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La Masia 40 anos: de Can Planes para o Mundo (Parte II)

Daniel Vinicius Ferreira 19 de agosto de 2019
Em cima: Victor Valdés; Sergi Roberto, Gerard Piqué, Xavi, Carles Puyol e Jordi Alba; Em baixo: Cesc Fábregas, Pedro, Iniesta, Sergi Busquets e Lionel Messi. Em destaque: Iniesta, Messi e Xavi (trio indicado ao “Ballon d’Or”, em 2010); Carteirinha de Pep Guardiola, nas categorias de base do FC Barcelona. Foto: Reprodução/Revista Barça.

Voltamos com a segunda parte do texto sobre La Masia, que neste ano (em outubro) completará 40 anos e, conforme já ressaltamos, conta até com camisa comemorativa para celebrar a data. Relembrando que, na primeira parte do texto, abordamos sobre como surgiu o edifício de La Masia, também tratamos da simbologia do casarão entre os blaugranas catalães. Comentamos, ainda, sobre a “filosofia La Masia” que se constitui ao longo dos anos, tal como o aperfeiçoamento do projeto e o surgimento de La Masia 360.

Pois hoje iremos abordar sobre o perfil do processo seletivo que tem caracterizado La Masia durante sua existência, as ameaças de perdas e o “roubo” de atletas da academia barcelonista, ao longo dos anos. Finalmente, traremos como “cereja do bolo” gráficos de quase 50 anos contemplando a proveniência de atletas na equipe principal do FC Barcelona, objetivando mensurar de alguma forma o impacto de La Masia na história do FC Barcelona e da própria globalização em termos de composição social das equipes. Como dizem os catalães: endavant!

A “meritocracia”  em La Masia

Segundo Perarnau (2011), estabeleceu-se um processo de seletivo anual de jovens promessas em La Masia, a qual incorporaria 50 (em média) jogadores ao seu final (incluindo todas as categorias). O universo inicial de análise englobaria cerca de 10 mil jovens atletas. Ao longo do processo, haveria troca de informação, sobre um mesmo atleta, entre diferentes técnicos, e essas análises ficariam todas cadastradas em um amplo banco de dados do clube (PERARNAU, 2011). Para levar a cabo tal seleção, o FC Barcelona teria uma rede de olheiros (7 na Catalunha e 14 fora do estado espanhol) que acompanhariam 26 ligas estrangeiras, mais a liga espanhola. Além disso, havia também a atração que a própria marca La Masia fazia, por si mesma, para “trazer informações” de novos atletas. Apesar da abrangência global, o clube intensificaria a procura de atletas em três raios de atuação (Catalunha, Espanha e Mundo), mas com mais força (e dando aí preferência aos jogadores mais novos) na Catalunha (depois Espanha e Mundo, respectivamente).

Fonte: Reprodução/Revista Barça (2011).

Também, por essa época, o clube intensificou a estratégia de criar escolinhas de futebol para além da Catalunha, mirando os cinco continentes do mundo, reunindo a filosofia barcelonista idealizada em La Masia e associando-se a parceiros locais. Em 2019, contabilizavam-se 49 escolinhas desse tipo pelo mundo, que atendiam crianças e jovens de 6 a 19 anos, perfazendo um total de cerca de 45 mil jogadores (EL PERIODICO, 2019). Muitas dessas escolinhas não tinham o objetivo principal de captar novos talentos, mas disseminar os valores do clube investindo no “marketing social engajado” (ao que parece, seguindo o que Philip Kotler chamaria de marketing 3.0), com destaque para ações sociais que visavam a promover a educação em locais carentes, através do desporto e com o apoio local, fundações sociais e mesmo jogadores estrangeiros do clube, que começariam a apadrinhar os projetos, como a Fundação Eto´o, por exemplo. 

