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Um parque de diversões chamado São Paulo Futebol Clube

Lucas do Carmo Santos 26 de setembro de 2020

O nome do texto foi pensado antes mesmo de ser proposto. Talvez porque ele retrate exatamente o que é o São Paulo hoje, ou mesmo, pelos múltiplos significados que ele pode nos trazer. Por exemplo, o fato de no “pós-pandemia”, o time protagonizar alegrias aos rivais, alegria aos adversários que enfrentam, alegria aos adversários que concorrem com ele em qualquer que seja o campeonato. Pode ser também pelo fato do ”papelão” que tem feito no Morumbi, entregando pontos aos oponentes que deveriam temer estar jogando na casa do tricolor paulista, como recentemente o Red Bull Bragantino e como faço questão de citar, o Mirassol. Mas o significado que eu queria destacar é a montanha russa.

Não sou um especialista em marketing, mas normalmente a montanha russa é a principal atração dos parques de diversão, e ela representa a imponência e nível de adrenalina que você pode encontrar no tal lugar. E, sinceramente, a do São Paulo é a melhor que eu tenho visto ultimamente. A começar porque ela já tem alguns anos de duração. A oscilação é a principal marca do time, e se ela não fosse tão longa eu até dormiria tranquilo com a “desculpa” de que temos um time de garotos.

Jogadores do São Paulo perfilados para entrar em campo na partida contra a LDU, em Quito, pela Copa Libertadores da América 2020. A imagem até lembra uma montanha russa… Foto: Reprodução/Twitter/@SaoPauloFC.

É importante falar da torcida, como gosta de uma montanha russa, a ilusão que 45 minutos ou 20 minutos de jogo podem causar é assombrosa. Nosso time vai de Bayern a Barcelona em segundos, em um tempo é a Alemanha, no outro é o Brasil, e a torcida dentro do carrinho, vibra e depois se revolta, e vice e versa. É um misto de emoções digno de um grande filme, e isso é muito legal. Mas não é isso que faz um time ser grande. Pelo contrário, o Soberano já não assusta mais um time quase amador como o Binacional.

Só pra pincelar um pouco sobre as atuações, o time do Fernando Diniz joga como um time que é treinado por um grande treinador, só que treinado há 2 dias. As ideias são legais, mas rasas e mal executadas. O time marca alto, mas não com muita eficiência, e recompõe com muita lentidão, dando muitas oportunidades. Sai da pressão razoavelmente bem, mas quando encontra um time que defende atrás da linha do meio de campo não cria e depende dos cruzamentos incessantes e aleatórios de Reinaldo e bizarros do Igor Vinicius. Nesse parque de diversões, entramos em brinquedos muito chamativos e divertidos, mas sabendo que ele pode ter problemas básicos de engenharia e com saídas de emergências muito mal montadas. Quantos vão chorar no parque para ele ser fechado?

O São Paulo tem sido isso, um grande jogo ou grandes minutos, e um vexame em seguida, e me parece que enquanto tivermos Reinaldo, Dani Alves, Diniz, Raí, Leco continuaremos nessa montanha russa. Em um parque de diversão eu não tenho muita pressa de sair da montanha russa, ela me alegra, já na montanha russa do São Paulo eu quero fugir, porque o tormento não parece estar perto do fim.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Lucas do Carmo Santos

Formado em educação física, professor de ensino médio e são paulino.

Como citar

SANTOS, Lucas do Carmo. Um parque de diversões chamado São Paulo Futebol Clube. Ludopédio, São Paulo, v. 135, n. 61, 2020.
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