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O que o horizonte trará ao Santos

Felippe Guimarães 6 de janeiro de 2020

Sentado em um dos bancos da extensa praia da cidade de Santos, encaro o mar de tonalidade azul escura, contrastante com o céu meio acinzentado repleto de nuvens, que não resulta em uma das paisagens mais bonitas vistas por aqui e reflete muito sobre o futuro do Santos Futebol Clube. O ano de 2019 está pelo final e não pode ser considerado um ano ruim, porém foi mais uma temporada sem erguer um troféu sequer. Tivemos nossa melhor campanha em um Campeonato Brasileiro de pontos corridos com vinte times, mas isso é o suficiente para um clube com a grandeza do Santos? Não.

O elenco do Santos posou para a foto na última rodada do Campeonato Brasileiro, antes da partida contra o Flamengo, quando o goleou por 4 a 0, no estádio da Vila Belmiro. Foto: Paulo Pinto/ALLSPORTS.

Começamos a temporada 2019 com um time desacreditado, que ninguém dava muita coisa e terminamos o campeonato dando um show em cima do campeão do Brasil e das Américas, carimbando com gosto a faixa do rubro-negro carioca, o que deixou em mim, e em alguma parcela dos santistas, um gosto bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque coroou uma temporada de futebol vistoso e com o DNA alvinegro, e ruim porque sabíamos que para 2020 esse time não se manteria. E com a saída – conturbada – do argentino Jorge Sampaoli do comando da equipe concretizou esse temido mau agouro. Além do treinador, o Santos ainda perdeu uma referência da sua defesa, o excelente zagueiro revelado pela Vila Belmiro Gustavo Henrique, que foi capitão da equipe por diversas vezes e escolhido por muitos como um dos melhores da posição no Campeonato Brasileiro, despediu-se do Peixe ao fim do seu contrato, tendo como provável rumo o Flamengo. A perda desse jogador, para mim, acaba sendo pior do que a de Sampaoli. Gustavo tinha potencial para se tornar um dos grandes ídolos do clube, e nem só pelo desempenho em campo, mas muito pelo amor a camisa.

Outros jogadores também vão se despedir da Baixada, é o caso de Jorge, que também foi escolhido como um dos melhores laterais esquerdos da competição mais importante do país e retornará ao Monaco. Victor Ferraz e Derlis González também devem deixar o time, e para repor essas duas perdas, a diretoria já acertou com Madson, que pertencia ao Grêmio e atuava no Athlético e Raniel que estava no São Paulo. Além dos dois, alguns jogadores retornam à Vila ao fim de seus empréstimos como é o caso de Vladimir (Avaí), Daniel Guedes (Goiás), Romário (Vila Nova), Cleber (Oeste), Sabino (Coritiba), Longuine (Ponte Preta), Rodrigão (Coritiba), Felippe Cardoso (Ceará) e Arthur Gomes (Chapecoense). Desses jogadores, alguns devem ser emprestados novamente ou negociados em definitivo, mas não acredito que nenhum deles venha a agregar muito ao time que temos hoje. O presidente Peres também já declarou que o Santos não deve realizar grandes contratações para 2020 e isso que reflete ao céu nebuloso que encaro sentado na praia de Santos.

Com o time que temos hoje somos sim capazes de realizar boas campanhas nos torneios que disputaremos em 2020, mas não deixa no torcedor aquela grande esperança de título. E nós santistas já estamos com saudades de erguer troféus.

A notícia boa é que, desse mesmo mar que encaro, chegado em um navio de bandeira portuguesa vem Jesualdo Ferreira, o treinador de 73 anos assumirá o comando do Santos para a próxima temporada. O português tem bom currículo e é tido em seu país como um dos treinadores mais providos de conhecimento tático e experiência, e sua missão é mais do que manter o bom futebol da equipe de Sampaoli, é também corrigir os erros do argentino e, acima de tudo, voltar a ser campeão, e aqui não basta só levantar taça, tem que ser jogando bem, do jeito que o santista gosta. Essa missão dada ao experiente Jesualdo não é fácil, ainda mais contra rivais com muito mais investimento, mas é sim possível.

2020 já está batendo na porta, o Peixe demora para se preparar, mas, pelo menos, não caiu na mesmice de trazer velhos medalhões brasileiros para comandar a equipe…

E não é que raios de sol começaram a surgir por entre as nuvens cinzentas? 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Felippe Guimarães

Graduando em educação física, santista da gema desde 1996.

Como citar

GUIMARãES, Felippe. O que o horizonte trará ao Santos. Ludopédio, São Paulo, v. 127, n. 6, 2020.
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