Também nessa direção, segundo Ginesta (2011), ainda em 2011 o clube catalão também havia criado uma rede de doze centros XICS (Xarxa Internacional de Centres Solidaris) divididos entre: Senegal, Mali, Burkina Faso, Marrocos, Equador, Brasil, Índia, México, Malawi e Catalunha, mas também em Santa Coloma de Gramanet e no bairro do Carmel, ambos na cidade Barcelona. As Memórias do Clube de 2009-10 (2010), afirmavam que o FC Barcelona tinha escolas no México (Monterrey, Puebla, Cancún, Chihuahua e León), no Oriente Próximo (Egito, Kuwait, Dubai) em Fukuoka (Japão) e Hong Kong. Todo esse universo acabaria contemplado também no processo seletivo de La Masia, dialogando (ao mesmo tempo) com toda a estrutura e filosofia da academia barcelonista, para a formação de atletas.

Fonte: Reprodução/Revista Barça (2008).

Vale destacar que a cidade (e a própria província) de Barcelona seria historicamente um polo de formação de atletas: por exemplo, em clubes de referência como da cervejaria Damm, San Gabriel, Gramenet, Cornellá e o próprio RCD Espanyol. Nessa prespectiva, antes de ascender La Masia, e também depois, o clube trabalharia em parceria com equipes filiais na formação de jogadores. Ao longo dos anos, houve (por isto) muita disputa entre os clubes na “caça” de jovens promessas locais, mas também uma maior especialização. Por outro lado, um relato de um dos pioneiros de La Masia, Laureano Ruiz, traria um relato no mínimo instigante. Segundo ele, as novas gerações catalãs de jogadores estariam se tornando “mais sedentárias” em relação às do continente africano, não desenvolvendo tanto as habilidades motoras. Nessa perspectiva, em uma reportagem na Revista Barça, em 2008 ele afirmaria:

“’Antes un niño se podía pasar ocho o diez horas jugando en la calle, ahora lo hacen con los videojuegos. Por eso, hace tiempo que digo que África es el futuro, porque allí a los jóvenes los sobra espacio para correr y jugar´, argumenta Laureano. Esta apuesta la comparten por los responsables del fútbol base azulgrana. De hecho, en los equipos de la cantera del club hace años que juegan chicos de origen africano procedentes de familias que abandonan sus países de origen para buscar trabajo en el continente europeo.” (REVISTA BARÇA, Out. 2008: 29).

É uma declaração a se pensar… inclusive se fizermos um paralelo com a seleção francesa que venceu a última Copa, cuja maioria dos atletas eram franceses de descendência africana, ou nascidos na própria África. 

Elenco titular do FC Barcelona, momentos antes de iniciar a partida contra o Almeria na temporada 2008-09. Da esquerda para a direita: Lionel Messi, Xavi Hernández, Daniel Alves, Rafael Márquez, Carles Puyol, Víctor Valdés, Samuel Eto’o, Yaya Touré, Andrés Iniesta Luján, Thierry Henry y Éric Abidal. Foto: Wikipedia.

Em 2011, 40% dos garotos que residiam em La Masia eram estrangeiros (de variadas procedências). Entre os 51 estrangeiros que La Masia havia recebido até 2008, contabilizavam-se (como maioria) 27 africanos e 11 latino americanos (com destaque para brasileiros e depois argentinos). Das categorias menores, até as mais avançadas, o perfil era uma grande circulação de jogadores (novas incorporações e frequentes saídas), de modo que historicamente poucos foram os jogadores profissionais que percorreram todas as etapas de La Masia. Isto também provocaria ciclos duros afetivamente de despedidas entre gerações de jogadores, muitos deles que geralmente já estavam longe das famílias, acostumados em um ambiente extremamente competitivo, de extenuantes rotinas de treinamentos (e da cultura do esforço) preparados (e cobrados) para triunfar sempre, além de aprender a lidar com a pressão emocional, desde a sua entrada naquele circuito.

Entretanto, historicamente (em 2011), as estatísticas mostrariam que apenas cerca de 10% dos jogadores de La Masia chegaram a vestir a camisa da 1ª equipe, e que isto também não significou terem permanecido no time (esta porcentagem provavelmente baixou, desde 2011). Outros 10% jogaram na 1ª divisão de alguma equipe espanhola ou europeia, e 35% deles na 2ª divisão. Outros 45%, jogaram em categorias inferiores, ou abandonaram o futebol em favor de outra profissão. Segundo Perarnau (2011), de toda a seleção anual que o clube passou a fazer (reunindo, inicialmente, 10 mil atletas) apenas 5 deles vestiriam a camisa da equipe principal, (e só um seria titular indiscutível), além da chance ser extremamente baixa de serem revelados atacantes. Dentro desse ambiente, o triunfo de um “canterano” fora sempre celebrado como prêmio por todos aqueles que conformavam o universo de La Masia. Segundo Perarnau, ainda em 2011:

