470:15 in: ARCHETTI, 1997)

Nos primeiros anos do campeonato argentino, os considerados melhores jogadores eram de descendência inglesa. Brown, Moore, Leonard, Ratcliff, Weiss e Watson citados pelo El Gráfico, eram jogadores do Club Atlético English High School – que troca o nome para Alumni. O clube formado por alunos e ex-alunos de escolas inglesas tem como fundador o anglo-argentino Watson Hutton. O Alumni é criado em 1898, poucos depois da decisão do hoje extinto Ministério da Justiça e Educação Pública em tornar as aulas de educação físicas obrigatórias em todas as escolas do país e proibir nomes de instituições de ensino nos estádios, por considerar como propaganda (WILSON, 2015). O Alumni tinha como objetivo defender os valores britânicos diante da popularização do futebol no país, reforçando a noção do “jogar bem sem paixão”

Com os jogadores citados acima o Alumni acumula 10 títulos da liga argentina entre 1900 e 1911, mas o cenário argentino estava mudando rapidamente. A população de Buenos Aires cresceu de 260,000 em 1880 para 1,576,000 em 1914, com quase metade da população formada por imigrantes, vindos principalmente de Espanha e Itália. No mesmo ano, 80% daqueles nascidos na Argentina eram descendentes de imigrantes que haviam chegado no país desde 1860 (ARCHETTI, 2003).

Entre 1895 e 1914 a população de imigrantes nascidos em outro país subiu de 25% para pouco mais de 30% na Argentina, sendo aproximadamente 75% deles vindos de Espanha ou Itália. Na capital os imigrantes eram 67% dos comerciantes, 76% dos artistas e eram maioria em outras classes trabalhistas como engenheiros e arquitetos (ARCHETTI, 2003).

O país passava por um rápido crescimento urbano, impulsionado pelas imigrações e decisivo para que os latinos conquistem seu espaço no futebol nacional, substituindo os britânicos. A criolização no futebol faz do jogador argento o primeiro “produto popular argentino a ser exportado para a Europa” (ARCHETTI, 1997).

Houve entre 1885 e 1915 um “boom” de clubes sendo fundados no país, representando classes e bairros, clubes impulsionados pela urbanização das cidades. Para se ter uma noção, dos 24 clubes participantes da primeira divisão do campeonato argentino de 2019/20, vinte foram fundados durante esse período. Outro fenômeno é que a região metropolitana de Buenos Aires concentra atualmente 36 estádios de pelo menos 10 mil lugares, sendo a primeira do mundo neste sentido (REBOSSIO, 2015). A territorialidade é um elemento central no futebol argentino.

O campeonato argentino, que é jogado todos os anos desde 1893, ganha uma segunda divisão em 1895, a terceira em 1899, uma quarta divisão em 1902 e cinco anos mais tarde ainda existiam 300 clubes sem divisão. (WILSON, 2015).

A força e disciplina britânica marcadas pelo “jogo aéreo” dos chutões do kick and rush davam lugar ao “jogo terrestre”, criollo, de passes curtos, mais lento e com 25 ênfase na sensualidade tanguera13 do drible. “Como o tango”, escreveu Eduardo Galeano em “O futebol nativo” no seu livro Futebol ao Sol e à Sombra (2004, n.p), “o futebol floresceu a partir dos subúrbios”. O jogo das escolas britânicas ficava para trás com o rápido crescimento urbano e por ser “um esporte que não exigia dinheiro e que podia ser sem nada além da pura vontade”, continua Galeano, “nos baldios, nos becos e nas praias, os rapazes nativos e os jovens imigrantes improvisavam partidas com bolas feitas de meias velhas, recheadas de trapos ou de papel, e um par de pedras para simular o arco”.

