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Por mais estrelas e menos raios

Lucas Rocha Oliveira 21 de abril de 2023

O Santos iniciou o campeonato brasileiro de acordo com as expectativas levantadas: time apático, cometendo erros bobos, dependendo de uma jogada individual para resolver o jogo.

Acabou derrotado contra o Grêmio, embora não tenha jogado tão mal quanto poderia. Apesar de Messias, Nathan e Camacho, o time do Santos conseguiu combater um pouco mais do que o torcedor estava acostumado, e enfim, conseguiu vender caro uma derrota.

Muitos acreditam que no tempo de tempestades, podem surgir novos raios, como Robinho, Neymar, Rodrygo… Porém no meu bairro, quando há tempestade, a tendência é que haja grandes buracos nas estradas do Mary Dota – maior bairro da América Latina. Romantizar a dificuldade é passar pano para a péssima gestão do contador de histórias Andrés Rueda, e acreditar que em determinado momento que um grande herói surgirá e levará o Santos às glórias.

Santos Grêmio
Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA/Fotos Públicas

O Santos se reforçou para a disputa do Brasileiro, trazendo um bom e experiente atacante – Bruno Mezenga -, que surgiu no Flamengo, e acabou não alcançado o sucesso que era esperado, porém, mostrou muita qualidade ao longo dos últimos anos jogando em equipes de bom nível no Brasil, como Ferroviária, Goiás e o próprio Água Santa. Além dele, trouxe também o Luan Dias, meio campista que já disputou a série A do Brasileiro pelo Goiás em 2022, Mostra-se um bom jogador que agregará qualidade ao grupo. Já Gabriel Inocêncio chega para disputar vaga com João Lucas, que ainda não convenceu a comissão e nem a torcida alvinegra.

O ponto de atenção é que alguns jogadores após firmar longos contratos, acabam sendo descartados pelo clube, assim como Zanocelo, Rwan Seco (emprestado, mas com muito potencial) e Carabajal. Esse último poderia receber mais oportunidades neste ano, mas a diretoria viu como uma boa oportunidade cedê-lo ao Vasco da Gama para aliviar a folha salarial do clube.

Claramente, um elenco forte precisa de algumas peças por posição, porém, o Santos parece gastar dinheiro desesperadamente torcendo para que algum jogador vingue ao invés de investir em jogadores, e quando falo em investir, é além de contratar, dar tempo de jogo, coisa que Zanocelo, Rwan e Carabajal pouco tiveram.

Ainda com essa fraca atuação da diretoria e comissão, o Santos tem bons jogadores que podem agregar. Soteldo e Lucas Lima formam uma dupla promissora. Rodrigo Fernandez e Dodi podem completar um bom meio campo, dispostos a correr e municiar Marcos Leonardo e um parceiro promissor, que pode ser Ângelo, Miguelito ou o próprio Daniel Ruiz. A torcida espera muito que o time fique com a posse da bola, pois ser atacado com essa tenebrosa zaga é um filme de terror. João Paulo é a estrela solitária que se salva e nos salva. JP deve ser grato, afinal, se o time tivesse zagueiros de bom nível, provavelmente não seria tão exigido.

Muito precisa ser feito. A projeção – e torcida – é de briga no meio da tabela. Torcer para que os jogadores se unam a fim de lutar pelo time, e que se entendam como um time, e isso passa pela batuta do Odair Hellman. Enquanto isso não se consolida, o torcedor espera por dias melhores e que tenhamos noites de céu limpo, para que possamos ver novas estrelas, ao invés de torcer para cair um novo raio em meio a tempestade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Como citar

OLIVEIRA, Lucas Rocha. Por mais estrelas e menos raios. Ludopédio, São Paulo, v. 166, n. 21, 2023.
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