“’El Barça es una idea de juego, un modelo metodológico y una institución levantada sobre piedra y valores formativos. Ideas, métodos, piedras, valores y personas. Una infraestructura social que permite formar moral, intelectual y deportivamente a jóvenes en busca de la felicidad, dispuestos a invertir el 100% de ellos mismos en este proyecto. La Masia, ciudad blaugrana, con sus habitantes y su idioma. Marco referencial de una sociedad culé que, en los últimos treinta años, ha albergado en esa residencia a 514 jóvenes, 458 de ellos españoles (217 catalanes y 241 del resto de España) y 56 extranjeros. El balance provisional nos dice que exactamente 60 de ellos cumplieron sus sueños, disputando partidos oficiales con el primero equipo, algo más del 11% (contabilizando amistosos, el porcentaje alcanza el 14%.” (PERARNAU, 2011).

Ou seja, La Masia constituiu-se (até 2011) como uma estrutura cuja maior parte dos jogadores (cerca de 90%) não atuou no clube. Quase metade (45%) sequer figurariam no futebol de alto rendimento. Porém, seria o clube que mais utilizaria atletas formados nas categorias de base entre os clubes de ponta da Espanha (REVISTA BARÇA, 2008). Historicamente, a estrutura de La Masia não fora preparada para vender os jogadores, mas essencialmente para formar e utilizá-los. Entretanto, o clube acabou negociando alguns atletas que formou, inclusive envolvendo quantias consideráveis e para clubes destacados. Entre eles, destacamos: Marc Bartra adquirido pelo Borussia Dortmund, por € 8 milhões em 2016; Adama Trauré ao Aston Villa em 2014 (€ 10 milhões); Thiago Alcântara negociado junto ao Bayern de Munich em 2013 (€ 25 milhões); Bojan Krkic, que custou € 12 milhões ao Roma em 2011, mesmo ano em que Oriol Romeu (2011) foi para o Chelsea por € 5 milhões. Giovani dos Santos, comprado (2008) pelo Tottenham por € 6 milhões, entre outros.

Compromisso com a formação humana/intelectual e as “joias roubadas”

O que muito se destaca (e é muito enfatizado por torcedores do clube, tal como pelos seus órgãos institucionais, como revista e museu), é que La Masia havia se constituído como um centro de formação integral do jogador em termos de valores intelectuais, morais e desportivos. Isto inclusive foi incorporado a identidade corporativa do clube em 2012, através do mote “esforço, ambição, respeito, trabalho em equipe e humildade” (conforme já demonstramos anteriormente). Dessa forma, à “filosofia La Masia”, do jogo bonito e coletivo (em que figuram como ícones mentores Laureano Ruiz, Johan Cruyff e Pep Guardiola), acabou se entrelaçando (e reforçando-se também, ao longo dos anos) aos princípios de formação humana (vale lembrar que já na época de surgimento de La Masia, em 1979, havia a proposta de formação humana, embora fosse ainda menos sofisticada). Nesta trajetória, também, é preciso fazer menção à chamada Declaração de Nice de 2000, quando o Conselho Europeu instituiu que os esportes tinham funções sociais para a União Europeia, o que certamente repercutiu no modelo de La Masia, tal como em sistemas de categorias de base de outros clubes do interior do bloco europeu.

Fonte: Reprodução/Revista Barça (2008).

