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O futebol paulista como prática cultural: um estudo sobre a violência no futebol paulista e a sua convergência para as redes sociais

Felicce Fatarelli Fazzolari 20 de janeiro de 2022

O presente trabalho tem como proposta refletir sobre o futebol paulista como prática cultural e sua convergência para as linguagens tecnológicas. O futebol brasileiro, principalmente o paulista, é conhecido pela alegria, irreverência, criatividade e democracia que suscita no público, no entanto, há comportamentos hediondos de torcidas organizadas e de torcedores comuns e por isso a pesquisa busca responder: como um esporte com características populares e democráticas pode assemelhar-se a regimes totalitários quando as torcidas organizadas agem de maneira violenta? Os meios de comunicação contribuem ou não para a disseminação da cultura da violência?

De acordo com Huizinga (2019), aponta-se que:

o jogo é mais antigo do que a cultura, pois mesmo em suas definições menos rigorosas o conceito de cultura sempre pressupõe a sociedade humana. (HUIZINGA, 2019, p. 1)

O jogo faz parte de toda ação humana e se torna elemento de cultura. Ainda de acordo com Huizinga (2019, p. 2) “o jogo é um fenômeno cultural e não biológico, e é estudado em perspectiva histórica, e não propriamente científica”. Nós, seres humanos, participamos diariamente de diferentes jogos em busca da nossa sobrevivência. Temos os locais, como a nossa casa, o trabalho e os lugares públicos como aqueles sem propriedade, que travam lutas diárias pela vida. Seguimos diversas regras e contamos o tempo segundo a segundo esperando pelo resultado positivo após o final de cada “peleja” diária, afinal, as experiências humanas são grandes jogos com diversas mudanças de resultados. Derrotas, empates, vitórias, momentos de glória, de lealdade, de amor, de terror, de violência, habilidades, coragem, amor, estesia e catarse, juízes que aos silvos de seus apitos determinam o que vale dentro da realidade de cada ser humano. Esperamos por sinceros julgamentos que incentivem a evolução, o reconhecimento e o mérito. Segundo Huizinga, vê-se que:

Um dos mais fortes incentivos para alcançar a perfeição, tanto individual quanto social, e desde a vida infantil até aos aspectos mais elevados da civilização, é o desejo que cada um sente de ser elogiado e homenageado por suas qualidades. (HUIZINGA, 2019, p. 80)

Outro teórico, Ianni (2008), discorre que não há certeza sobre quando e onde o futebol nasceu, porém as possíveis origens desse esporte referem-se a até 4.500 antes de Jesus Cristo. “Pode-se dizer que com certeza, houve sim, inúmeros jogos com bola e muitos parecidos com o futebol na Antiguidade e Idade Média” (Universidade do Futebol, 2008, s/p.), até a profissionalização e suas transformações para entretenimento em fator de mudanças sociais. Isso prova o quão histórico possa ser a origem do futebol.

Segundo Galeano (1995, p. 27), as primeiras civilizações jogavam variantes do que era considerado como futebol primitivo:

Alguns deles apontam a América Central e o Amazonas como as fontes culturais do futebol, onde tribos indígenas já praticavam jogos de bola em 1500 a.C. McIntosh. (GALEANO, 1987, p. 33)

O autor afirma que as primeiras formas de futebol foram jogadas na Antiguidade, talvez no jogo romano de harpastum ou no de episcyros na Grécia. De acordo com Giulianotti (2010, p. 16), os romanos foram responsáveis pela iniciação dos povos, por eles conquistados, nos jogos de bola, mas essas práticas já tinham raízes indígenas nas regiões do norte como parte de antigas cerimônias religiosas que invocavam a fertilidade e a adoração dos elementos. Durante o século XVI e o início do XVII, os jovens das cidades escocesas, como Aberdeen, eram regularmente acusados da conduta profana no Sabbath, por beberem, dançarem e jogarem futebol. (MAGOUN, 1938, p. 92)

Epísquiro
Baixo-relevo que representa um jovem da Antiga Grécia a ensaiar um jogo de bola. Fonte: Wikipédia

