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O futebol brasileiro em época bolsonarista: o caso Copa América

Lucas Sohn Albuquerque 27 de setembro de 2021

Durante os meses de junho e julho de 2021 foi disputada a Copa América de futebol, entre as seleções da América do Sul. Inicialmente, a disputa estava programada para ocorrer na Argentina e na Colômbia, porém a exatas duas semanas do evento, a Conmebol anunciou que os jogos não seriam realizados nesses dois países, em função da questão sanitária envolvendo a pandemia de Covid-19 e de manifestações sociais e políticas contra a reforma tributária. Após a recusa de Argentina e Colômbia, outros países indicaram a entidade que poderiam receber o evento e, exatamente um dia após a mudança na programação inicial (31 de maio), o Brasil foi oficializado como o país a receber, pela segunda vez em três anos, o torneio sul-americano. Isso em meio ao descontrole sanitário que registrava mais de mil mortes há vários meses, com epidemiologistas alertando as autoridades de um aumento na taxa de transmissibilidade, dos dados mostrarem uma saturação do sistema de saúde, com o prazo de duas semanas para organizar o evento – entre escolhas de sedes, parte logística das delegações, organização dos protocolos sanitários, etc. Entre os dias 4 a 9 de junho, o campo futebolístico brasileiro esteve às voltas de um debate sobre a ocorrência do evento no país, especialmente pelo posicionamento um tanto quanto inesperado dos jogadores e da comissão técnica da Seleção Brasileira, que demonstraram insatisfação com o fato da CBF ter aceitado sediar o evento.

Ministro Queiroga
Ministro da Saúde Marcelo Queiroga concede entrevista coletiva sobre o protocolo de segurança na Copa América Brasília-DF, 07/06/2021 Foto: Myke Sena/MS/Fotos Públicas

Esse posicionamento criou uma expectativa, potencializada pela menção da comitiva brasileira de que iria se manifestar após os dois jogos das eliminatórias, contra Equador e Paraguai. A expectativa, criada por todos, envolveu desde memes nas redes sociais com a aproximação dos jogadores da seleção e figuras históricas do socialismo, mas também representada em outras manifestações, como a perplexidade de Galvão Bueno afirmando que não se deveria misturar futebol com política, até às tentativas de vincular a figura do treinador Tite com o Partido dos Trabalhadores, relembrando uma foto em que Tite aparece com o ex-presidente Lula.

Afinal, o que essas posturas dos atletas e comissão técnica demonstraram? Qual o diálogo com uma postura histórica dos membros da seleção brasileira que ajudam a entender esse posicionamento? O que o contexto atual do debate político e futebolístico nos ajuda a entender esse fenômeno?

Para começar, talvez valha a pena reconstituir os diferentes momentos do “caso Copa América” em relação às manifestações dos jogadores e comissão técnica e a repercussão da imprensa especializada e do público em geral. Logo após o anúncio feito pela Conmebol de que o Brasil seria sede do torneio, os jogadores e comissão técnica demonstraram descontentamento e insatisfação, não publicamente divulgada, mas o suficientemente para que a imprensa noticiasse a reação. Ao que parece, a demonstração de insatisfação foi uma estratégia para tentar ganhar tempo e pressionar o presidente da CBF a mudar de ideia. Ao mesmo tempo, jornalistas da TV Globo, que possui uma relação histórica de poder com a Seleção Brasileira de Futebol Masculino fez pressão para que isso ocorresse, demonstrada na fala exaltada do narrador Luís Roberto no programa “Seleção Sportv” e do narrador Galvão Bueno na abertura do programa “Bem Amigos”.

A iniciativa que o corpo de jogadores, comissão técnica e TV Globo esperavam da CBF era de não assumir tal responsabilidade em um momento como esse, já que o Brasil não tinha obrigação nenhuma com o evento, esperando que outro país o aceitasse ou mesmo que o evento fosse adiado/cancelado. Ao invés disso, a CBF na figura do seu então presidente Rogério Caboclo, em diálogo com o presidente da República Jair Bolsonaro, não apenas levou adiante a função de assumir o evento no Brasil, como essa atitude foi vista como uma tentativa de politizar a situação, obtendo ganho político ligado ao futebol, o que o presidente já demonstrou realizar continuamente e que, por sua vez, jogadores e comissão técnica demonstraram incômodo.

Essa tentativa de politização foi mal vista pelos jogadores, não porque eles são politicamente contra o atual presidente da República ou possuem uma posição compatível a sua em relação à pandemia, possivelmente muitos deles nem tendo opinião formada sobre o assunto, mas porque acabaram sendo contra a possibilidade, sem serem consultados, de se inserirem em uma discussão a qual eles não viram necessidade em se filiar, correndo o risco de ter algum prejuízo em sua imagem, algo que eles valorizam pelo ponto de vista econômico atual – redes sociais, patrocinadores, etc.

