132.27

As colagens que vêm de Belgrado: a arte de Marija Markovic

Thiago Cassis 12 de junho de 2020

É bem possível que você já tenha cruzado com as impactantes colagens futebolísticas de Marija Markovic em algum lugar. Daily MirrorLe Monde DiplomatiqueFox Deportes (Espanha), Vice, e até aqui mesmo, na Pelota, no artigo sobre a Iugoslávia de 1992 publicado no mês passado. A artista sérvia, de 32 anos, tem chamado atenção ao redor do mundo pela beleza de suas composições. Fomos, então, bater um papo com ela para saber mais sobre a sua trajetória e inspirações.

“Tudo começou em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil. Alguns meses antes de iniciar a Copa eu criei pôsteres de futebol sem nenhum motivo em especial e as pessoas prestaram atenção no que eu produzia”. Segundo a artista, foi assim que sua “viagem no futebol começou”.

Marija nasceu e cresceu em Belgrado, que era Iugoslávia e hoje faz parte da Sérvia. Ao perguntarmos sua principal referência do futebol local, ela é bem direta.

“É definitivamente o Estrela Vermelha. Em geral, minhas primeiras memórias relacionadas ao futebol são do Estrela Vermelha e é meu clube favorito desde que eu tomei consciência da sua grandeza, especialmente depois de nós vencermos a Copa Europeia (Champions League) na cidade de Bari, em 1991. Eu tinha apenas 4 anos de idade quando esse momento histórico aconteceu. E não apenas por isso, mas também por muitas outras razões o Estrela Vermelha será sempre o clube mais especial do mundo para mim”.

Marija aponta o clube como o símbolo de Belgrado, da Sérvia e, antes, da Iugoslávia.

Quando nos debruçamos sobre o trabalho produzido por Markovic, é impossível não notarmos a forte influência do Mundial de 1998 em suas obras, assim como do futebol brasileiro daquele período. “A Copa do Mundo na França (98) é algo que ficou marcado na minha cabeça como um espetáculo de futebol que nunca será ultrapassado por nenhuma outra Copa”. Para ela, a Copa do Mundo de 1998 tinha os melhores times e uma atmosfera especial, “toda a estética daquele torneio é memorável”, mas ela menciona que “a Copa de 90, na Itália, e a Eurocopa de 2000, disputada na Bélgica e na Holanda, são inspirações para mim também”.

Colagens de Marija Markovic.
Colagens de Marija Markovic.

Já sobre o futebol do Brasil, ela coloca Ronaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho como “três mágicos que serão sempre uma referência de futebol criativo”. O futebol do nosso país, em sua visão, é uma “mistura cheia de cores e de criatividade, com velocidade e adrenalina”. A artista, além dos jogadores que citou, já ilustrou peças com Sócrates, Zico, Pelé, entre outros. Sobre os clubes locais, Corinthians e Flamengo chamam mais sua atenção. “Não posso deixar de citar o Doutor Socrátes”, diz com admiração a ilustradora sérvia.

Colagens de Marija Markovic.

Mas o que toca nos fones de ouvido do belo trabalho de Marija Markovic? Ela responde que encontrou uma conexão muito forte entre o punk rock e o futebol, e que em termos de bandas:

“Cockney Rejects, The Business, 4 Skins, Madness, The Specials, The Clash e The Smiths são algumas das bandas que ainda me inspiram enquanto eu produzo minhas obras atualmente, assim como me influenciavam quando eu era mais nova”.

Então, como cantou Morrissey, “There’s a light that never goes out”… e que essa inspiração siga envolvendo as produções de Marija.

 As produções de Marija podem ser acompanhadas da música Our House de Madness:


A Revista Pelota em parceria com o Ludopédio publica nesse espaço os textos originalmente divulgados em sua página do Medium.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Thiago Cassis

Thiago Cassis é jornalista e apaixonado pelos botões da vida e das quatro linhas. Registra essas histórias aqui e ali como editor da Pelota.

Como citar

CASSIS, Thiago. As colagens que vêm de Belgrado: a arte de Marija Markovic. Ludopédio, São Paulo, v. 132, n. 27, 2020.
Leia também:
  • 131.47

    A desintegração iugoslava dentro das quatro linhas

    Guadalupe Carniel, Thiago Cassis