Sob o ponto de vista de Giulianotti (2010, p. 17), o futebol primitivo pode ser considerado particularmente violento e não civilizado se comparado ao jogo moderno. Seguindo o mesmo conceito, Birley (1993, p. 32), mostra que, durante os séculos XIII e XIV, era comum os jogadores carregarem punhais, que causavam ferimentos sérios, tanto acidental quanto intencionalmente. Pontapés na canela, socos e lutas diversas eram comuns entre os jogadores rivais para vingar agravos antigos; ossos quebrados, ferimentos graves e mortes eram consequências esperadas. (ELIAS; DUNNING, 1970, p.119-120)
Por mais que o futebol jogados nos dias de hoje seja aparentemente um esporte democrático, inseriu-se em diferentes culturas e classes sociais: foi utilizado em festas religiosas, propaganda com o intuito de tentar parar uma guerra civil na Nigéria, gerou transformações econômicas pelo mundo, e também sua prática resultou e ações de ódio e violência. O futebol também tem a função ideológica para um significativo número de pessoas, que se intitulam “torcedores”, pequenos grupos conhecidos como “torcidas organizadas”, que se tornaram seguidores fanáticos de seus clubes. Observa-se um crescente desenvolvimento de atitudes semelhantes, senão iguais, ao ódio disseminado pelos governos totalitários de 1930, como por exemplo, o Fascismo italiano de Benito Mussolini e o nazi-fascismo de Adolf Hitler, na Alemanha, que reverberam dentro dos estádios e nas ruas em pleno século XXI.

Walter Casagrande, o famoso “Casão”, ex-jogador de futebol, com atuações em diversos clubes do Brasil, como Corinthians e Flamengo e, fora do país, hoje comentarista deste esporte, compartilhou sua opinião sobre um incidente em campo. A partida entre Sport Clube São Paulo-RS e Guarani-RS, realizada em 2021, pela série A2 do Campeonato Gaúcho, na qual um jogador do Sport Clube São Paulo-RS acertou um chute na cabeça do árbitro, que o levou a uma queda no gramado. Casão disse que a atitude cometida pelo jogador parece ser motivada por uma semente de ódio plantada em 2018, ano em que Jair Messias Bolsonaro foi eleito presidente da República Federativa do Brasil.

A violência do futebol é histórica. Segundo Agozino (1996, p. 171), o emburguesamento comercial nesse esporte trouxe outros aspectos do início da modernização capitalista. As decisões das partidas não eram mais resolvidas pelo diálogo entre dois juízes estipulados pelos times adversários; em vez disso, em 1891, no futebol inglês, um indivíduo neutro, o árbitro, era o único a decidir durante os jogos. Wagg (1984, p. 10), discute que o lobby do amador constantemente protestava contra a instrumentalidade do profissional; de maneira grosseira, os jogadores intimidavam os árbitros; jogos desonestos e violentos eram cada vez mais comuns.

Essas querelas eram tipicamente pioradas por antagonismos de classe, conforme comenta Walter Casagrande: “parece que a violência era aceitável como uma expressão de masculinidade entre os homens de classe média… mas não como expressão do desejo de vencer entre os da classe operária”. Exponho-me contrário às indagações do comentarista, visto que o futebol nasceu violento, e como toda expressão cultural, sofreu transformações. Os atos violentos derivados deste jogo seguiram as mudanças socieconômicas, políticas, culturais chegando às redes sociais, assuntos que resultam nas reflexões desse estudo.

Na verdade, a história é violenta e o Brasil nasceu e se desenvolveu tendo-a como pano de fundo, pois é necessário lembrar das mortes dos Quarenta Mártires do Brasil, ocorridas em 1570. Segundo Assunção (2017, p. 11), a tensão religiosa que marcou o período posterior ao Concílio de Trento (1545-1563), um grupo de quarenta jovens da Companhia de Jesus, que seguia para as terras da América portuguesa, teve a embarcação que ocupavam interceptada por calvinistas franceses, na região das Ilhas Canárias. O navio dos jesuítas foi cercado e atacado pelos calvinistas, e a maioria dos missionários cristãos foi lançada ao mar, alguns mortos e outros ainda vivos. Por isso a minha reflexão de que o Brasil é um pais violento por natureza.