Percebendo que a decisão dos presidentes em questão estava tomada, os jogadores e o treinador Tite fazem menção de tomar uma atitude mais drástica, o que começa a gerar outras repercussões por parte da extrema direita, da esquerda e da própria TV Globo. O que antes era uma fala extremamente crítica ao evento (Luís Roberto) e que estaria em concordância com os membros da seleção, passa a ser: “não podemos misturar futebol com política”. Mas essa perspectiva de não se deve misturar futebol com política passa a ser direcionada aos jogadores e Tite: “não se manifestem, apenas esperem que a gente dá um jeito”.

Galvão Bueno nesse momento, um tanto perplexo, diz que não se deve misturar futebol com política, coisa que o próprio Tite e os jogadores como Marquinhos, por exemplo, concordavam. O zagueiro já havia afirmado, em outra oportunidade, que qualquer manifestação política deveria ser feita pelo “cidadão” e não pelo “jogador”, portanto fora da esfera de atuação no esporte. A TV Globo, os jogadores e o treinador passam a estabelecer um acordo tácito que envolve a derrubada do presidente da CBF, como uma forma de acalmar os ânimos e, por outro lado, a extrema direita – Jovem Pan, por exemplo – realiza uma série de críticas aos jogadores e o treinador, dizendo que a Copa América teria protocolos da Copa Libertadores e que esses jogadores jogaram em vários países ao longo da pandemia, denunciando uma espécie de hipocrisia dos agentes em questão.

No dia seguinte, o site “globo esporte” apresenta uma reportagem investigativa com detalhes sobre o presidente da CBF, apresentando um escândalo de assédio moral e sexual, o que gera pressão de outros dirigentes da CBF e redunda no afastamento de seu cargo, provisoriamente. Em seguida ao afastamento de Caboclo, os jogadores divulgam que disputarão a Copa América, inclusive o elenco todo divulgando uma breve carta, dizendo que vestir a camisa da seleção sempre foi o sonho deles, que nunca diriam não a seleção, porém reafirmando que eram contra a ocorrência do evento em seu país.

A extrema direita passa a chamá-los de covardes e oportunistas, dizendo que eles aproveitaram de uma situação caótica da pandemia para “aparecer”. A esquerda os caracteriza também como covardes, porém em chave oposta, dizendo que esses atletas de primeiro escalão do futebol mundial, tendo oportunidade de manifestação com impacto, não o fazem. Esse cenário aqui descrito, a luz da história do futebol brasileiro, pode ajudar a refletir sobre a nossa época.

Tite
Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas

Historicamente, a posição da Seleção Brasileira de Futebol masculino, se comparado a outros países da América do Sul é conservadora, fato relacionado a forma como um discurso hegemônico da classe dirigente que comanda a CBF há décadas, principalmente desde João Havelange, atua sobre os agentes futebolísticos e da torcida em relação ao escrete nacional. Exemplo pode ser visto no final dos anos 1940, em que a Argentina boicotou a Copa América de 1949, a Copa do Mundo de 1950 e 1954 em função dos conflitos entre jogadores e a Associação de Futebol em torno da greve dos atletas nesse período, o que também ocorreu no Uruguai[1]. No Brasil, até hoje o país se vangloria por ter disputado todas as Copas do Mundo, ao mesmo tempo em que os atletas ainda buscam uma melhor representação em seus direitos – visto através do Movimento Bom Censo e da expressa não representatividade do “sindicato” da categoria aos seus anseios.

Se analisarmos a relação entre Seleção Brasileira de futebol masculino e o campo político no pós-ditadura – anteriormente marcada por uma utilização do regime militar da Seleção Brasileira de futebol masculino e suas conquistas com o considerado “êxito” econômico do período militar – podemos avaliar que alguma manifestação que tivesse uma postura contestatória por parte de jogadores se deu em clubes e não na Seleção – muitas vezes acontecendo de atletas não treinarem alguns dias em protesto a salários atrasados, mas não passando muito disso, sendo a “Democracia Corintiana” talvez o principal movimento nesse sentido. Enquanto isso, a seleção brasileira sempre foi o reduto do “nacionalismo” e do “sonho maior” de suas carreiras como atletas, evitando qualquer tipo de posicionamento enquanto vestiam o distintivo da CBF. Essa relação pode ser demonstrada com o exemplo do Doutor Sócrates, que em meio ao que vivia no Corinthians, realizou seu sonho de infância de disputar a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Isso se dá evidentemente não por responsabilidade única dos atletas, chamados agora de ‘covardes’ por boa parte dos jornalistas e também em redes sociais, mas por uma organização do esporte no país que não admite qualquer tipo de manifestação ou reclamação por seus direitos.

