156.11

Léo – Estirpe de Guerreiro

Lucas Rocha Oliveira 10 de junho de 2022

O que você acharia de ter em seu time um centroavante que já movimentou mais de 20 milhões de euros em transferências, campeão espanhol pelo Atlético de Madrid, com passagens pelo Real Bétis e Villarreal? 

O torcedor santista se empolgou com Léo Baptistão. O jogador – que chegou com toda essa  pompa -,além de ser parça do Neymar – maior ídolo recente do clube e da seleção -, declarou-se santista e causou euforia ao torcedor carente de um exímio camisa 9. Após a saída da promessa Kaio Jorge por um valor muito abaixo do mercado, o Santos precisou correr atrás de uma oportunidade de mercado, e achou Léo uma possibilidade de acalmar a torcida santista e de balançar as redes adversárias.

Entretanto, o caminho não era fácil. Além da demora para estrear, pois veio do mercado chinês, Baptistão chegou num cenário horripilante. O time enfrentava um péssimo momento na liga nacional, e se lesionou logo no início de sua era com a camisa do Santos. Aos trancos e barrancos, fez 8 jogos na temporada sem estufar o barbante, e sem contar assistências. Não demorou para a torcida desconfiar.

Como se não bastasse, 2022 não parecia apresentar melhores condições para o atacante, muito pelo contrário, pois além da desconfiança da torcida, Léo Baptistão enfrentou e enfrenta a concorrência de muitos jogadores, como Marcos Leonardo (prodígio da base da vila), Rwan Secco, que fez uma excelente Copinha, fora os atacantes que desempenham outras funções: Lucas Braga, Ângelo e Lucas Barbosa. A chegada de Ângulo e Julio prometia trazer mais disputa por um lugar no ataque santista, mas não foi o que aconteceu.

Léo Baptistão
Foto: Reprodução/Twitter/@SantosFC

Baptistão venceu todas as adversidades para se tornar um nome certo na escalação titular, e hoje, no Brasileirão, faz uma dupla impressionante com Marcos Leonardo: em 7 jogos no Brasileirão, soma 2 gols e 2 assistências, sem falar que já ganhou gritos da torcida quando dentro de campo, e reclamações quando fora. O Santos não está em seus melhores dias, mas se tem dias bons, Léo tem influência nisso.

O episódio marcante nessa trajetória deu-se no jogo decisivo da Copa Sulamericana, em que o atacante se envolveu numa briga ao término do jogo, tanto com jogadores quanto com o juiz para dar mais acréscimo. Mostrou-se um torcedor dentro de campo, e guerreou para que o Santos saísse vitorioso – e deu certo. Se não convenceu pela habilidade, conquistou pela entrega.

Se Léo Baptistão continuará sendo o xodó do torcedor alvinegro praiano até o final da sua temporada, não sei dizer. O que sei, é que hoje, conquistou a confiança e a vaga de titular, mostrando ter o talento que o credenciou como promessa desde sua chegada ao futebol europeu. Pode não ser o Neymar, nem um menino da vila de formação, mas o parça do Ney se mostra um menino da vila de coração, e isso cativa.

Para o Santista, Léo é codinome de guerreiro, haja vista o ídolo e multicampeão lateral esquerdo, que viu que o Barcelona realmente era tudo aquilo mesmo. Léo Baptistão é guerreiro, perdeu do Barcelona diversas vezes, só falta ser multicampeão pelo Santos. Que logo, nem isso falte.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 16 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Lucas Rocha Oliveira

Formado em Educação Física pela UNESP Bauru em 2019. Mestrando no programa "Educação Física e Sociedade" da UNICAMP. Estudante e amante do futebol.

Como citar

OLIVEIRA, Lucas Rocha. Léo – Estirpe de Guerreiro. Ludopédio, São Paulo, v. 156, n. 11, 2022.
Leia também:
  • 177.28

    A camisa 10 na festa da ditadura

    José Paulo Florenzano
  • 177.27

    Futebol como ópio do povo ou ferramenta de oposição política?: O grande dilema da oposição à Ditadura Militar (1964-1985)

    Pedro Luís Macedo Dalcol
  • 177.26

    Política, futebol e seleção brasileira: Uma breve reflexão sobre a influência do futebol dentro da política nacional

    Pedro Luís Macedo Dalcol