Segundo o dicionário Michaelis, um Golpe de Estado é um ato de se apoderar, pela força, do governo estabelecido, para implantar um novo sistema governamental, sem aprovação do povo. Basta olhar para os períodos de instabilidade política e para a sucessão de golpes ocorridos em nossa história: a dissolução da Assembleia Constituinte de 1823, ato imposto por D. Pedro I, aprovando a Constituição Imperial sem apreciação da Assembleia; o Golpe da Maioridade (1840); a Proclamação da República (1889); os golpes de 1891; a Revolução de 1930; o Golpe do Estado Novo (1937); a deposição de Getúlio Vargas (1945); o Golpe de 1964; e não se pode deixar de fazer uma análise sobre o processo de Impeachment da ex-presidenta da República Dilma Roussef, em 2016, como um possível Golpe. A semente do ódio e da violência no Brasil foi plantada há muito tempo e nós apenas regamos e adubamos de acordo com a nossa vontade em colher os frutos.

Segundo Antunes (2013, p. 70), a cidade de São Paulo viveu um intenso movimento esportivo entre os últimos anos do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Numa sucessão de modismos, por determinadas modalidades importadas da Europa, em geral, de caráter elitista e inspiração amadora. A modalidade com maior durabilidade foi o futebol, que ultrapassou as barreiras dos elegantes clubes da elite paulista e virou cultura popular.

Charles Miller
Charles Miller em 1893 no St. Mary’s (Southampton F.C.). Foto: Wikipédia

No Brasil, esse esporte teve início em 1895 por meio de ingleses que visitavam o país e, dessa forma, os primeiros clubes começaram a se formar neste período. Assim como a fundação e utilização dos clubes, a prática do futebol também era restrita à elite branca. Há relatos de que a primeira bola de futebol do país foi trazida em 1894 pelo paulista Charles William Miller, filho de um engenheiro ferroviário escocês. Ao retornar da Inglaterra, em 1894, após concluir os estudos, Miller encontrou uma São Paulo com imigrantes europeus e negros libertos pela recente Abolição, empregados em diversas fábricas. O café e a sua exportação trouxeram para a cidade ricos fazendeiros para tramitarem a venda de suas safras. Chácaras se tornaram loteamentos, bondes cruzavam a cidade e, rapidamente, antigos casarões tornaram-se cortiços. Antunes (2013, p. 71) salienta que os ricos migraram em direção a Higienópolis e à Avenida Paulista:

As ruas do Velho Triângulo Central da cidade de São Paulo logo tornaram-se movimentadas: Eram café, lojas, hoteis, teatros, prostíbulos, por onde circulavam negociantes, trabalhadores, estudantes e pessoas sem ocupação definida. (ANTUNES, 2013, p.71)

Pouco a pouco, os esportes foram ganhando admiradores, que logo se tornaram adeptos de diferentes modalidades esportivas. Para o pesquisador Santos (1982), nota-se que:

Na metrópole que nascia as diversões tinham de ser outras: o cinematógrafo, o gramofone, o corso em automóvel. Os esportes, idem: o remo, o ciclismo, o tiro ao alvo e aos pombos – a cidade de Álvares de Azevedo ficara irreconhecível. (SANTOS, 1982, p. 21)

Vale destacar que a Universidade Presbiteriana Mackenzie foi a primeira instituição a inserir o esporte em estabelecimentos de ensino e participou do primeiro Campeonato Paulista de Futebol em 1906. Enquanto a aristocracia brasileira dominava as ligas de futebol, o esporte começava a ganhar cada vez mais adeptos e com isso chegou até as várzeas. As camadas mais pobres da população, fossem brancos ou negros, podiam apenas assistir aos jogos. Somente na década de 1920 os negros foram aceitos na prática esportiva quando o futebol sou, principalmente com sua profissionalização, em 1933. Por meio desta, alguns clubes fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo ainda resistiam à modernização e continuavam amadores. Mas, com o passar do tempo, quase todos foram se acomodando à nova realidade, provocando a redução da prática esportiva ou até mesmo o abandono do esporte por completo.