A última manifestação de impacto, antes do “caso Copa América”, foi na Copa América de 2001, quando um grupo de jogadores estava insatisfeito de ir à Colômbia à beira de uma guerra civil. Na ocasião, a Argentina e o Canadá resolveram não participar, sendo que no Brasil, apesar do debate também ter acontecido, apenas o jogador Mauro Silva não aceitou ir à Colômbia, chegando a dizer na época:

“Quis mostrar a minha revolta com o fato de interesses políticos e econômicos falarem mais alto. Se, há uma semana, a Colômbia não tinha condições de realizar a Copa América, por que agora tem? O que mudou? Foi pressão dos investidores? O interesse daqueles que teriam prejuízo com o cancelamento da Copa América é mais importante do que a vida humana? É preciso mudar a postura do futebol. Há muita gente utilizando o nosso esporte por interesses políticos e pessoais. Não sei se a minha decisão isolada vai valer alguma coisa, mas cada um tem que fazer a sua parte”[2].

Nesse episódio, Mauro Silva, tetracampeão com a Seleção em 1994 nos EUA, prestigiado jogador e pilar do técnico Felipão até então para a disputa da Copa do Mundo de 2002, depois do ocorrido, foi convocado apenas para o jogo seguinte, em amistoso contra a Argentina, nunca mais sendo convocado posteriormente.

Comparando a própria situação que ocasionaram os dois momentos de turbulência, elas têm um papel na forma como os clubes dos atletas se posicionaram, assim como os próprios atletas e a comissão técnica. A Colômbia vivia, às vésperas da disputa da Copa América de 2001, uma tensão que teve seu ápice quando membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) sequestraram um dirigente da Federação Colombiana, Hernan Mejia Campuzano. Em meio ao medo do “terrorismo”, no ano que aconteceu o ataque do 11 de setembro em Nova York, muitos clubes, argumentando que os jogadores precisavam descansar, não permitiram que seus atletas fossem à Colômbia – o Bayern de Munique não liberou Élber, o Barcelona Rivaldo e o Bayer Leverkusen o zagueiro Lúcio. Os laterais Cafu e Roberto Carlos declararam terem problemas físicos e também não foram. Mauro Silva, do La Coruña, por sua vez, decidiu não embarcar para a Colômbia alegando falta de segurança. Dessa forma, foram apenas 6 atletas que jogavam na Europa dentre os 22 convocados. Em 2021, foram 19 convocados que jogam na Europa e apenas 4 que atuam no Brasil, sendo que a convocação de Leo Ortiz se deu após os cortes dos jogadores que atuam na Europa, Lucas Veríssimo e Felipe.

A comparação dos elencos têm razão de ser à medida que o ciclo para a Copa do Mundo de 2002 ainda envolvia um número mais equitativo entre jogadores que jogavam na Europa e no Brasil, o que possibilitava contornar melhor a situação, liberando os principais jogadores da Europa e convocando alguns poucos substitutos. Além disso, até 2001, a Copa América era disputada a cada dois anos, diferentemente da Eurocopa, por exemplo. Assim, os atletas da seleção brasileira e que jogavam na Europa tinham que participar de cinco torneios em quatro anos, tendo seu período de férias e descanso das temporadas prejudicado (1997 – Copa das Confederações e Copa América; 1998 – Copa do Mundo; 1999 – Copa América; 2001 – Copa América). Isso causava incômodo das equipes europeias e muitas vezes conflito com a CBF. Felipão, por esse motivo, teve que convocar a maioria de jogadores que jogavam no Brasil, que não vinham sendo convocados como Fernando do Juventude, Eduardo Costa do Grêmio e Alessandro do Atlético Paranaense. Jogadores que provavelmente teriam apenas essa chance na seleção, sendo impensável que eles tomassem a decisão tomada por Mauro Silva. No caso de 2021 a imensa maioria joga na Europa e são os principais líderes do grupo atual (Casemiro, Neymar, Marquinhos e Thiago Silva), o que se vincula ao outro ponto de diferença, a relação entre o grupo de jogadores e o treinador. Na convocação para a Copa do Mundo de 2002, Felipão decidiu não levar simplesmente dois tetras campeões mundiais, Mauro Silva e Romário, por problemas “disciplinares”. O de Mauro Silva era a recusa à convocação da Copa América. O papel do treinador no início do século, ainda muito mais centralizador, produziu um contorno de uma situação extremamente delicada em relação ao embate de ideias. Hoje em dia, mesmo se Tite quisesse, não conseguiria obrigar simplesmente os jogadores a jogar. No entanto, a relação entre ambos é boa e permitiu uma coesão no discurso.