Seguindo esta perspectiva, em um dia típico de La Masia, os atletas mais jovens passariam a maior parte do tempo em compromissos escolares, formativos ou acadêmicos, do que esportivos. Com esta filosofia, o “sistema” acabaria por representar uma oportunidade de formação ao indivíduo, qualquer fosse o resultado: consagrando-se ou não como um atleta de alto rendimento. Nesse sentido, teria (inclusive) uma das maiores taxas de atletas com curso superior entre os clubes de ponta na Europa, com o clube bancando inclusive bolsas universitárias para os jovens atletas. Dentro dessa perspectiva, valorizava-se jogadores “receptivos”, dispostos a aprender e a esforçar-se, respeitosos na convivência social e responsáveis com os mais novos de La Masia. Também, que fossem inteligentes e que desportivamente tivessem boa técnica (secundarizando-se o tamanho ou a força física). Ainda, teria-se a preocupação em preparar (e deixar claro aos atletas, e a família deles) sempre a maior possibilidade de o jogador acabar indo para outro clube, ou mesmo seguir uma outra carreira fora do esporte. Essa preocupação com a “formação integral” do atleta seria inclusive uma estratégia do clube para evitar perdas de jogadores promissores, já que o clube teria como filosofia não pagar somas vultosas para manutenção de atletas destacados.

Fonte: Reprodução/Revista Barça (2011).

Vale pontuar que um dos maiores problemas enfrentados pelo FC Barcelona seria o assédio de outras equipes de ponta, aos seus jogadores da base, em particular clubes ingleses (PERARNAU, 2011; SORIANO, 2010). Isto porque na Inglaterra os clubes, segundo a lei do país, não poderiam investir em jogadores canteranos que estivessem além de 100 km de raio da sua sede, e portanto “arregimentariam” fora da Ilha Britânica; lá os contratos também teriam uma tradição de serem firmados muito cedo (até mesmo desde as categorias infantis), além de uma maior preferência em adquirir jogadores semi-prontos. Cesc Fàbregas e Gerard Piqué (da mesma geração de 1987, de Messi), por exemplo, foram jogadores de La Masia que deixaram o clube (para o Arsenal e Manchester United, respectivamente), no período de transição entre a gestão Joan Gaspart (2000-2003) e gestão Laporta (2003-2010), um momento de crise econômica da equipe blaugrana. Os dois “canteranos” depois retornaram ao FC Barcelona quando Guardiola figurava como técnico. Piqué voltaria em 2008/09, e Cesc em 2011/12, este último inclusive em um ritual dramatizado como “o bom filho à casa torna”.

Recentemente, entretanto, o FC Barcelona resolveu oferecer um contrato milionário a Ilaix Moriba, nascido na Guiné Bissau, formado em La Masia, de 16 anos, com o objetivo de evitar a perda do jogador a outras equipes (UOL, 2019). Isto pode ser o prenúncio de uma mudança na política administrativa da estrutura formativa, que nos último anos parece ter se ressentido da perda de jogadores promissores para outros clubes europeus antes de chegarem a equipe principal (somado ao considerado baixo índice de revelações nos últimos 6 anos).

Entre essas perdas, destacam-se: Fran Mérida, catalão, que saiu de La Masia com 15 anos, “roubado” pelo Arsenal (2005); Dani Pacheco, que partiu com 16 anos, “adquirido” pelo Liverpool (2007); Hector Bellerín e Jon Toral, catalães, com 16 anos que deixaram a base barcelonista em direção ao Arsenal (2011); Dani Olmo (catalão), que fora antes “captado” do rival citadino Espanyol, mas abandonou La Masia com 16 anos, destino ao Dínamo de Zagreb (2014); Jordi Mboula (catalão, filho de mãe congolesa e pai espanhol), que com 18 anos saiu do clube em direção ao Monaco (2017); Sergio Gómez, catalão, com 17 anos que foi incorporado ao Borussia Dortmund; Mateu Morey, 19 anos, que também partiu rumo ao Borussia Dortmund (2019); os catalães Eric García e Adrià Bernabé (ambos contratados pelo Manchester City, com 16 anos); Xavi Simons de 16 anos, holandês, que assinou com o Paris Saint Germain (2019). Uma história realmente interessante é de Takefusa Kobu, nascido no Japão, considerado um novo fenômeno e cujo apelido seria “Messi Japonês”: havia sido incorporado ao barça em 2011, com 10 anos, mas diante da ameaça da FIFA em punir o clube, em 2014 (por contratar atletas menores de idade) foi liberado e voltou a jogar no Japão, sendo adquirido pelas categorias de base do Real Madrid em 2019.   