Durante o governo Dutra, houve um significativo esforço para promover o futebol no país, prova disso são a construção do Maracanã e a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 1950. Ao longo dos anos, firmando-se como prática esportiva, veio a vitória brasileira no Mundial de 1958, com um time comandado pelos jogadores Didi, Pelé, Garrincha (vale lembrar dois negros e um mestiço, e pelo capitão paulista Bellini; essa integração entre raças ratificou o futebol como principal elemento da identificação nacional, já que reúne pessoas de todas as raças, condições sociais, credos e diferentes regiões do país.
Atualmente, o futebol é reconhecido como um esporte moderno e grandioso e movimenta em todo o mundo somas consideráveis de valores na compra e venda de jogadores, além de diferenciados produtos relacionados aos diversos clubes existentes. Nestes, donos de um mercado com robusta rentabilidade, o jogo é explorado por eles e também por conglomerados econômicos que buscam espaços para vender e tornar conhecidas suas marcas com inúmeros produtos e serviços e que mais recentemente ganham uma potente ferramenta de divulgação: a internet.

Aos poucos o futebol deixou de ser um espetáculo apenas para as elites, conquistando públicos de variadas faixas etárias, gêneros, religiões e camadas sociais, tornando-se um esporte popular e ao alcance de todos, seja praticado nas ruas, nas escolas, na areia da praia, em escolinhas de futebol, ou até no quarto de uma criança com o uso de uma simples bola de meia.

Assim, o futebol legitima-se cada vez mais e conquista pessoas como eu, por exemplo, natural de São Paulo, morador da Zona Leste, torcedor do São Paulo Futebol Clube, e apaixonado pelo esporte em todos os seus aspectos. Dedico-me a pesquisar alguns fatores que o envolvem, entre eles a sua convergência para as redes sociais, mais precisamente perfis da rede social Instagram, utilizados por torcedores dos três principais clubes da cidade de São Paulo: Corinthians, Palmeiras e São Paulo.

Atuo como professor de História, Filosofia e Sociologia em três escolas da capital paulista, em duas da rede particular e em uma da rede pública e tenho observado o aumento do uso dos celulares, não somente entre as crianças e jovens, mas também entre pais e professores que absorvem informações consideravelmente rápidas e fáceis oferecidas pelas redes sociais, sendo elas fake news ou não. Esse aumento do uso das redes sociais também existe dentro das torcidas organizadas desses três clubes? Os respectivos torcedores, utilizando-se dessas redes, podem ser caracterizados como segregacionistas, fascistas, disseminadores de ódio, assemelhando-se às ideologias totalitárias já elencadas no início desse artigo, gerando a convergência da violência do futebol também para as redes sociais? A cultura da violência é disseminada nas redes? Estas são algumas proposições que pretendo pesquisar ao longo dos estudos.

Dados coletados através da Agência Senado demonstram que, somente no ano de 2019, ocorreram 160 eventos violentos durante as 38 rodadas do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Segundo tais registros, corroborados pelo Jornal O Globo, de vinte e oito de dezembro de 2014, após análise de Mauricio Murad, o Brasil encerrou o ano de 2014 como a nação que mais matou por causa do jogo de futebol em todo o planeta. Foram vinte mortes comprovadamente motivadas por rivalidades clubísticas, como atestam números oficiais tabulados pelo professor e sociólogo. De acordo com esse autor, entre os anos de 2010 e 2014 foram noventa e quatro mortes cujo mote principal foi o futebol e todas os óbitos foram comprovadamente ligados a rivalidades entre as torcidas.

