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Sinto os ventos da mudança

Luciane de Castro 27 de dezembro de 2011

O final do ano de 2011 começou a se desenhar como um excelente e promissor início de 2012 para o futebol feminino brasileiro.

Não sei se estou contaminada pela felicidade das meninas da Águia do Vale pela conquista do título da Libertadores Feminina ou se foram as notícias que chegaram em meio a competição que reforçaram minhas esperanças e renovaram minhas energias pra seguir na lida da modalidade.

O fato é que ao assumir o Ministério do Esporte, Aldo Rebelo – que confesso ter recebido com certa desconfiança, não por sua pessoa, claro, mas sim pelo partido -, deu novos ares inclusive no que se refere a interação com as pessoas. Mostrou não só disposição para mudar algo, como de fato o fez.

No Bom Dia, Ministro, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, fez um balanço dos jogos Parapanamericanos de Guadalajara 2011 e detalhou o programa Bolsa Atleta, além da organização para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.

A boa nova? Nomeou a ex-boleira Michael Jackson dos Santos como coordenadora da Comissão Geral de Futebol Feminino do Ministério do Esporte. Não só uma excelente notícia como também ampliou consideravelmente as expectativas de todos os envolvidos com a modalidade. Em linhas gerais, Aldo Rebelo foi cirúrgico!

Outro ponto que me fez rever minha opinião sobre os esforços realizados para que o jogo das meninas siga em ascensão, foi a conversa que tive com a autoridade máxima da Conmebol presente na Libertadores Feminina. Romer Osuna, tesoureiro da entidade e presidente da comissão de futebol feminino, destacou a premiação inédita para esta edição da competição. O campeão, São José, recebeu US$ 20,000.00. Ao segundo colocado, o Colo Colo, coube o prêmio de US$ 15,000.00. O Santos ficou com US$ 9,000.00 e o Caracas levou para a Venezuela US$ 6,000.00.

Gol da Poliana do São José. Foto: Juliana Azevedo/São José E.C.

Cada equipe participante recebeu US$ 7,500.00. Se isso não serve de incentivo, não sei mais o que pode servir, pelo menos para que os clubes em seus respectivos países e por aqui também, invistam em suas equipes femininas de maneira adequada. E quando digo de maneira adequada, quero dizer com planejamento, bons parceiros, projetos sustentáveis e não com equipes formadas de última hora, sem preparo físico, sem um trabalho sério.

São José campeão da Libertadores da América. Foto: Prazer América, esse é o São José. Foto: Juliana Azevedo/São José E.C.

Vale destacar também, a troca do comando da seleção feminina e a nomeação de Andres Sanchez como diretor de seleções da CBF. Não posso afirmar rigorosamente nada sobre o desempenho dos dois em seus cargos, afinal, fazer previsão é coisa para videntes, profetas ou qualquer coisa que o valha, e óbvio, não me encaixo neste perfil. Mas só para lembrar, o Corinthians tinha Cristiane em sua equipe de futebol feminino em 2008. Alguém lembra?

O Torneio Cidade de São Paulo teve início no dia 8 de dezembro, entrando definitivamente para o calendário do futebol feminino nacional, chegando em sua 3ª edição. Este ano as seleções da Italia, Dinamarca e Chile se apresentam por aqui. Com os investimentos feitos pela UEFA no futebol feminino europeu, teremos chances de observar o que isso muda com a bola rolando.

E para fechar o texto, quero parabenizar as meninas da Águia do Vale pelo título da III Edição da Libertadores Feminina. Não foi por acaso, não foi sorte, foi trabalho de anos.

Muito prazer América, esse é o São José. Foto: Juliana Azevedo/São José E.C.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Lu Castro

Jornalista especializada em futebol feminino. É colaboradora do Portal Vermelho e é parceira do Sesc na produção de cultura esportiva.

Como citar

CASTRO, Luciane de. Sinto os ventos da mudança. Ludopédio, São Paulo, v. 30, n. 7, 2011.
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