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O apagão rubro-negro no Carioca

Anderson David Gomes dos Santos 1 de fevereiro de 2020

O Campeonato Carioca está na 4ª rodada, o Flamengo ainda nem colocou o time principal no torneio – respeitando os 30 dias de férias dos jogadores –, mas uma decisão da diretoria em não vender os direitos de transmissão para o Grupo Globo “apagou” os jogos da equipe em transmissões audiovisuais neste mês de janeiro.

Na semana passada, o jornalista Rodrigo Mattos publicou entrevista com o vice de comunicação e marketing do Flamengo, Gustavo Oliveira, sobre o tema. Reproduzo neste primeiro texto no Ludopédio o que comentei no Twitter  – lá também já comentei sobre o processo do clube contra a Globo, que publicarei em breve em texto corrido.

Gostei bastante das perguntas do Rodrigo Mattos. Volto a afirmar, Flamengo, assim como o Palmeiras e o Athletico ano passado, tem conjuntura favorável para poder exigir mais (ao contrário dos três rivais do Rio), mas vi exageros ao exaltar os Estaduais. O Gustavo Oliveira chega a citar o Baiano, mas Bahia e Vitória colocaram o time de aspirantes no torneio justamente pela falta de relevância, especialmente a financeira, em comparação à Copa do Nordeste.

Apagão rubro-negro. Nenê faz gol de calcanhar no Fla-Flu da Taça Guanabara 2020. Foto: Lucas Merçon/Fluminense F.C./Fotos Públicas.

Falta argumento para justificar o modelo de negociação individual como “ideal” para além de ser o modelo atual (e que beneficia o topo da estrutura). As negociações de placas e exibição internacional do Brasileiro mostraram que ele e o Corinthians preferem assim porque ganham mais. Mas, fato, os outros clubes não conseguem se juntar para negociar coletivamente e nisso realmente “o problema é deles”. Bato na tecla para o caso nordestino, inclusive, que a Liga do Nordeste servisse para além da organização da Copa do Nordeste, o que poderia destacar ainda mais nossos clubes nas quatro divisões nacionais.

Por fim, o Carioca não tem o mesmo peso de outros torneios, é uma premissa falaciosa. Ainda que a Globo o transmita para diferentes estados, é um torneio arrastado e cheio de problemas de competitividade, não à toa o campeonato começou com outros grandes sem time principal.

Atualizando, o clube teria reduzido 25% desse valor simbólico para o Carioca ao pedir R$ 81 milhões. A Globo justifica que não pagaria a mais que os 18 milhões que os outros três de maior torcida do Rio de Janeiro por questão de equilíbrio no torneio. Lembrando que, em 2015, a FFERJ fechou contrato com a Globo por nove anos, especialistas dizem que o máximo deveria ser três, pois o mercado pode mudar, tempo, por sinal, que só o Flamengo assinou.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Anderson Santos

Professor da UFAL. Doutorando em Comunicação na UnB. Autor do livro "Os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol" (Aprris, 2019).

Como citar

SANTOS, Anderson David Gomes dos. O apagão rubro-negro no Carioca. Ludopédio, São Paulo, v. 128, n. 1, 2020.
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