No futebol de todo o mundo existe uma cultura de violência generalizada e que no Brasil parece ser mais legitimada. Infelizmente, o país é o campeão no número de mortes de torcedores por conflitos entre torcidas organizadas. Nos dois últimos anos, 3% dos delitos no âmbito do futebol, tais como racismo, xenofobia, machismo, agressão, mutilação e morte, receberam punição. Existe a cultura machista e da violência e, “no caso brasileiro, isso é absurdamente evidente e alimenta e é mapeado como um país que possui uma sociedade com um grau de violência que só aumenta”. (CASTRO apud MURAD, 2014, p. 47)

Para Zimbardo, que discorre sobre o “Efeito Lúcifer”, é necessário analisar que:

as forças das circunstâncias são acrescidas de poder com a introdução de uniformes, trajes e máscaras, todos disfarces da aparência comum, e que promovam anonimato e reduzem a sensação de responsabilidade pessoal. Quando as pessoas se sentem anônimas em uma situação, como se ninguém soubesse sua verdadeira identidade (…) elas podem ser conduzidas a ter posturas antissociais. Isso ocorre principalmente se o ambiente permite que se sigam os impulsos ou ordens ou diretrizes normalmente desenhados. (ZIMBARDO, 2007, p. 310)

Nessa perspectiva, o foco é a atual realidade do município de São Paulo, que é atrair a atenção para o tema e contribuir para descobrir como o futebol pode ser gerador de violência. O anonimato, a desindividuação e a desumanização das redes sociais potencializam ainda mais ações violentas? Torcedores ligados ao futebol de várzea, jovens praticantes do esporte em escolas, torcedores comuns, e as torcidas organizadas dos três clubes de São Paulo podem gerar o aumento da violência, da xenofobia e da perseguição dos diferentes, ocasionando o “Efeito Lúcifer”. Diante desse levantamento entende-se que “o anonimato internalizado não necessita de escuridão para se expressar”. (ZIMBARDO, 2007, p. 49)

A violência no futebol pode ser explicada por diversos estudos, entre eles, o que problematiza situações causadas pelo esporte. Soffredi e Azevedo (2008, p. 90) afirmam que a violência no futebol é causada pela falta de segurança e outros fatores que geram insatisfação no público e podem vir a culminar em uma explosão de raiva, como é o caso dos aspectos estruturais dos estádios, sem inocentar as torcidas organizadas de sua parcela de culpa.

Arendt (1951) enfatiza que os movimentos totalitários buscam organizar as massas e não as classes, como faziam os partidos de interesses dos estados nacionais do continente europeu, nem os cidadãos com suas opiniões peculiares quanto à condução dos negócios públicos, como fazem os partidos dos países anglo-saxões. Todos os grupos políticos dependem da força numérica, mas não na escala dos movimentos totalitários, que dependem da força bruta, a tal ponto que estes pareçam impossíveis em países de população relativamente pequena, mesmo que outras condições lhes sejam favoráveis.
Assim, a desindividuação transforma as torcidas em grandes massas sem identidade, que não entendem o valor da democracia e sem garantias individuais. O uso excessivo de força, física ou psicológica, como forma de repressão, causa censura e controle, em sua maior parte vinda dos meios de comunicação. A propaganda como forma de exaltação à figura de um líder, ou a um clube, em âmbito geral, torna-se hábito que define a ausência de consciência da identidade de um povo.

Em Buber (1978), há uma reflexão interessante sobre o papel do povo quando se relaciona por meio de grupos que é a seguinte:

um povo pode constituir-se não só por fusão de tribos consanguíneas, mas também mediante a união de grupos distintos. Porém sempre um povo se constitui a partir de uma unidade de destino. Quando diversos grupos constituem uma nova entidade se unem e se fundem nesse momento os destinos se entrelaçam. (BUBER, 1978, p. 40)

Na figura de um líder, ou de um agrupamento de pessoas que formam uma comunidade ou até mesmo um país, as torcidas podem ser vistas como pequenas nações? Zimbardo (2007) explica que:

o poder das autoridades é demonstrado não apenas quando existir obediência de seguidores, mas também até o ponto de definir a realidade e alterar meios habituais de pensar e agir. (ZIMBARDO, 2007, p. 316)

Agrupamentos de torcedores de um clube de futebol, tanto torcidas organizadas, quanto torcedores domésticos, desenvolvem relações de obediência e de ódio, e convergem sua ideologia para as redes sociais? Nestas, as pessoas não têm a sua identidade de fato revelada. A desindividuação, a obediência e o ambiente virtual podem ser fatores geradores de ódio entre os torcedores dos três clubes de São Paulo?

