“Não se vence a qualquer custo”: Tite, foram essas as suas palavras em Oruro
Treinador, serei breve.
O trágico acontecimento daquela noite do dia 20 para 21 de fevereiro de 2013 permanece presente em minha memória e acredito que muitos também se recordam.
O Corinthians, time treinado pelo senhor, defendendo o título da Libertadores e recém-campeão Mundial, empatou com a equipe do San José, na cidade de Oruro, Bolívia, pela fase de grupos do torneio.
A menção à partida é apenas para nos situarmos no espaço e no tempo, pois ela se tornou irrelevante perto do que aconteceu nas arquibancadas naquela noite.
O garoto Kevin Espada, 14 anos, torcedor do San José, assistia ao jogo quando foi atingido por um morteiro disparado por delinquentes que estavam na torcida corintiana. Kevin não sobreviveu.
Em sua breve entrevista coletiva após o jogo, já informado do ocorrido, foram essas as suas palavras de grandeza e deferência à família do menino assassinado:
“Não se vence a qualquer custo. Eu sei que isso não vai tirar a dor da família. Eu trocaria meu título Mundial pela vida do menino. Eu trocaria”.
Senhor treinador da Seleção Brasileira de Futebol,
Já são 473 mil mortos pela Covid no Brasil.
Há meses a taxa de óbitos por dia supera os 1000 concidadãos.
Agora o senhor pode agir, diferentemente de 2013, quando mais nada podia fazer senão lamentar e prestar condolências.
Espero que não se submeta aos mesquinhos interesses políticos que estão sobre a mesa.
A prioridade da Seleção é o brasileiro.
O senhor tem a chance de trocar a Copa América pela estima eterna de todos aqueles que trabalham pelo Brasil no enfrentamento do vírus e na minimização da dor das famílias afetadas.
Espero que tome a decisão correta, afinal, como o senhor disse, não se vence a qualquer custo.
Tite chora e diz: “trocaria meu título mundial pela vida do menino”