Dessa forma, podemos dizer que hoje os atletas da seleção brasileira, pela dimensão mercadológica e esportiva que conquistaram, se colocam em uma condição equivalente ao treinador e para Tite isso não parece um problema. Dessa forma, a postura de Tite nesse caso foi de ser mais um nesse grupo dos capitães fazendo ameaças a quem comanda o futebol brasileiro. Com isso, não estou negando que os atletas são alienados politicamente, mas que a referência atual de se opor a uma decisão superior passa por uma visão arguta da parte comercial em que eles próprios têm impacto – por exemplo o caso de CR7, ao tirar garrafas de Coca Cola da mesa durante coletiva de imprensa na Eurocopa. Através das redes sociais, imagem e propaganda, em que suas atitudes reverberam, essa condição contemporânea lhes dão um poder que eles possuem consciência e que não era interessante se atrelar, nesse caso, ao negacionismo ou simplesmente pelo “eu mando e vocês obedecem”. Eles defendem a hierarquia, mas se viram obrigados a algo que não foram consultados e que reverberam principalmente do ponto de vista comercial. Várias empresas saíram da Copa América porque poderia pegar mal. Com a atitude deles, no final das contas, eles derrubaram o presidente da CBF, o que reforçou essa postura.

Copa América 2021
Brasil x Argentina pela final da Copa América 2021. Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas

Após a derrota para a Argentina na final da Copa América, coisa que pelo lado argentino passou a ser chamada de um segundo Maracanazo, a análise geral do público brasileiro é que aquela seleção representaria a época bolsonarista em suas principais características: uma seleção de futebol sem uma nação (significado de pertencimento), jogadores alienados sem nenhum tipo de compromisso social, etc. Enquanto isso, os jogadores acusavam os torcedores e alguns jornalistas de não estarem torcendo para a seleção, sendo visto como um ato anti-patriótico.

Dito isso, considero que a postura dos jogadores e do técnico Tite não foram, como alguns analistas afirmaram, uma tentativa de politizar a discussão do evento esportivo em questão, pelo contrário, ela foi uma reação à tentativa de politização por parte do presidente da República com a anuência e apoio do presidente da CBF. O rechaço a politização do evento por instâncias institucionais denota um forte corporativismo com a autonomia do campo futebolístico, onde eles são hegemônicos atualmente (afinal, mais da metade dessa seleção irá até a Copa do Mundo de 2022, no Catar), se aproveitando dos benefícios econômicos e futebolísticos dessa postura. Isso não os afasta de uma posição histórica da relação entre a seleção brasileira com sua torcida, relacionado a um obscuro significado de patriotismo e acusando os que não possuem essa identificação como antipatriotas, mesmo que a maioria da torcida, por vários motivos, inclusive pelo desempenho em campo, não se identifique com o escrete. Antes de nomeá-los ou como revolucionários ou como alienados, é importante entender o processo ao qual a seleção brasileira esteve inserida, inclusive a discussão e as posições durante o evento.

E, em minha opinião, a conexão entre a seleção brasileira e o significado de patriotismo historicamente construído como uma mera identificação territorial é que deveria ser colocado como um problema, à medida que ele mascara as condições estruturais de sua produção, que envolve um afastamento dos agentes da seleção brasileira com sua população, desconexão essa que diz respeito a exportação em massa de atletas brasileiros cada vez mais cedo, ao enfraquecimento dos campeonatos em nível técnico e da maioria dos atletas da seleção não atuarem no Brasil e consequentemente estar presente na forma mais atuante do brasileiro/torcedor de se relacionar com o futebol, através da identificação clubística. Ainda sim, o discurso de autonomia do futebol em relação ao campo político e de reação à politização é um ato político, assim como a preocupação com uma imagem mercadológica oriunda de decisões que os atingem.

Notas

[1] BREDA, Thiago Santini. Jogadores Trabalhadores: o processo de profissionalização do futebol – Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul (1931-1938). Dissertação de Mestrado em História, UFSC, 2020.

[2] REIS, Rafael. Volante do tetra boicotou Copa América e saiu dos planos da seleção. Reportagem para UOL. In:. 05/06/2021.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Como citar

ALBUQUERQUE, Lucas Sohn. O futebol brasileiro em época bolsonarista: o caso Copa América. Ludopédio, São Paulo, v. 147, n. 43, 2021.
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