As escolas e jornais locais de origem britânica mostravam preocupações com o futuro do futebol nos países portenhos. Como mostra Jonathan Wilson (2015), o jornal Herald escreveu em 1905 sobre o debate quanto ao uso dos ombros por parte dos ingleses do Nottingham Forest em visita à Argentina para alguns jogos amistosos. Até mesmo a equipe formada por anglo-argentinos para enfrentar os ingleses já se sentia incomodada com a fisicalidade vinda de Nottingham. O Herald defende a equipe britânica: “Uma disputa que pretende aprimorar o vigor e testar a força de jovens no auge da forma não deve ser encarada como um simples jogo de salão”. Anos mais tarde, nos anos 1920, o jogador do clube amador anglo-argentino do Alumni, disse que esse novo estilo de futebol “perdera força pelo excesso de passes perto do gol. É um jogo mais refinado, talvez mais artístico, e até aparentemente mais inteligente, mas sem o entusiasmo original” (WILSON, 2015, n.p).

Os uruguaios venceram as Olimpíadas de 1924 contra a Suíça pelo placar de 3 a 0 e venceriam novamente em 1928, desta vez contra a Argentina por 2 a 1. O domínio portenho ainda se estenderia para a primeira decisão de Copa do Mundo da FIFA: em 1930 o Uruguai é país-sede do torneio e derrotam mais uma vez os rivais argentinos na final, desta vez por 4 a 2. Sobre a final de 1930, Wilson (2015) destaca o jornalista italiano Gianni Brera escreve em Storia critica del calcio italiano uma comparação entre o jogo entre os dois lados do Rio da Prata:

“A Argentina joga futebol com muita imaginação e elegância, mas a superioridade técnica não pode compensar o total abandono da tática. […] os uruguaios são a formiga e os argentinos a cigarra”

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O segundo nascimento do futebol: A Argentina criolla

É importante lembrar aqui o que Stuart Hall (1999) escreveu: “Uma cultura nacional é um discurso, um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos”. É importante porque em boa parte, o que foi escrito e é reforçado sobre o estilo europeu e argentino são justamente discursos feitos posteriormente com elementos selecionados para reforçar certos argumentos, tendo ambos, Europa/ingleses e Argentina, como antíteses que retroalimentam suas identidades. O outro é necessário para formar a identidade nacional moderna. Os trabalhos da Simoni Guedes (2002) e Pablo Alabarces (2004) são muito bons sobre isso e merecem a leitura.

No entanto, como espero conseguir apontar, as condições sócio-históricas em um lugar e momento específico geram uma forma de jogar característica daquele lugar e momento. Falo de forma de jogar para distinguir de estilo, que já foi utilizado pela Guedes e outros pesquisadores que o abordam como elemento complementar da formação de identidade como discurso. Se o estilo se mantém ao longo das décadas, a forma de jogar tem endereço e data. No caso da Argentina, acredito que a forma de jogar portenha, isto é, em Buenos Aires, no início do século XX e que eventualmente se transformou no que ficou conhecida como “La Nuestra” e tem um fim (imagino que em 1957 com o primeiro grande êxodo de jogadores do país para a Europa), é a base material do que foi apropriado nos discursos sobre o que seria um estilo nacional.

De uma forma geral, é possível dizer que o futebol sul-americano era inventivo, aliando a individualidade ao jogo coletivo e criando habilidades mais refinadas como o peixinho, bicicleta e marianela (toque de calcanhar com a perna erguida, em posição perpendicular à perna de apoio). Jonathan Wilson (2015) e Simoni Guedes (2002) dizem que os portenhos desenvolveram seu estilo como antítese do estilo inglês, como demonstra o jornal El Gráfico em 1928, o jogo argentino era próprio e “diferente do britânico por ser mais colorido, menos disciplinado e metódico, porque não sacrifica o individualismo em nome dos valores coletivos”. O estilo criollo é marcado por toques curtos e do uso da gambeta – forma de conduzir a bola em zigue-zague para superar o adversário. Literalmente, na linguagem gauchesca, a palavra gambeta se refere à forma de correr do avestruz.

