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O futebol odeia as mulheres: notas sobre o machismo e a pesquisa de campo

Mariana Mandelli 19 de outubro de 2020

A série “Práticas torcedoras em territórios palmeirenses” é baseada na dissertação de mestrado de Mariana Mandelli, intitulada “Allianz Parque e Rua Palestra Itália: práticas torcedoras em uma arena multiuso” (Antropologia-USP, 2018). A pesquisa de campo foi realizada entre 2015 e 2017 nos arredores do Allianz Parque com o objetivo de investigar os efeitos da modernização do estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras entre a torcida. Confira a série de textos aqui.

Foto: Mariana Mandelli

É fato: o rompimento do contrato entre o Santos Futebol Clube e o jogador Robson de Souza, o Robinho, condenado em primeira instância por estupro na Itália, aconteceu pelo simples temor da instituição em perder verbas de patrocínio. Diversas empresas ameaçaram retirar o apoio financeiro após a publicação da reportagem do GE[1], antigo Globo Esporte, que trazia revelações repugnantes sobre a violência sexual a que uma mulher foi submetida pelo jogador e outros homens.

Desde o anúncio, a contratação do atleta vinha sendo questionada por parte da imprensa, por torcedores e torcedoras e pelo movimento feminista. A resposta do Santos a essa pressão foi arrogante: além de ignorar a pressão, emitiu uma nota em que vinculava o sentimento de revolta aos “cancelamentos” promovidos pelo “tribunal da internet”. O clube só mudou de posicionamento com a divulgação de detalhes abjetos do caso pela matéria citada.

Esse episódio lamentável que ocupou manchetes e timelines nos últimos dias pode ser interpretado sob diversos aspectos, incluindo como mancha irrevogável na história santista e também como resultado do bom trabalho da imprensa esportiva. Mas gostaria de destacar o principal – o óbvio: a misoginia. O futebol odeia as mulheres. E não há exagero algum em afirmar isso.

O esporte não é algo à parte da sociedade, como há quem ainda insista em dizer, mesmo em um ano em que os campeonatos foram retomados por pressão política em meio a uma pandemia que já fez mais de 153 mil mortos no Brasil. O futebol, como expressão social, reflete valores, movimentos e fluxos culturais, morais e socioeconômicos dos grupos onde é praticado, assistido e celebrado.

E, assim sendo, se a sociedade é misógina e patriarcal, o futebol obviamente assim será. Se vivemos em uma conjuntura machista que reforça o que se chama de cultura do estupro, jogadores, torcedores e demais atores desse cenário estão imbuídos dessa lógica. Para quem duvida da validade do termo cultura do estupro, basta acessar a última edição Anuário Brasileiro de Segurança Pública[2], divulgado neste mês: 66.123 mulheres foram estupradas no Brasil em 2019, o que significa um estupro a cada 8 minutos. Lembrando que, por se tratar de um crime subnotificado (muitas mulheres têm medo e vergonha de denunciar), esse número deve ser muito maior.

Denúncias envolvendo jogadores mundialmente famosos e técnicos de grandes times em crimes sexuais; atletas acusados de violência doméstica por suas companheiras; torcedoras assediadas em estádios; jogadoras da modalidade feminina vítimas de chacota e de descrédito; jornalistas e comentaristas linchadas nas redes sociais; apresentadoras desautorizadas por colegas em rede nacional, etc. Os exemplos são muitos para mostrar que as mulheres não são bem-vindas no mundo do futebol.

O vocabulário empregado nesse universo também expressa essa lógica misógina. Em qualquer jogo em estádio, é comum ouvir que um time foi “estuprado” ao perder de goleada para outro. Ou que a equipe X é “puta” da equipe Y por perder consecutivamente para ela. Também é de praxe presenciar uma bandeirinha ser xingada de “puta” ou “vagabunda” por marcar um impedimento que desagrade o torcedor, ou mesmo ouvir palavras repugnantes direcionadas às garotas que fazem apresentações de cheerleaders nos intervalos dos jogos. Mulheres não são sujeitos: são apenas corpos.

Desse modo, a experiência etnográfica (CLIFFORD, 1998, p.36) de pesquisadoras que realizam trabalhos acadêmicos nesse ambiente não poderia ser diferente. Ouvir “gracejos, comentários elogiosos e assédios”, como relata Flávia Medeiros (2017, p.335) em sua pesquisa com policiais civis no Rio de Janeiro, outro campo extremamente masculinizado, é corriqueiro para quem pesquisa futebol.