Os números de La Masia e as composições sociais da 1a equipe do FC Barcelona, desde os inícios da década de 1970

Entre as temporadas 1972/1973 e 1973/1974, o governo do Estado espanhol passou a permitir que as equipes do país pudessem jogar com dois estrangeiros nos seus quadros na Liga (na Copa do Rei somente a partir de 1977). Anteriormente, entre os estrangeiros, apenas jogadores descendentes de espanhóis poderiam jogar pelas equipes: valia a chamada “Normativa de los Oriundos” (embora esta normativa fosse frequentemente “manobrada” com descendências forjadas). É a partir desse momento (1972/1973) que escolhemos fazer uma análise do impacto de La Masia na história do FC Barcelona, que seria inaugurada (lembremos) apenas em 1979. Antes de 1979, entretanto o clube já tinha categorias inferiores. Vejamos os gráficos que retratam o perfil da equipe principal do FC Barcelona, no período:

*’Só Espanhóis’: nascidos na Espanha (inclusive catalães), sem outra nacionalidade. Fonte: Transfermarkt (2019); BDFutbol (2019) *Ressalva-se que este gráfico seja visto mais como uma projeção, e não em termos exatos (foram encontradas pequenas divergências de dados entre outras fontes consultadas).

Em 1972 (antes de La Masia), o clube já tinha um canterano consagrado na equipe e ídolo da torcida, o catalão Carles Rexach (debutou em 1964/65). Rexach depois prestaria vários serviços ao FC Barcelona na parte técnica, inclusive como parceiro de Johan Cruyff quando este foi técnico dos blaugranas (1988-1996). Em 1976, Laureano Ruiz (o precursor de Cruyff, no que sería a “filosofía La Masia”) ascenderia como técnico no FC Barcelona e promoveria alguns atletas, entre eles Tenté Sanchez (“bajito pero con ganas”), já sob a ideia da habilidade (e o toque de bola) predominar sobre tamanho e a força do atleta. Sanchéz debutou na temporada 1975/76, ficando 10 anos na equipe titular. Já o primeiro atleta que estreou na equipe principal efetivamente vindo do “casarão de La Masia”, seria Angel Pedraza. Ele mudou-se para o edifício-casarão em 1979 (também um dos primeiros hóspedes), debutando já no ano seguinte, na temporada 1980/81 (DOMENÉCH, 2011).    

Ao longo dos anos, é interessante notar que não apenas os jogadores formados na base do clube aumentam, como o próprio número de catalães, na equipe principal, também ascende. Ou seja, o Barça que se globalizou se tornou também um Barça mais catalão e mais formativo.

Nessa perspectiva, em 25 de novembro de 2012 Tito Vilanova conduziria uma equipe apenas de jogadores formados na base do clube, numa partida em que venceu por 4 a 0 o Levante, fora de casa. Naquela ocasião o Barça alinhou: Valdés; Montoya, Piqué, Puyol, Jordi Alba; Xavi, Busquets, Cesc; Pedro, Messi e Iniesta (ROJO, 2019). Antes, em 2011 (ainda com Guardiola), o clube blaugrana já havia conquistado sua 4a Champions League, jogando a final (que venceu por 3 a 1, sobre o Manchester United, em Wembley) com 9 “canteranos” em campo (11 relacionados). E na final de Roma, em 2009, já tinham sido 7 jogadores da base em campo (FOTHERINGHAM, 2011). Mas o maior momento de consagração simbólica de La Masia parece ter sido mesmo em fins de 2010, quando três atletas formados pela estrutura, tinham sido indicados ao prêmio Ballon d’Or (Bola de Ouro): Iniesta, Xavi e Messi (que seria o vencedor).

Esse fortalecimento do catalanismo e de jogadores da base na equipe principal é crescente e notável pelo menos até  2012/2013, quando se percebe um declínio no uso de atletas vindos de La Masia, e mesmo de catalães na primeira equipe. O último jogador vindo da base (e que ultrapassaria a barreira dos 100 jogos na 1a equipe), efetivamente, parece ter sido Jordi Alba, que na verdade, havia retornado ao clube. Ou seja, nenhum jogador de La Masia se consolidou na equipe principal do clube (e como uma grande revelação) após 2013. Se visualizarmos o gráfico acima, há mesmo uma sensível queda de jogadores estreantes, vindos da base a partir de 2011/12. Mas isto, por si só, não explicaria a diminuição de atletas que se firmam, pois nos anos anteriores o clube teve mais jogadores que se consolidaram na equipe principal, com índices parecidos de estreias. 

