65.2

Relações entre Mídia e Copa do Mundo

Rafael Souza 6 de novembro de 2014

O Seminário Internacional Copa do Mundo, Mídia e Identidades Nacionais, organizado pelo Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME), contou com uma palestra sobre as relações entre Mídia e Copa do Mundo. Ministrada pelos pesquisadores Bernardo Buarque de Holanda (FGV-SP), Edison Gastaldo (UFRRJ) e Maurício Drumond (UFRJ), as discussões giraram em torno, principalmente, das visões e do posicionamento da imprensa e da mídia sobre as duas maiores derrotas da história da Seleção brasileira: o “Maracanazzo”, de 1950, e os 7 a 1 sofridos para a Alemanha, na última Copa.

Com moderação de Álvaro do Cabo (UFRJ), o debate teve um grande número de estudantes, professores e pesquisadores. Na primeira parte, Bernardo Buarque de Holanda apresentou a exposição “Produção Editorial de Livros da Copa do Mundo de 50”, em que foram citadas algumas das principais obras sobre a histórica derrota brasileira para o Uruguai, entre eles “Dossiê 50”, de Geneton Moraes Neto, e “Maracanazzo”, de Teixeira Heizer. Além disso, o pesquisador também falou sobre os momentos que antecederam o começo da primeira Copa sediada no Brasil.

Bernardo Buarque durante a sua fala. Sentados, da esquerda para a direita: Edison Gastaldo, Maurício Drumond e Alvaro do Cabo. Foto: LEME.

Em seguida, Edison Gastaldo se aprofundou na questão da transformação da Copa em um grande evento. Sobre os 7 a 1, Gastaldo afirmou que o vexame em 2014 não causou tanto impacto como o Maracanazzo de 50. “Apesar do vexame, nada mudou. Apenas o afeto, pois não tem mais graça, já que o Marín (presidente da CBF) continuou, o Dunga voltou… Os 7 a 1 vão ficar marcados apenas nos dados estatísticos. Pelo significado nada superará os 2 a 1 de 1950. Muito pelo simbolismo, causado por aquela Copa ser no Brasil, por um ideário nacionalista em volta”, opinou o pesquisador, que também condenou e criticou o misticismo em torno da “amarelinha”. “Se abandonarmos esse misticismo da pátria de chuteiras, avançaremos como nação”, afirmou.

Por fim, Maurício Drumond trabalhou a relação da imprensa brasileira com as derrotas da Seleção em Copas. O debate focou na questão da “vilanização na derrota”, em que personagens eram “eleitos” pela imprensa como os principais responsáveis pelos fracassos do Brasil. Exemplo recente é o de Felipão, que foi alvo de muitas críticas após os 7 a 1 e considerado o maior culpado do vexame no Mundial deste ano. Baseado nessa constatação, Maurício apresentou os diferentes tratamentos dados pelos jornais sobre as causas para as derrotas do Brasil, incluindo todas as Copas em que não houve um vilão específico. Caso de 1982, em que a culpa acabou recaindo sobre o futebol arte e uma suposta indisciplina tática.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Como citar

SOUZA, Rafael. Relações entre Mídia e Copa do Mundo. Ludopédio, São Paulo, v. 65, n. 2, 2014.
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