– Falhou?
– Claro que falhou. Olha aí o replay!
– Rapaz, presta atenção, era impossível pegar.
– Não era, não. Esse cara não tem tamanho pra jogar aqui.
– Rapaz, não falhou, não…
– Foi pior, foi frango?
– Não, não. Acho que não dava. Não teve chance, tava vendido.
– Virou advogado?
– Que nada, não gosto dele também. Mas não falhou, não!
– Ah, pelo amor de Deus, cara!
– Olha aí, vai mostrar o replay.
– Cadê?
– Pronto, tava ali com a visão encoberta e…
– Visão encoberta porque não sabe se posicionar.
– Cara, foi muito rápido, ele não tinha chance.
– Quando era o outro lá, ninguém falava isso.

– O outro quem?
– O outro, o Maior.
– E o que tem a ver o Maior com esse aí?
– Tudo, esse aí ficou no lugar do Maior, deveria ser tão bom quanto o Maior.
– Como assim?
– Ué, essa imprensa aí sempre pegou no pé do Maior, por qualquer lance.
– Onde?
– Em todos os programas esportivos. Eles mal falam da gente, só do outro time.
– Qual outro time?
– O outro time da cidade.
– E o que tem a ver uma coisa com a outra?
– Ah, foi falha, isso é o que importa, para de mudar de assunto.
– Mas foi você quem mudou.
– Eu?
– É.
– Ah. Olha aí se não falhou.
– Cara, não dá pra comparar esse aí com o Maior. O Maior foi o Maior, esse aí é esse aí.
– Não importa. Nunca vou perdoar uma falha desse aí.
– Mas por quê?
– Porque precisa ser muito bom, tipo o melhor de todos, pra vestir a mesma camisa que o Maior vestiu.
– Cara, acho que você tá pegando no pé desse aí.
– Desse aí e de todos que vierem depois do Maior.
– Mas por quê? Não faz sentido…
– Pô, eu vi o Maior jogar, exijo respeito e um mínimo de excelência.
– Nostalgia?
– Pode ser. Mas precisa ser igual ao Maior pra vestir essa camisa.
– Mas não foi falha, para com isso!
– Beleza, advogado.
– É sério, promotor…