Foi o que aconteceu comigo durante a minha etnografia de mestrado entre a torcida do Palmeiras, realizada entre 2015 e 2017 com o objetivo de analisar os efeitos da “arenização” do estádio alviverde. Foram inúmeras as situações em que fui intimidada e tratada apenas como um corpo feminino disponível.

Foto: Mariana Mandelli

Prevendo esse cenário, antes mesmo de iniciar a pesquisa eu criei estratégias que me permitissem transitar entre os torcedores com menos riscos. O fato de frequentar previamente os jogos, pois sou torcedora do Palmeiras, foi um facilitador, pois já conhecia a região e diversos grupos de palmeirenses. Para me aproximar de setores da torcida com os quais eu não tinha contato prévio, usei uma câmera fotográfica em todos os jogos que etnografei. Por meio dela e das imagens que fazia da festa torcedora, dento e fora do Allianz Parque, consegui estabelecer conversas e construir vínculos diversos.

Essas táticas me permitiram andar mais livremente entre a torcida, especialmente nas horas que antecediam as partidas – o chamado “pré-jogo”, quando agrupamentos de torcedores reúnem-se nas ruas do entorno da arena para fazer churrasco, tomar cerveja e conversar entre amigos[3]. Mas não impediram que eu sofresse assédio em diversas oportunidades durante o processo etnográfico.

Era comum receber cantadas ou investidas sexuais ao trocar telefones com alguns torcedores, por exemplo. Como tinha interesse em manter a conversa com determinados indivíduos e realizar entrevistas em profundidade, adicionei diversos deles em redes sociais. Um desses homens, na primeira troca de mensagens por um aplicativo de celular, perguntou-me se eu não gostaria de entrevistá-lo em um “local mais íntimo”. Eu havia apenas perguntado se ele estaria presente no próximo jogo.

Em outras situações, o discurso dos torcedores misturava machismo com clubismo. Percorrendo os arredores do estádio, além dos olhares, era comum ouvir comentários como “Você é mais gostosa do que ganhar dos gambás[4]” e “Nossa, mas com você na nossa torcida, o porco já é campeão”, mesmo sem estabelecer nenhum contato com esses torcedores. Já outros se limitavam a um discurso misógino sem relação com futebol, como um torcedor conhecido que afirmou que eu tinha “quadris de parideira”[5] ao analisar meu corpo e compará-lo com o de outras torcedoras que estavam por perto, bebendo antes de uma partida.

Em determinada ocasião, entrevistando um torcedor organizado de 48 anos, perguntei o que ele achava da arena nova. Além de tecer críticas sobre a elitização dos ingressos, ele afirmou: “Na minha época, futebol não era isso. Não era mulher em estádio, não era levar namoradinha para arquibancada. Agora virou isso, mas antes a coisa era quente, era de verdade”. Tal estereótipo de mulher, reforçado no comentário do torcedor, pode ser entendido no seguinte excerto de Luiza Bairros:

“[…] a reinvenção da categoria mulher frequentemente utiliza os mesmos estereótipos criados pela opressão patriarcal – passiva, emocional etc. – como forma de lidar com os papeis de gênero. Na prática, aceita-se a existência de uma natureza feminina e outra masculina fazendo com que as diferenças entre homens e mulheres sejam percebidas como fatos da natureza. Dessa perspectiva a opressão sexista e entendida como um fenômeno universal sem que, no entanto, fiquem evidentes os motivos de sua ocorrência em diferentes contextos históricos e culturais” (1995, p.459).

Essa visão sexista da mulher emergiu diversas vezes no meu relacionamento com os grupos de torcedores. Fui questionada, por exemplo, sobre ser ou não uma torcedora do Palmeiras. Ouvi com frequência indagações como “Você é mesmo palmeirense ou está só fingindo para pesquisar?” e “Se você é palmeirense, então me fala qual o maior título que a gente tem?”. Também precisei demonstrar conhecimento da escalação do time ou dos demais resultados da rodada, comentando o desempenho dos rivais, o que causava, por diversas vezes, uma reação de surpresa entre os torcedores. “Porra, você manja mais do que eu de futebol!”, disse-me, rindo, um palmeirense antes da partida com o Esporte Clube Vitória, que fechava o primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2016.

Questionamentos sobre o meu estado civil também foram recorrentes nas conversas com alguns membros desses agrupamentos. Ouvi perguntas e comentários como “Seu namorado deixa você vir ao jogo sozinha?” e “Bem que eu queria ter uma namorada assim que nem você” em diversas ocasiões, especialmente entre fim de 2015 e os primeiros três meses de 2016, no início da pesquisa. À época, o homem com quem eu mantinha um relacionamento, também palmeirense, era conhecido por alguns torcedores. Após tomarem conhecimento disso, ao me avistarem circulando pela Rua Caraibas[6] antes das partidas, esses palmeirenses me recepcionavam cantando o nome do meu então namorado – e não o meu nome, o que indicava que, por eles, eu era reconhecida por uma figura masculina, e não por mim mesma.