Se focarmos nos números, eles nos dizem que Pep Guardiola (2008-2012) lançou 22 jogadores na equipe principal; Tito Vilanova (2012/13) lançou 1 canterano; Tata Martino (2013/14) promoveria 3 atletas; Luis Enrique (2014-2017) concedeu 14 estreias; Ernesto Valverde (2017- até o momento) “debutou” 9 esportistas. Valverde, por outro lado, seria muito criticado por alinhar “um 11” culé sem nenhum canterano, em 2018, fato que não ocorria desde 2002. Somado a isso, por ocasião do pedido de demissão de Sandro Rosell, em 2014 (devido a irregularidades na aquisição de Neymar) e ascensão de Josep Maria Bartomeu à presidência, houve uma grande reformulação do corpo técnico de La Masia. Isto pode ser um dos fatores que explique a queda de “produção” da academia barcelonista. O próprio Barça B também decaiu nesse período, sendo rebaixado de divisão por duas vezes (LESTRE, 2018; QUINTANA, 2019). Tem havido muita crítica e questionamentos a gestão Bartomeu, nesse sentido, seja na mídia catalã ou no chamado entorno barcelonista. O discurso em evidência é de que La Masia foi esquecida, declinou e o clube passou a esbanjar dinheiro em contratações milionárias: um modelo que não seria sustentável para o FC Barcelona. Recentemente, inclusive, o ex-presidente Laporta (2003-2010) daria uma entrevista ao periódico AS, afirmando:

“No hay proyecto, no hay modelo, Bartomeu está a punto de quebrar. Y nuestro único proyecto deportivo es ir al mercado a gastar un dinero que no tenemos para insistir en una huida hacia adelante que le permita a la directiva mantenerse en el poder (…) No se está trabajando en la planificación de la Masía, no se está haciendo un trabajo serio con los jóvenes, que son fundamentales. Con la paciencia y las oportunidades necesarias, el talento prospera. Y más en el Barça, que tenemos chicos de todo el mundo que quieren jugar con nosotros”. (LAPORTA, 2019, online).

Outras argumentações também aparecem: afirma-se, por exemplo, que um maior controle da FIFA, a partir de 2014, pode ter atrapalhado a incorporação e posterior revelação de novos atletas; a “falta de lugar” na equipe principal (com atletas consagrados da própria La Masia) poderia obstacularizar oportunidades e a consagração de uma geração mais nova, o que ajudaria a explicar o porquê de alguns atletas promissores deixarem o clube; ainda, que o clube passou a privilegiar resultados e não a formação, como método; finalmente, também se diz que até mesmo uma crescente maior voracidade dos agentes dos jovens atletas, e também deles próprios (ao longo dos últimos anos), que estariam orientando aos seus jogadores e procurado utilizar La Masia apenas como “vitrine”, para futuras boas negociações com outros clubes.

Ainda parece prematuro, entretanto, afirmar esse enfraquecimento como uma tendência contínua. De todo modo, fica o registro de que a geração de 1995 havia superado, na base, todos os recordes em termos de conquistas de equipes anteriores (inclusive a de Piqué, Fábregas e Messi, a geração de 1987) e era esperada como a “maior safra da história”, mas acabou não consolidando nenhum jogador na equipe principal. Muitas de suas promessas figuram hoje em equipes secundárias do futebol europeu, como (por exemplo) Sergi Samper, no Granada ou Sandro no Málaga (MARQUES, 2017). Recentemente, o FC Barcelona contratou Patrick Kluivert, holandês ex-ídolo barcelonista, com o objetivo de reestruturar a academia barcelonista (MUNDO DEPORTIVO, 2019).

