165.3

Muita calma! Endrick é o mesmo fenômeno de sempre

Leonardo Megeto Montelatto 3 de março de 2023

Até o presente momento, o Palmeiras disputou doze partidas no ano (onze pelo Paulista e uma pela Supercopa). Foram nove vitórias, três empates, nenhuma derrota e o título inédito da Supercopa garantido num jogaço contra o Flamengo. E quantos gols Endrick marcou nesses doze jogos? Nenhum. Depois da incrível carreira nas divisões de base, do início arrasador na reta final de 2022 e da super venda ao Real Madrid no começo de 2023, o garoto não balançou as redes nesse início de temporada, já como titular da equipe. Seria Endrick uma enganação? Apenas um fogo de palha? Muita calma nessa hora: ele continua sendo o mesmo fenômeno de sempre!

Se você perguntar a qualquer torcedor, todos sem exceção topariam que o grande “problema” de sua equipe seja a seca de gols de sua grande promessa de dezesseis (!!!) anos. Com a equipe invicta, já com um título na temporada e com a mesma efetividade e competitividade de sempre da Era Abel Ferreira.

Endrick não deixou de ser fenômeno. Ele só está passando pelo processo normalíssimo de adaptação ao futebol profissional. Está enfrentando adversários mais fortes, mais rápidos, mais experientes e com muitas mais horas de prática de futebol do que os adversários que enfrentava na base. Mesmo assim, assumiu a titularidade de uma equipe supercampeã nos últimos anos, tamanho é seu talento. Com certeza, não teria terreno mais fértil para desenvolver seu futebol do que nessa equipe do Palmeiras. Com um excelente treinador que extrai o melhor de cada atleta, com jogadores experientes e cascudos ao seu lado e com uma torcida cada vez mais aprendendo a lidar com o lado humano dos jogadores, muito pela influência de Abel.

Abel Endrick
Abel Ferreira e Endrick. Foto: Cesar Greco/Palmeiras/Fotos Públicas

Faça o exercício de se colocar no lugar de Endrick: Vindo de uma família super humilde, onde desde os nove anos seu talento os fez mudar para São Paulo e conseguir emprego para o pai no próprio clube, sempre sendo destaque nos torneios de base (muitas vezes atuando em categorias mais velhas que a sua), sendo campeão e destaque no inédito título da Copa São Paulo, marcando gols em todas as finais que disputou no ano passado, promovido ao elenco profissional e ajudando a equipe a ser campeã brasileira, além de ser a segunda maior venda da história do futebol brasileiro, tudo isso com menos de dezessete anos. Seu choro no banco de reservas no jogo contra o Red Bull Bragantino é nada além de humano.

Endrick fará seu gol. Seus gols. Continuará fazendo seu papel principal: ajudando a equipe a vencer jogos. O coletivo sempre é mais importante que o individual. Se Endrick não fizer mais gols e a equipe conquistar mais títulos, excepcional! Mas aquele sexto sentido me diz que sua estrela irá brilhar nos momentos mais importantes dessa reta final de Campeonato Paulista, assim como sempre brilhou e continuará brilhando.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Leonardo Megeto Montelatto

Formado em Educação Física pela UNICAMP. Professor de futebol na Arena Belletti e na Associação Rocinhense.

Como citar

MONTELATTO, Leonardo Megeto. Muita calma! Endrick é o mesmo fenômeno de sempre. Ludopédio, São Paulo, v. 165, n. 3, 2023.
Leia também:
  • 178.19

    Atlético Goianiense e Vila Nova – Decisões entre clubes de origem comunitária

    Paulo Winicius Teixeira de Paula
  • 178.17

    Onde estão os negros no futebol brasileiro?

    Ana Beatriz Santos da Silva
  • 178.15

    Racismo no Futebol: o golaço do combate ao racismo pode partir do futebol

    Camila Valente de Souza