Para formar seu estilo próprio, como Eduardo Archetti percebe, chamado de La Nuestra, a Argentina se aproveita da cultura gaucha e dos pampas. Os pampas eram percebidos como um ecossistema rico, povoado por indígenas durante a colonização espanhola e onde a cultura gaucha se formaria, com os gauchos e cavalos selvagens. Ali seria o território onde o processo de “criollização” começaria, com o gaucho representando a hibridação – indígenas e espanhóis – que posteriormente aconteceria no futebol e seria supervalorizado.

Quando a equipe do Real Deportivo Espanyol, da Catalunha, viaja para algumas partidas amistosas na Argentina em 1926 o El Gráfico começa a formular com pompas o estilo de jogo argentino; hábil, astuto e elegante.

“[…] que nuestro football es muy hábil y elegante y los jugadores argentinos están dotados de grandes condiciones para la práctica del deporte pero que encuentran que su juego es poco decisivo, Los forwards argentinos son notables en el pase; el dribbling por su astucia, rapidez y exacta comprensión del juego, pero no rematan con shots al goal al que desean aproximarse mucho para terminar los ataques en lugar de dirigir el shot final más o menos al llegar al área penal…” (El Gráfico, 1926, 366:9 in: ARCHETTI, 1997)

A invenção do estilo máquina se fez junto ao estilo criollo, com o jogo inglês sendo um modelo de como o futebol supostamente deveria ser jogado, com o jogo criollo sendo a antítese do jogo-máquina. Assim o futebol rio-platense seria ágil, virtuoso, tempestivo, individualista e imperfeito, em oposição ao jogo forte, físico, disciplinado, coletivista e perfeito dos britânicos. O jogo argentino seria a representação de um sistema social pré-industrial enquanto o inglês reproduziria um sistema industrial, de onde se entende que a perfectibilidade do jogo seria sua capacidade de se reproduzir (ARCHETTI, 2003), ou seja, ter a característica da reprodutibilidade técnica: com princípios universalistas e capaz de ser reproduzido em larga escala. Um tweet de Martí Perarnau exemplifica a ideia (embora não necessariamente o que acontece na prática):

“Não é o estilo de jogo que sufoca um time ou ele que se esgota. São os intérpretes que o executam mal ou o desperdiçam. O Rèquiem de Mozart nunca se esgota; seus intérpretes, talvez sim.”

O valor do imperfeito criollo estava em suas habilidades corporais, criando a distinção entre o industrial inglês e sua capacidade de frieza e raciocínio mais desenvolvidas. A relação de forças entre dominadores e dominados era fortalecida, porém, no futebol, por ser uma prática de expressão corporal (assim como o tango), era um espaço onde o argentino poderia se equivaler ou até mesmo superar os povos que seriam mais racionais, por isso o jogo britânico e espanhol não teriam a mesma agilidade e elegância do rio-platense.

A relação dialética entre Inglaterra e Argentina no futebol era percebida também pelos próprios ingleses no país sul-americano. Voltando à oposição entre os estilos industrial e pré-industrial, Borocotó relaciona o estilo criollo à natureza (ARCHETTI, 1997), habilidade dos argentinos se daria por meios naturais, intuitivos cujo seus corpos herdados pelo ar, comida, terra e pelo sangue. Para ele, a formação do estilo se dá tanto pela cultura quanto pela natureza. A criollización se dar aos descendentes dos imigrantes é um ponto em comum entre Borocotó e Chantecler, mas enquanto o primeiro atribui o ser criollo a uma característica herdada, o último diz que não se nasce criollo, se torna um. Desenvolver a criatividade e a habilidade no dribbling seria fundamental. Borocotó escreve:

“Cada país juega al fútbol como sabe hacerlo y de acuerdo con el temperamento de sus hombres, con su idiosincrasia, como siente el fútbol. ¿Por qué el pibe nuestro quiere moverla, ablandarla, hacer chiches, todo lo cual le ha dado esse maravilloso dominio de pelota que más de una vez resulta poco práctico? Porqué nació así. No se le ocuurió ser así. ¡Es así! Algo habrá en el aire, en el paisaje, en la sangre, en el asado, en el mate, pero es así. Y por otros lados el aire, la sangre, el paisaje y la alimentación son diferentes. No hay una manera de jugar al fútbol. Hay maneras.” (El Gráfico, 1950, 1618:48 in: ARCHETTI, 1997)

