O tempo passou e não vemos mais crianças jogando bola na rua nem equipes amadoras disputando campeonatos em campos de várzea que se multiplicavam nas grandes cidades. Isso não é reflexo somente da explosão imobiliária das nossas cidades, mas também dos novos costumes de nossos jovens. Muitos trocaram os esportes por games, outros por escolinhas de futebol particulares ou mesmo por outros esportes. Entretanto sempre fica no ar a mesma pergunta: não fazemos mais craques no Brasil?
A cada dia que passa infelizmente fica mais claro que a qualidade técnica dos nossos jogadores decaiu de maneira assustadora. Afinal, esses profissionais e muitos deles titulares em equipes importantes tem dificuldades enormes em dar um passe corretamente, de fazer lançamentos e até de bater escanteios. Com raríssimas exceções nossos “craques” atuais estão longe de fazer o que os jogadores brasileiros das décadas de 60, 70 e 80 faziam em campo.
Nos dias de hoje um jogador que faz dois gols consecutivos já é considerado um craque da bola e depois de alguns meses recebe propostas de equipes do exterior. Os clubes precisam faturar, eles não sobrevivem só com as cotas de TV e os patrocínios de casas de apostas como a 1xBet.
Como a situação financeira dos nossos clubes é sempre caótica, os jovens são vendidos a toque de caixa por qualquer trocado e depois de alguns meses ou poucos anos voltam porque não conseguiram jogar nos clubes europeus.
Os chamados jogadores “acima da média” não passam de bons jogadores, mas que geralmente não permanecem nesse patamar depois de seis meses. Eles são supervalorizados e acabam decepcionando sua torcida em um curto espaço de tempo.
Por que a falta de craques?
A culpa dessa falta de craques em nosso futebol começa desde as divisões de base. Os clubes se baseiam na formação dos jogadores que os clubes europeus usavam décadas atrás.
O principal é a preparação física: os jogadores só precisam ser fortes afinal o futebol é um esporte de contato físico e cada vez mais intensidade.
É claro que no futebol moderno é necessário força e resistência, mas só isso não basta. Devemos desenvolver o talento de cada um, treinar os preceitos fundamentais como chute, drible, posicionamento.
As categorias de base dos clubes precisam ter profissionais capazes de lapidar os jovens para que quando cheguem a equipe principal tenham condições de desempenhar bem o seu papel.
Os jovens chegam ao profissional sem saber o básico e muitos acabam se perdendo. Temos inclusive a impressão de que eles só fazem treinamentos táticos, nem chegam a treinar os preceitos básicos do futebol.
O jogador brasileiro precisa voltar a ter criatividade, saber driblar, a chutar isso somado a tática. Hoje o jogador precisa ser completo. Com raras exceções grande parte dos jovens atletas tem deficiências que devem ser corrigidas. Antigamente víamos grandes craques ficarem depois do treino aperfeiçoando sua técnica, cobrando faltas incessantemente. Isso hoje não existe.
No Brasil a maioria dos clubes necessita de investir na base e muitos deles tem tido sucesso com esses jovens. É um dos melhores caminhos para clube investir menos formando seus jogadores e aproveitar em campo esses talentos, sem dizer o retorno financeiro que essas joias podem trazer em caso de negociação.
Tudo isso acaba por refletir na nossa seleção brasileira de futebol. Boa parte dos atletas eram das bases e acabaram sendo vendidos ao exterior rapidamente. Muitos acabaram por aprimorar seus conhecimentos em clubes europeus. Não podemos considerar nossa seleção canarinho como uma equipe fraca, já que grande parte dos atletas jogam em grandes equipes europeias.
Contudo nossa seleção está muito longe do que era anos atrás quando era temida. Naquela época jogávamos um futebol genuinamente brasileiro, com muitos dribles e gols espetaculares.
Se existe algum país que tenha um potencial enorme de formação de jogadores esse país é o Brasil. O que é preciso é dar mais atenção a base, ensinando e treinado os preceitos básicos do nosso futebol.
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