Vale destacar, também, que a inflexão crescente de jogadores formados em La Masia não se deu por atletas necessariamente catalães ou nascidos na Espanha: como Iniesta (debutou em 2002/03) e Pedro, (que debutou em 2007/08) ambos nascidos fora da Catalunha. Ou os estrangeiros: Thiago Alcântara (debutou em 2008/09), filho do jogador brasileiro Mazinho (tal como seu irmão, Rafinha, também de La Masia), mas nascido na Itália; Jonathan Santos (debutou em 2009/10) mexicano, cujo irmão Giovani seria outro formado em La Masia e que havia estreado anos antes; o israelita Gai Assulin (debutou em 2009/10); o venezuelano Jeffren (debutou em 2006/07); o sérvio Bojan Krkic (debutou em 2007/08), e claro o fenômeno argentino Lionel Messi, que estreou na equipe principal em 2004/2005, entre outros.

Lionel Messi. Foto: Reprodução/Revista Barça (2011).

Há alguns casos que refletem já processos avançados de imigração e mobilidade internacional, como Munir El Haddadi (debuta em 2014/15 na equipe principal), nascido em Madri mas filho de marroquinos, e que é incorporado a La Masia ainda jovem, após passar pela base do Atlético de Madrid e Sevilla; Adama Traoré (debuta em 2013/14 na equipe principal) catalão, mas filho de malineses; e Marc Crosas (debutou em 2006/07), também catalão mas descendente de mexicanos. Também os camaroneses Wilfrid Kaptoum (debutou em 2015/16) e Jean Marie Dongou (debutou em 2013/14), ambos que chegaram às categorias de base do clube a partir da Fundação Eto’o. E ainda, Ludovic Sylvestre (que debutou em 2005/06), francês descendente de Martinica, que na verdade foi contratado na transição de amador/profissional, e estreia no clube já no Barça B. Nesta perspectiva, cumpre destacar que a Espanha e a Catalunha (e é claro, já antes a própria Europa ocidental, em um movimento mais complexo) tornaram-se locais receptores de uma grande leva de imigrantes, desde fins da década de 1980 (acentuando-se esse movimento em fins de 1990, mas com declínio após a crise de 2008), sobretudo de imigrantes de fora da União Europeia e que vinham, geralmente, de países em desenvolvimento. Em 2010, a Catalunha teria 14% da população estrangeira, e a Espanha 12% (IDESCAT, 2019; GOZÁLVEZ PÉREZ, 2012).   

Entre outras carreiras destacadas de jogadores formados em La Masia, vale fazer a referência aos atletas: Guillermo Amor (debutou em 1988/89), Pep Guardiola (debutou em 1989/90), Sergi Barjuan (debutou em 1992/93), Iván de la Peña (1995/96), Carles Puyol e Xavi (debutaram em 1997/98), Thiago Motta e Victor Valdés (debutaram em 2000/01), Oleguer Presas (debutou na equipe principal em 2002/03, catalão que recusou-se à servir a seleção da Espanha), Albert Jorquera (debutou em 2003/04), Sergio Busquets (debutou em 2008/09), Sergi Roberto (debutou em 2010/11), Rafinha (também filho do ex-jogador brasileiro Mazinho, e irmão de Thiago Alcântara; debutou em 2011/12) e Sergi Samper (debutou em 2014/15). Todos estes catalães, com exceção de Iván de La Peña, Thiago Motta e Rafinha.  

Um caso curioso, no meio destes, é o de Jordi Alba. Alba estreou no Barça em 2012/13, mas contratado, embora tenha iniciado nas categorias inferiores de La Masia. Isto ocorreu porque ele fora dispensado em 2005, pela sua estatura (mesmo no Barça isso aconteceu). Com uma reviravolta na carreira, o jovem atleta reapareceria de forma destacada no Valencia, anos depois.  

Fonte: Transfermarkt (2019); BDFutbol (2019). *Ressalva-se que este gráfico seja visto mais como uma projeção, e não em termos exatos (foram encontradas pequenas divergências de dados entre outras fontes consultadas).