Gellner (1993) sublinha que as identidades nacionais são o produto combinado das primeiras tecnologias de comunicação de massas, que asseguraram a difusão de textos impressos, acessíveis no seu custo, por um lado, e de estratégias de homogeneização sociocultural imposta pela Revolução Industrial, o que nos faz procurar entender a importância da comunicação de massa inserida no futebol e a imposição de uma homogeneização sociocultural criada por ele, cujos seguidores são ligados pela paixão clubística, independentemente de classe e de ideais políticos. Hobsbawm (1990, p.170-171) declara que o indivíduo, mesmo aquele que apenas torcia, tornava-se o próprio símbolo de sua nação. Luiz Henrique de Toledo defende que as torcidas são reflexos da sociedade, reproduzindo seus sucessos e fracassos:

assim como as organizadas não reproduzem toda a extensão do torcer, elas também não contêm todas as variáveis que explicam a violência tomada como linguagem de todos. Ambientadas e nutridas nas dinâmicas de poder, as organizadas reproduzem os sucessos e fracassos das organizações sociais que conformam o que visualizamos por sociedade. Nenhum destes aspectos lhe faltam: burocracia, hierarquias, lógicas de distinção, comprometimentos políticos com projetos coletivos próprios ou negociados com outros atores, discurso da parlamentarização das relações e, obviamente, violência instrumental nutrida por masculinidades hegemônicas, monofóbicas, e intelerâncias já esparramadas por toda a sociedade. O problema não são as organizações em si. No geral, o comportamento belicoso e intolerante se manifesta de modo mais desgarrado, individualizante e decompromissado com qualquer projeto coletivo, descentralizando práticas e comportamentos que fogem em muito ao controle das elites torcedores. […] Embora as imagens dos últimos acontecimentos mostrem hordas de torcedores se degladiando, não há guerra ali, não há cadeia mecânica de mando e obediência. (TOLEDO, 1996, p. 170-171)

Outro fator importante a ser ressaltado é a desinviduação do torcedor. Desde a compra dos ingressos até sentar-se (ou apenas ficar em algum lugar do estádio), ele não é reconhecido como um indivíduo com nome, ele é mais um na multidão, sob a alcunha do clube que escolheu, ou em alguns casos sofreu pressão familiar. Para Zimbardo, a desindividuação:

gera um estado psicológico único, no qual o comportamento passa para o centro das exigências das circunstâncias imediatas e os impulsos biológicos hormonais. A ação substitui o pensamento, e a busca de prazer imediato domina o adiamento da gratificação, e as decisões ponderadas dão lugar a respostas emocionais impensadas. (ZIMBARDO, 2007, p. 428)

Os nativos digitais e aqueles que nasceram antes do boom da internet vivenciam a violência e o ódio que se espalha a cada dia pelas redes sociais. Se de acordo com Huizinga o jogo é uma expressão cultural, não podemos deixar de lado os jogos on-line, como nos videogames em tempo real, cuja violência é demonstrada de diferentes maneiras por atores desindividuados. Segundo um exame de 2001, dos setenta videogames mais vendidos, quase a metade dos jogos continham violência séria, de acordo com U.S. Department of Health and Human Services. Youth Violence . John Palfrey (2011, p. 244) espera que o debate sobre a violência na mídia se expanda também em escopo, porque algumas partes da população que são chamados de nativos digitais não são apenas recipientes da violência da mídia, mas também estão envolvidos em distribuição e na produção de materiais violentos.

Estudar o futebol como um caso isolado pode ser um equívoco, desse modo, esta pesquisa está relacionada ao cunho histórico-crítico das linguagens, das tecnologias, e de seus impactos na sociedade paulista do século XXI. Assim, este projeto de pesquisa propõe um estudo sobre a desindividuação e a convergência do futebol paulista para as redes sociais, que se tornaram possíveis ambientes geradores de ódio. O futebol, em particular, pode ser uma maneira ativa de imprimir sentimentos nacionalistas e as redes sociais, pelo fato das poucas restrições aos conteúdos ligados aos tipos de violência, entre elas, a violência do futebol, podem modelar comportamentos agressivos?