Além desses episódios, ocorreram mais duas situações em campo que podem ser consideradas graves e que considero importantes de serem lembradas, pois escaparam do abuso verbal, tornando-se físicas. A primeira aconteceu durante o Campeonato Paulista de 2016, antes da partida com a Associação Ferroviária de Esportes, na tarde do dia 28 de fevereiro daquele ano. Era meu sétimo contato com um determinado grupo de torcedores que, naquela tarde, reunia cerca de vinte palmeirenses. Enquanto conversava com dois deles, um terceiro, ainda desconhecido para mim, aproximou-se para participar. Ele me ofereceu uma cerveja e, após a minha recusa, foi até o isopor buscar uma garrafa para si. Ao retornar, postou-se ao meu lado, bebendo. Repentinamente, ele interrompeu a diálogo que eu matinha com os dois rapazes, dizendo que eu estava “muito cheirosa”, enquanto se aproximava ainda mais de mim. De súbito, sem a minha autorização, ele afastou os cabelos do meu ombro esquerdo e encostou o nariz no meu pescoço, aspirando e fungando. E completou: “Tá cheirosa mesmo, que delícia”.

Já a segunda situação ocorreu antes do jogo que deu ao Palmeiras o título de campeão brasileiro de 2016, em 27 de novembro. Ao avistar um grupo de dez torcedores, todos homens, fazendo churrasco, percebi uma bandeira com os dizeres “Não deu nem pro cheiro”, uma provocação à torcida do Flamengo[7]. Pedi para fotografá-la, e os torcedores pediram para que todos saíssem na foto. Não me opus e, ao fazer a foto, um deles, que segundos mais tarde me ofenderia, disse, apontando para um amigo: “Agora dá a máquina para ele e vem aqui na foto com a gente”. Respondi que não deveria, pois não costumava aparecer nas fotografias que tirava. Antes de explicar minha pesquisa e o porquê de estar fotografando, ele retrucou rispidamente: “Então deleta isso aí porque eu não quero sair em nada”. Os amigos, acreditando que ele estivesse brincando, pediram para que eu não apagasse a imagem. Pensei que era melhor atender o pedido do torcedor e apaguei a foto, mostrando a tela da câmera para o grupo e dizendo que não havia necessidade de uma atitude assim, já que minha intenção era apenas tirar uma foto da bandeira.

Tentei mais uma vez explicar minha dissertação de mestrado e o porquê de estar ali, quando o mesmo torcedor retrucou: “Eu pedi para você sair na foto com a gente, mas você recusou, se sentindo a rainha da Inglaterra. Então deleta essa foto e vaza daqui, quenguinha”. Ao ouvirem-no, seus amigos tentaram afastá-lo de mim, provavelmente temendo uma atitude mais brusca. Bastante nervosa, respondi que estava realizando uma pesquisa de pós-graduação, e ele mais uma vez interrompeu-me, repetindo os palavrões. Nenhum dos torcedores do agrupamento tomou alguma atitude para impedir a cena. Ao contrário: todos se afastaram e seguiram com o churrasco, como se eu não estivesse ali, sendo verbalmente agredida por um amigo deles. A rua estava bastante movimentada, com vários grupos de torcedores no meio das vias, impedindo inclusive a passagem dos carros.

O torcedor continuou a me ofender, até que chegou bem próximo do meu rosto, aparentemente com a intenção de me agredir, mas não me tocou. Apenas repetia xingamentos misóginos e machistas como “quenguinha”, “vagabunda” e “vadia”. Afastei-me com medo, depois de insistir em explicar a minha pesquisa, sem sucesso.

Durante toda a pesquisa de campo, mantive uma postura passiva diante desses comportamentos, inclusive nesses dois episódios mais graves. Procurei não ter qualquer reação efusiva ou brusca, pois temia perder o contato com meus interlocutores, quebrando vínculos que tentava construir. Como realizei frequentes incursões a campo[8], a minha repetida presença fez com que eu deixasse de ser uma “novidade” para esses torcedores. Foi a maneira que encontrei de, em campo, “negociar a minha presença” (AMARAL, FREITAS, GIMENEZ, IAMAMOTO, PANNAIN, 2017, p.355), algo desnecessário para um torcedor do sexo masculino.  

