163.19

Pelo fim do Dia da Marmota!

Lucas do Carmo Santos 20 de janeiro de 2023

No último final de semana, a caminhada do São Paulo na temporada 2023 se iniciou e com um gosto estranho pro torcedor. Um sentimento de “dia da marmota” (referência ao filme “Feitiço do tempo” em que o protagonista cai em um looping temporal e todo dia precisa fazer a cobertura de um evento com esse nome), parecendo um início exatamente igual ao do ano passado. Resumindo: sem grandes anúncios, com perspectivas realísticas e o prognóstico de um ano em que um título que não fosse o estadual seria acima das expectativas.

No jogo contra o Ituano, vimos um São Paulo competitivo o tempo todo. Um modelo que não era novo, e assim como na última temporada, pressionando sem a bola, saindo de um 4-4-2 para os encaixes nos jogadores adversários e com ela mudando a linha de 4 para o que era quase um 3-4-3. Rafinha ficava na primeira linha enquanto Wellington tinha liberdade para avançar, Nestor e Pablo Maia por dentro, mais próximos dos zagueiros com Rato do lado direito dando amplitude, Pedrinho e Luciano flutuando e Calleri na referência.

Se a forma de jogar não era nova, as facilidades e dificuldades também não. Com muito volume de jogo, o São Paulo criou muito pelos lados, abusou dos cruzamentos e criou chances perigosas dessa forma, apesar de muitos destes serem errados no meio disso tudo. O ponto positivo foi a velocidade com que a bola circulou, passando muito por Nestor e Rato na criação. A bola saia de um lado para chegar do outro com boa velocidade e dava espaço para os laterais e pontas com a bola na lateral do campo. Embora o aproveitamento da equipe não tenha sido dos melhores, Calleri foi acionado e conseguiu ser perigoso, e o São Paulo criou suas melhores chances e poderia ter aberto o placar.

São Paulo
Fonte: reprodução

A grande dificuldade na criação foi a circulação de bola por dentro do bloco. Pedrinho e Luciano tinham pouco espaço e muita dificuldade para serem acionados, faltando dinâmicas para que esse jogo fosse possível. Muitas vezes, o time bem postado do Ituano em bloco baixo com apenas um jogador na frente não fez o São Paulo ocupar os melhores lugares na criação. Com Ferraresi, Arboleda, Rafinha e Pablo Maia fora do bloco o tempo todo, o time desperdiçava jogadores em uma faixa do campo que não gerava perigo. No segundo tempo, Rafinha ganhou mais liberdade, mas Nestor baixou, e o excesso de jogadores fora do bloco facilitou a vida dos meias adversários. Esses são detalhes que ao longo do trabalho vão se ajustando se ,claro, as coisas evoluírem para o Tricolor do Morumbi.

As estreias, exceto o goleiro Rafael que não teve trabalho no jogo, foram bem, competitivas e diretas, e é disso que o São Paulo precisa. Com muitos atletas para se adaptar no elenco, a janela do São Paulo pareceu muito mais consciente e sóbria do que a de Janeiro passado e as expectativas são de que os novos jogadores terão minutos e importância para a sequência da temporada.

Se em 2022 o gosto foi de não ter saído do lugar, em 2023 o time inicia a temporada com um destino claro. Algumas ideias já bem executadas, algumas nem tanto e outras para serem colocadas em prática depois da primeira aparição da temporada. O primeiro jogo do São Paulo teve cara de um bom início de temporada, e a expectativa é de que seja um bom início e não uma temporada com cara de início. Que esse tenha sido o último dia da marmota.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 16 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Lucas do Carmo Santos

Formado em educação física, professor de ensino médio e são paulino.

Como citar

SANTOS, Lucas do Carmo. Pelo fim do Dia da Marmota!. Ludopédio, São Paulo, v. 163, n. 19, 2023.
Leia também:
  • 169.6

    O mundo não gira, ele capota

    Lucas do Carmo Santos
  • 167.1

    Depois da tempestade vem outra tempestade?

    Lucas do Carmo Santos
  • 160.13

    Mais decepção no Morumbi

    Lucas do Carmo Santos, Vitor Freire