12 clubes se uniram para criar uma “panelinha”, mas Boris Johnson e os torcedores derrubaram a proposta.
Doze titãs do futebol europeu se uniram para criar um torneio paralelo às competições da Uefa, mas a empreitada durou apenas 48 horas. O naufrágio da proposta se deve a uma reação forte e inesperada por parte da política e dos torcedores dos clubes – sobretudo na Inglaterra.
O projeto da Super Liga previa um campeonato com formação fixa, sem classificação e sem rebaixamento. O novo torneio representaria um revés para a Uefa Champions League, cujas semifinais começam na próxima terça-feira. Para que gosta de fazer apostas esportivas, você pode apostar nas semi finais da Champions e com o código promocional bet365, você pode lucrar mais ainda com o seus palpites.
A seguir, conheça melhor a Super Liga, porque ela é polêmica e como a ideia de criá-la foi esquecida em apenas dois dias.
O que é a Super Liga?
A Super Liga seria um campeonato entre clubes europeus organizado fora do escopo da Uefa. Cada edição do torneio reuniria 20 equipes, 15 delas permanentes. Entre as permanentes, estariam os 12 clubes que anunciaram a criação da Super Liga:
- Seis clubes da Inglaterra: Manchester City, Manchester United, Chelsea, Tottenham, Arsenal e Liverpool
- Três clubes da Espanha: Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid
- Três clubes da Itália: Juventus, Milan e Internazionale
Mais três times seriam convidados para formar o grupo dos 15 clubes permanentes – provavelmente, o francês PSG e os alemães Bayern de Munique e Borussia Dortmund. A cada ano, outros cinco times das cinco principais ligas nacionais da Europa seriam selecionados para participar, mas não está claro como eles seriam escolhidos.
A primeira fase da competição teria dois grupos de dez equipes, com jogos de ida de volta. Os quatro melhores colocados em cada grupo iriam para a fase de mata-mata.
Com esse formato, os clubes mais prestigiados da Europa se enfrentariam com uma frequência maior do que na Champions League, o que resultaria em mais visibilidade e mais receitas. O banco de investimentos J.P. Morgan financiaria o lançamento da Super Liga com € 3,25 bilhões.
Por que a Super Liga é tão polêmica?
As discussões sobre a criação de um torneio com esse nome existem desde a década de 1980. Mas foi nos anos mais recentes que a ideia ganhou força para resolver um problema que os grandes clubes enxergam com relação à Champions.
Eles acreditam que a fase de grupos da Champions é muito fácil de se prever e, portanto, gera pouca expectativa nos fãs e, portanto, gera receitas pequenas. Reunindo os gigantes em apenas dois grupos, a Super Liga produziria mais rendimentos para os maiores clubes europeus.
A proposta da Super Liga se tornou tão polêmica pelo fato de ela criar uma “panelinha” entre os clubes mais ricos da Europa, que continuariam recebendo a sua alta receita sem precisarem se esforçar para manter a qualidade. Os dirigentes dos 12 clubes envolvidos foram acusados de trair os princípios do futebol em uma busca insensível por lucros cada vez maiores.
Além disso, a Super Liga tomaria para si boa parte da visibilidade e dos lucros destinados, hoje, à Champions e, em menor medida, à Europa League – competições cujos participantes se classificam a partir do desempenho nos campeonatos nacionais. Isso poderia resultar em um abismo de faturamento e visibilidade entre os clubes da Super Liga e os demais clubes europeus.
Como a proposta da Super Liga se esvaziou?
Foi na tarde de domingo que o jornal britânico The Times noticiou que seis clubes ingleses se uniram ao projeto da Super Liga. À noite, surgiram as notícias dos clubes espanhóis e italianos que entraram na proposta.
Na terça-feira, o presidente da Uefa, Aleksander Čeferin, mostrou suas cartas. “Não posso expressar de forma mais forte como a Uefa e o mundo do futebol estão unidos contra as propostas egoístas e vergonhosas que temos visto, impulsionadas puramente por ganância. É um projeto sem sentido. Esta ideia é uma cusparada no rosto dos amantes do futebol e da nossa sociedade”, ele disse. Čeferin defendeu que os jogadores que participassem do torneio fossem excluídos das competições da Fifa, inclusive da Copa do Mundo.
No mesmo dia, torcedores de alguns clubes britânicos organizaram protestos contra a Super Liga, nos quais os alvos eram os dirigentes (o Chelsea, por exemplo, é de propriedade de um oligarca russo).
Ainda na terça-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se reuniu, virtualmente, com representantes dos clubes da Premier League que não estavam na Super Liga e com líderes das torcidas. Na reunião, Johnson se comprometeu a enviar ao parlamento uma “bomba legislativa” para aprovar leis que coibissem o torneio. Esse foi o ponto de virada.
Logo após a reunião do primeiro-ministro, o Chelsea e o City foram os primeiros times a começarem a se afastar da Super Liga. Johnson, então, comemorou, no Twitter, a mudança de opinião dos clubes – o que desatou um efeito dominó. Até o fim do dia, os seis clubes ingleses desistiram de criar o novo torneio. Na quarta-feira, a proposta da Super Liga estava claramente derrubada.
Agora, está claro que os dirigentes foram pegos de surpresa pela reação dos torcedores e dos governos. Além de Johnson, o presidente francês, Emmanuel Macron, também condenou a Super Liga em termos duros e manifestou apoio à Uefa.
A proposta não está enterrada. “A Super Liga não morreu. Vamos continuar trabalhando neste projeto. Agora, está em stand-by”, afirmou, na quarta-feira, Florentino Pérez, presidente do Real Madrid.
Porém, é difícil imaginar como a proposta poderia ser ressuscitada, tendo em vista a maneira desastrosa como ela foi recebida pela mídia, pelos fãs e pela classe política. Além disso, a turbulência da Super Liga pode acabar levando a União Europeia a impor novas legislações para proteger a competição no futebol – o que significaria que o tiro dos grandes clubes saiu pela culatra.
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