Foto: Mariana Mandelli

O registro dessas situações de campo é importante porque afeta a elaboração da experiência etnográfica como um todo. A realização de uma pesquisa sobre futebol, qualquer que seja o tema, por uma mulher, é sempre mais difícil e, infelizmente mais dolorosa[9]. Quando uma pesquisadora publica uma dissertação nessa área, é possível dizer que a energia empregada por ela nesse trabalho é muito superior ao que um homem teria investido, pois além de todos os obstáculos comuns aos processos acadêmicos, nós precisamos lidar com uma estrutura patriarcal que nos exclui como indivíduos.

Com certeza haverá quem leia este texto e dê risada de algumas passagens do relato. Ou que pense que ouvir esse tipo de coisa “não é nada demais”, é vitimização ou mesmo “mimimi’, como se diz no jargão popular. Afinal, como relatou o próprio Robinho em entrevista ao UOL[10], a culpa é “dessas feministas” – ou seja, das mulheres.

É verdade também que muito mudou nos últimos anos. A presença feminina aumentou nas arquibancadas e nas bancadas jornalísticas esportivas. Surgiram movimentos de torcedoras em diversos clubes e muitas mulheres passaram a pressionar e a ter mais voz nos processos que integram o mundo do futebol. A minha própria dissertação é um exemplo de como estamos ocupando esses espaços, assim como o notável crescimento de artigos assinados por antropólogas, sociólogas e historiadoras publicados aqui no Ludopédio.

Mas, mesmo com esses avanços notáveis, ainda nos deparamos com a contratação de um atleta condenado por violência sexual em um dos maiores clubes do Brasil, que só desistiu do acordo por motivos exclusivamente financeiros. Enquanto esse tipo de conduta for normalizada por instituições, jogadores, jornalistas e torcedores, não será possível dizer que o futebol não odeia as mulheres.

Notas

[1] Leia mais em As gravações do caso Robinho na justiça italiana: “A mulher estava completamente bêbada”. GE, 16 de outubro de 2020. Acesso em 17 de outubro de 2020. 

[2] Disponível neste link. Acesso em 19 de outubro de 2020. 

[3] A dinâmica dos agrupamentos será tema de um dos próximos artigos dessa série.

[4] Referência pejorativa à torcida corintiana.

[5] Tal comentário não tinha relação com o que estávamos conversando previamente, o que mostra que o discurso machista não é episódico: é perene e estrutural. Esse mesmo torcedor sempre mostrou posições progressistas em relação aos demais.

[6] Umas das ruas mais movimentadas do entorno da arena em dias de jogo do Palmeiras.

[7] Durante grande parte do Brasileirão de 2016, o Flamengo perseguiu o Palmeiras na liderança, chegando a ficar apenas um ponto atrás, e acendendo entre os flamenguistas a possibilidade de o time ser campeão, como ocorreu em 2009, quando o Palmeiras perdeu a liderança após 34 rodadas, terminando em 5º lugar. Assim, em alusão a essa edição do campeonato, surgiu entre a torcida rubro-negra a brincadeira de que estariam sentindo um “cheirinho de hepta”, já que o clube tinha seis títulos do torneio até então.

[8] Eu estive em todos os jogos do Palmeiras no Allianz Parque entre novembro de 2015 e o primeiro semestre de 2017.

[9] Registro mais uma vez que contei com muito apoio do meu orientador de mestrado nesse sentido, o que foi muito importante em todo o processo de pesquisa.

[10] Ler em Robinho: “Infelizmente, existe esse movimento feminista”. UOL Notícias, 17 de outubro de 2020. Acesso em 17 de outubro de 2020.

Referências

AMARAL A. I.; FREITAS, C. C. de M.; GIMENEZ, H. M.; IAMAMOTO, S.; PANNAIN, R. N. “Campo, gênero e academia: notas sobre a experiência de cinco mulheres brasileiras na Bolívia”. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 26, v.1, p.348-369, 2017.

BAIRROS, L. “Nossos Feminismos Revisitados”. Estudos Feministas. n2/95, v.3, p.458-463, 1995.

CLIFFORD, J. “Sobre a autoridade etnográfica”. In: CLIFFORD, J. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998. p. 17-62bairros

MEDEIROS, F. “Adversidades e lugares de fala na produção do conhecimento etnográfico com policiais civis”. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 26, v.1, p.327-347, 2017.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Mariana Mandelli

Doutoranda em Antropologia Social na USP, com mestrado na mesma área e instituição, com pesquisa que investigou o processo de "arenização" do Allianz Parque. É graduada em Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e em Ciências Sociais pela USP.

Como citar

MANDELLI, Mariana. O futebol odeia as mulheres: notas sobre o machismo e a pesquisa de campo. Ludopédio, São Paulo, v. 136, n. 44, 2020.
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