Sobre o gráfico acima, destacamos a inflexão crescente de atletas estrangeiros (e o crescimento de atletas descendentes de europeus, de países da União Europeia) após a Lei Bosman (em 1995, quando atletas de dentro da União Europeia deixaram de serem contabilizados como estrangeiros, em países dentro do bloco), e em alguns momentos (a partir de então) os estrangeiros perfazem mais atletas que aqueles nascidos dentro do Estado espanhol. Outra menção é a do protagonismo de atletas provenientes da América do Sul, ou nascidos em países da própria Comunidade/União Europeia (muitos de pais estrangeiros). Neste particular, vale menção a uma grande quantidade de holandeses (parte deles descendentes de Suriname) no FC Barcelona em fins da década de 1990 (8 registrados nas temporadas 1998/99 e 1999/00), que inclusive provocaria críticas públicas de Jordi Pujol (então o presidente da Generalitat) pela falta de jogadores catalães na equipe então conduzida por Van Gaal. 

O gráfico demonstra, também, uma certa inflexão positiva de atletas ligados à África, mas esta inflexão seria um pouco maior caso fossem considerados não apenas os expatriados (nascidos na África) mas também os atletas europeus de descendência direta do continente africano. Neste caso, por exemplo, entrariam Ousmane Dembelé (francês, filho de mauritaneses/senegaleses) Nelson Semedo (português, descendente de cabo-verdianos) ou Ibrahim Affelay (holandês, filho de pais marroquinos). Situação correlata provavelmente se passaria com os atletas europeus descendentes diretamente de pais nascidos em países da América Central: este seria o caso, por exemplo, dos franceses Éric Abidal e Thiery Henry.

Aqui, vale explorar um pouco sobre os padrões mundiais de mobilidade no interior do campo esportivo dos atletas expatriados (jogadores que jogam foram do país onde nasceram). Uma pesquisa recente no CIES (2019) revelaria que os três maiores países exportadores de jogadores seriam: Brasil, França e Argentina (nessa ordem), de modo que quase 1/4 dos jogadores estrangeiros no mundo (atualmente) viriam desses três países. Chama a atenção o caso francês e cogita-se que reflita (neste caso) imigração de franceses que eram filhos de não europeus, com  destaque para imigrantes em busca de melhores oportunidades, em particular vindos de ex-colônias francesas. Entre os continentes (ou regiões continentais), os principais pólos exportadores pareceram ser América do Sul, África e Europa (um fluxo no interior do próprio continente, e destacado no sentido leste-oeste).  Segundo Giulianotti e Robertson (2009), este tipo de mobilidade ficou demarcado também por outros padrões específicos. Geralmente, clubes ingleses contrataram mais no Reino Unido, na Irlanda, na Europa ocidental e na Escandinávia. Ibéricos geralmente buscaram latino-americanos baratos e talentosos. Destaca-se também trânsitos entre antigas colônias e metrópoles (como entre França e países da África, ou a ida de muitos brasileiros para Portugal). No caso da Espanha, essa teria notabilizado-se por receber atletas especialmente da Argentina, França e Brasil, nessa ordem. 

Finalmente, considerado o fortalecimento na formação de atletas nesses 40 anos de La Masia, o FC Barcelona também se notabilizou (paralelamente) durante a globalização, como um clube contratador de atletas protagonistas e “estrelas”: como, por exemplo, adquirindo Johan Cruyff em 1973; Diego Maradona, em 1982; Gary Lineker e Mark Hughes, em 1986; Michael Laudrup e Ronald Koeman, em 1989; Hristo Stoichkov em 1990; Romário em 1993; Ronaldo Nazário em, 1996; Javier Saviola em 2001; Ronaldinho Gaúcho em 2003; Zlatan Ibrahimovic em 2009; Neymar em 2013; Luis Suárez, Ivan Raktic e Ter Stegen em 2014; Samuel Umtiti e Philipe Coutinho em 2016; Nelson Semedo e Ousman Dembelé em 2017, e Antoine Griezmann em 2019 (entre tantos outros).

Por hoje ficamos por aqui. Esperamos que tenham gostado! Até a próxima!

Foto: Reprodução/Revista Barça (2006).

Referências

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Nota

Agradecimentos especiais ao Victor de Leonardo Figols pela contribuição com o texto.

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Daniel Vinicius Ferreira

Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná e Universitat Autònoma de Barcelona (doutorado sanduíche). Estuda a questão das identidades, pertencimentos e a globalização do futebol.

Como citar

FERREIRA, Daniel Vinicius. La Masia 40 anos: de Can Planes para o Mundo (Parte II). Ludopédio, São Paulo, v. 122, n. 21, 2019.
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