Jorge Brown, que foi jogador do Alumni, fala em com nostalgia sobre o futebol que era jogado na Argentina quando a influência britânica era hegemônica:

“El football que yo cultivé era una verdadera demonstración de destreza y energia. Un juego algo más brusco, pero viril, hermoso, pujante. El football moderno adolece de exceso de combinaciones hechas cerca del arco. Es um juego más fino, artístico, hasta más inteligente en apariencia, pero que ha perdido su animación primitiva… Es preciso observar que el football no es un sport de salón, ni nada parecido. Es um juego violento y fuerte en el que se ponen a prueba la resistencia física y la musculatura de los jugadores. Y este estilo ha desaparecido desgraciadamente…“ (El Gráfico, 1921, 107:11, in: ARCHETTI, 1997)

Para Chantecler, o processo de criollización é continuado a partir da tradição que se renova, protagonizada pelos próprios criollos através de suas jogadas e dribles:

“País de inmigración el nuestro, al recibir en su seno las grandes corrientes de todas las razas, ha ido asimilando cualidades de cada una para amalgarlas y darles un sello proprio. De ahí la raza nueva que glosan los intelectuales europeos cuando vienen a estudiar la psicologia de nuestro pueblo y no pueden hallarle uma idiosincrasia definida, puesto que tenemos algo de cada civilización sin pertenecer típicamente a ninguna” (El Gráfico, 1932, 652:21 in: ARCHETTI, 1997)

Os potreros são como chamam os campos quase que largados onde muitos futebolistas começam a jogar. Sem muita presença de professores ou treinadores, ao contrário dos ingleses de Buenos Aires, em que o jogo seria praticado principalmente em escolas. Com os campos muito irregulares e de vários tamanhos diferentes, muitas vezes tendo muitos jogadores reunidos em pouco espaço, a única maneira de ter a bola e conseguir jogar bem é sendo muito habilidoso e, segundo Borocotó, se convertendo em um driblador.

Tratando de territorialidade, é vital perceber que para tratar de um espaço livre e fértil para florar todas as potencialidades seja chamado de potrero. Os potreros são originalmente uma grande área livre para os cavalos comerem e andarem livremente sem os limites de cercas. Assim os potreros são territórios de liberdade. A analogia com os potreros acontece no futebol com os campos baldios nas periferias representando este espaço de liberdade. Archetti pensa os potreros como territórios de liminaridade, onde haveria poderes místicos, loucura, igualdade, inversão da autoridade, criatividade e solidariedade. Ainda nessa metáfora, os gauchos viram os pibes, que se tornariam responsáveis pelo jogo mais espontâneo e livre, com seus enganches (camisa 10) representando o jogador mais livre em campo. A importância deste jogador na cultura do país é vista nos cursos de treinador da Associação de Treinadores do Futebol Argentino passa as táticas 4-3-3 e 4-3-1-2 para serem trabalhadas nas categorias infantis, assim o enganche está sempre presente ao longo do processo formativo. Não é só por acaso que jogadores como Aimar, Riquelme e Messi apareçam sistematicamente no país. Há o imaginário que faz tantas crianças sonharem em ser o camisa 10, a cultura de futebol callejero nos potreros e uma estrutura que valoriza este jogador criativo e subversivo, algo que não acontece em todos os países. Discutir a extinção do camisa 10 na Argentina talvez não faça tanto sentido como em outros países, ou talvez seja onde mais faz. E foi com um time repleto de meias pelo centro que o tricampeonato veio, com Messi, Mac Allister, Enzo Fernández, Dybala, Lo Celso (que certamente iria não fosse a lesão) mantém o legado de La Nuestra, este jogo terrivelmente romântico.