O objetivo deste projeto é o de investigar o comportamento de determinados grupos sociais e a possível convergência da violência dos campos e das ruas para a rede social Instagram utilizadas por torcedores dos três principais clubes de Futebol da Cidade de São Paulo (Corinthians, Palmeiras e São Paulo).

A análise da convergência do futebol para as linguagens tecnológicas, o entendimento das dinâmicas sociais ligadas ao esporte, a perda de identidade e o ambiente são ações favoráveis para cometer atos violentos. O “possível” toma o lugar do “justo”.

O reconhecimento do futebol como prática cultural, de seus problemas socioculturais e econômicos enfrentados pela população brasileira tornam-se reflexos da violência, fatos que permitem que sejam investigados como um esporte democrático que pode contribuir ou não para a cultura da violência.

O Brasil é o local que apresenta o maior número de mortes causadas por brigas de torcidas de futebol e, ao ser o segundo país que mais usa as redes sociais, perde apenas para as Filipinas, o que mostra sua violência no futebol como um reflexo da política, da moral e do comportamento do brasileiro.

Por envolver diferentes aspectos, o futebol pode ser visto como um evento lúdico, como uma prática desportiva, entretenimento, e também como gerador de lucro para grandes corporações. Segundo Paulo Freire:

mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam. (FREIRE, 1996, p. 31)

As redes sociais são democráticas, mas ao mesmo tempo geradoras de ódio e violência? Esta, no futebol, migrou para as redes sociais? Barreiras são implantadas, e o ódio torna-se algo natural nas redes sociais. Torcedores ligados às organizadas, ou não, vivem dentro de uma bolha ideológica autoritária, em que desindividualizados, sem identidades, mostram-se pessoas más?

Para Murad (2007), o futebol expressa a violência geral da sociedade e por isso a presença da cultura da violência dentro e fora dos campos é real. Mas será que essa cultura está inserida nas redes sociais? São reflexões propostas e que devem trazer luz para traçar caminhos e possibilidades de melhora para uma situação social já aqui apresentada, de modo a não potencializar o lado negativo deste esporte que importa tanto a muitos brasileiros e que, de certa forma, viabiliza sonhos e alegrias.

O futebol é um esporte antigo e de origem controversa. Contar a história do Brasil sem fazer menção a ele e as suas transformações sociais é como comemorar um gol marcado de maneira irregular. Logo, se torna importante examinar diferentes paradigmas sobre a origem do futebol pelo mundo e o seu “nascimento” em terras brasileiras, mais precisamente, na crescente industrial cidade de São Paulo no final do século XIX.

Avaí
Foto: Wikipédia

O crescimento da violência no futebol, assim como as ressignificações aos sentidos de pertencimento ao clube, transcenderam os estádios e convergiram para as redes sociais. O futebol é uma modalidade esportiva no qual mostra confrontos e contatos diretos entre adversários. Os choques dentro de campo são constantes, mas as regras não permitem agressão direta. O descontrole de jogadores violentos, na maioria das vezes, é resultado de revoltas perante um erro por parte da arbitragem ou a incapacidade de vencer o jogo que motiva o torcedor a cometer determinados atos violentos dentro e fora dos estádios, de modo a resultar em assassinatos, ou com a utilização de aparelhos celulares, de maneira virtual, chegando às redes sociais, com atos de violência, publicadas antes ou depois dos jogos.

A problemática sobre a violência do futebol paulista e a sua convergência para as redes sociais, a desindividuação e a massificação dos meios de informação deve ser levada em consideração. Não é difícil perceber que o futebol é propagador de violência e que a internet é uma facilitadora para o surgimento de atos violentos. O esporte, da forma como está culturalmente inserido na cidade de São Paulo, visto, portanto, como esporte das massas, é fruto do televisionamento das partidas pela TV aberta e pelos canais por assinatura e, atualmente, por meios eletrônicos, possibilitando o acesso às plataformas Youtube e Instagram. Segundo Igreja (2021, s/p.), 3,4 bilhões de pessoas acessavam a internet em 2016, agora já são mais de 5,2 bilhões de internautas (6,5% da população mundial). Apenas entre janeiro e julho de 2021 este número cresceu 10%. Mais de 92% dos acessos foram feitos por dispositivos móveis. O volume de dados criados em 2021 deve ser 2,4 maior do que em 2018. Números impressionantes que reforçam a necessidade de adaptação nas leis de negócios e segurança. Essas eficazes tecnologias operaram as mais importantes transformações econômicas, políticas e sociais e são também o foco das nossas reflexões.

