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Sobre a Copa América e o Ouro Olímpico

Fábio Aguiar Lisboa 14 de maio de 2015

Na terça-feira (05/05), o técnico Dunga convocou a seleção brasileira para a primeira competição oficial após a realização da Copa do Mundo de 2014, a Copa América, que acontece entre 11 de junho e 4 de julho no Chile. O treinador chegou a este momento apresentando um ótimo retrospecto à frente do Brasil: oito vitórias em oito partidas amistosas disputadas. Isto o ajuda a diminuir, no momento, a desconfiança da imprensa a seu trabalho neste novo período à frente do selecionado brasileiro.

No entanto, a participação do Brasil na Copa América deve aumentar consideravelmente a pressão para que a seleção brasileira consiga superar, de alguma forma, o fiasco no Mundial de 2014, oportunidade na qual o Brasil sofreu a maior goleada de sua história – o 7 a 1 para a Alemanha. Ainda assim, suspeito que mesmo a conquista de uma competição como a Copa América não será suficiente para superar essa derrota, que constantemente tem sido relembrada pela imprensa esportiva. Essa suspeita parte do pressuposto de que, para curar tal ferida, o remédio seria apenas uma vitória de goleada em um jogo com um contexto semelhante ao do 7 a 1 para a Alemanha.

Dunga, Marco Polo Del Nero e Gilmar Rinaldi durante a convocação. Foto: Rafael Ribeiro – CBF.

Ainda no campo das narrativas esportivas sobre a seleção brasileira, vale salientar o aumento gradativo do espaço dado à seleção olímpica com a proximidade cada vez maior dos Jogos de 2016. Se a seleção principal tem que lidar com o fantasma do 7 a 1, a equipe olímpica tem que administrar a expectativa pela conquista da inédita medalha de ouro no futebol masculino. As narrativas em torno deste título, que é apontado por parte da imprensa esportiva como o último que falta ao futebol brasileiro, têm recebido cada vez mais espaço na imprensa brasileira.

Se o ouro olímpico parece não ter o potencial para apagar a frustração brasileira após o fiasco no Mundial, suspeito que deve haver uma mudança no imaginário sobre a conquista do ouro inédito em pleno estádio do Maracanã, com a conquista da mesma sendo vista como um início da recuperação do futebol brasileiro. Enfim, somente o tempo dirá se as suspeitas se confirmam ou não.

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Fábio Aguiar Lisboa

Mestre em Comunicação pelo do Programa de Pós-Graduação da UERJ (PPGCOM/Uerj) na linha Cultura de Massa, Cidade e Representação Social. Membro do Grupo de Pesquisa Esporte e Cultura (FCS/UERJ). Bacharel em Comunicação Social pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (2003), bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2009) e bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (2010). Trabalha na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo.

Como citar

LISBOA, Fábio Aguiar. Sobre a Copa América e o Ouro Olímpico. Ludopédio, São Paulo, v. 71, n. 4, 2015.
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