A mitologia acerca dos gauchos, porém, assim como os potreros, importante destacar; são símbolos. O escritor argentino Adolfo Bioy Casares  chegou a escrever (Memoria sobre los Pampas y los Gauchos, de 1986) que as ideias sobre os gauchos são sonhos, personagens construídos pela literatura e cinema argentino. Podemos traçar um paralelo com os filmes de velho oeste dos Estado Unidos, que não existiu do jeito que o cinema retratava; ou também acreditar que no Brasil existiu democratização racial pela miscigenação, pensando no “futebol mulato” como resulado um processo harmonioso, consequência da tal democracia racial, que no final, põe o jogador negro com o fardo de ser o herói e símbolo da brasilidade. A CBF recentemente fez campanha agradecendo aos jogadores negros por terem vencido tanto pela Seleção, mas na derrota, perdemos por conta dos elementos das populações negras e classes populares, que atrapalham como a dança e estilo de penteado.

Voltando à Argentina, é estranho pensar na existência de verdadeiros potreros, isto é, vastos campos verdes livres, por volta dos anos 1920-30 em Buenos Aires em meio à rápida expansão urbana e demográfica. A maioria dos grandes clubes argentinos de hoje já têm seus terrenos onde construíram seus estádios há cerca de um século. Aqueles que não conseguiram espaço para construir seu estádio ficaram para trás e a maioria ainda está para trás até hoje.

No entanto, até hoje se fala de potrero porque os campinhos de várzea ou rua representam simbolicamente os vastos campos verdes livres, assim embora os campinhos podem existir como estrutura em milhares de lugares na Terra, o potrero só existe na Argentina por conta do sentido que é atribuído a ele, enquanto os campinhos em outros lugares vão receber outros sentidos.

Estes campos de várzea, de rua, que formam jogadores muito influenciados através de uma educação não-formal, existem – em diferentes escalas e formas – por todo o globo. Desde as ruas de Gelsenkirchen que formaram Özil até Rosário de Messi e Di María. Assim, quando falei de forma, foi pensando como o habitus, a estrutura que estrutura ao mesmo tempo que já é estruturada das relações humanas com o mundo ao seu redor. Ao contrário da identidade que supera a localidade e o tempo – afinal, quando pensamos no estilo argentino estamos pensando no jogo portenho relatado pelo El Gráfico entre os anos 1920-1940 – pensar no que estou chamando aqui de forma requer atribuir endereço e data para o fenômeno. Foi o que tentei fazer, apesar da limitação das fontes primárias estar ao El Gráfico, que tinha a preocupação em construir o estilo, tentei complementar a noção da forma através do processo sócio-histórico que a cidade de Buenos Aires atravessava, com o segundo nascimento do futebol na Argentina acontecendo a partir dos novos jogadores, criollos, vindos mais de uma formação não-formal no futebol, enquanto os jogadores britânicos vinham de uma educação formal nas escolas britânicas.

Lionel Messi: del niño al que le vedaban el potrero "por miedo" al astro  que siempre "eligió" a la Argentina - Infobae
Lionel Messi criança brincando com uma bola em Rosário com a camisa do seu clube do coração: Newell’s Old Boys. Antes de La Masia, a base do Barcelona, Messi veio dos potreros de Rosário.

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Gabriel Said

Formado em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestrando em Antropologia pela UFF e aluno da Associação de Treinadores do Futebol Argentino (ATFA). Participa do grupo de estudos de Futebol e Cultura, do LEME/UERJ; do grupo de Futebol e Humanidades da Universidade do Futebol e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade (NEPESS), da UFF. Além de escrever a coluna Danúbio Azul no Ludopédio, também escreve para a Universidade do Futebol. E-mail: [email protected]

Como citar

SAID, Gabriel. Hay que jugar bien y con pasión: o futebol portenho como expressão da argentinidade. Ludopédio, São Paulo, v. 163, n. 3, 2023.
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