O Futebol, esporte introduzido no Brasil por um membro da elite paulista, logo teve o seu crescimento e diferentes camadas da sociedade foram inseridas nesta prática esportiva. No momento presente, futebol é o esporte mais democrático que se tem conhecimento, com participação de homens, mulheres, crianças, jovens e idosos, e até de pessoas que fazem parte do “terceiro sexo”, como são conhecidos na Polinésia. Tudo pode se tornar uma bola, desde simples meias enroladas, cabeças de bonecas a papel amassado. Não há limites para a criatividade. Diante de seu crescimento, o futebol se torna uma prática cultural e social, reverberando em intervenções políticas, sociais, geopolíticas, na construção de ideologias e de identidades, o que gera também uma problemática social.

A dissertação na qual esse Mestrado culminará, contudo, prestar-se-á a problematizar o futebol paulista como prática cultural e, com isso, numa prática geradora de violência e ódio. A pesquisa tem relevância uma vez que as as reflexões e contribuições acima descritas devem ser reconhecidas como importantes para o estudo do futebol paulista como prática social, tendo como ênfase a violência causada pelo esporte e a sua convergência para as redes sociais, visto que em nossa sociedade pós-moderna não temos mais laços afetivos e o efeito da desindividuação nos separa a cada dia. A internet, mais precisamente as redes sociais, reproduzem, de maneira virtual, a violência e o fim das relações humanas presentes no século XXI. O ódio à democracia está cada dia mais presente nas postagens e nos comentários pelas redes sociais, haja vista que torcedores e jogadores de futebol sofrem constantes ataques por expressarem suas vontades e suas individualidades.

Gostaria, todavia, nestas considerações finais, de enaltecer o potencial do debate em questão e tentar problematizar as relações de dominação ideológica que contribuem para excluir os diferentes. Por fim, ao ampliar o olhar sobre o conceito de violência no futebol, buscar-se-á estabelecer conexões interdisciplinares entre educação, arte e história da cultura. Uma pesquisa como essa deve ter um viés crítico e, certamente, os documentos revelarão diferentes prismas sobre a problemática em questão.

A história do futebol é ampla e, portanto, ao ter como recorte o futebol paulista, as principais torcidas do município de São Paulo e a rede social Instagram será possível verificar como a violência se instaura nesses meandros. Na verdade, a violência acontece o tempo todo, em todos os lugares, em todos os segmentos sociais, em cada vida individual, e o futebol é só mais um elemento das suas ramificações.

Referências

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Felicce Fatarelli Fazzolari

Graduado em História pela Universidade Guarulhos (2003), Graduado em Filosofia pela Universidade Camilo Castelo Branco (2007), Graduado em Pedagogia pela FALC (Faculdade Aldeia de Carapicuíba), Especialista em Sociologia pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores do Estado de São Paulo Paulo Renato Costa Souza (2012), e Mestre pela Univesidade Presbiteriana Mackenzie no Centro de Educação, Filosofia e Teologia, no Programa de Educação, Arte e História da Cultura, com o tema: O FUTEBOL PAULISTANO COMO PRÁTICA CULTURAL: Um estudo sobre a violência no futebol paulistano e a sua convergência para a rede social Instagram. Sou Professor de História, Filosofia, Sociologia, disciplinas Eletivas, Tecnológicas e Projeto de Vida, para os ensinos Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede pública e particular de São Paulo. Tive experiência como Professor-Coordenador do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de São Paulo. Pai do Giuseppe, esposo da Patricia e amante de futebol e Rock'n roll.

Como citar

FAZZOLARI, Felicce Fatarelli. O futebol paulista como prática cultural: um estudo sobre a violência no futebol paulista e a sua convergência para as redes sociais. Ludopédio, São Paulo, v. 151, n. 19, 2022.
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