Ela estava em algum lugar, à paisana
Entre Plaza Catalunya e Via Laietana
E se aproximou sem sequer ser notada
Sorrateira, muda, sem anunciar chegada
Dor de garganta dois dias, febre no terceiro
O bichinho se disseminou lépido e faceiro!
No posto de saúde, logo recebi o veredito
Sete dias em casa, confinada num quartito
Sinto que joguei com a morte
Que chegou disfarçada de covid
Depois de um breve golpe de sorte
Recuperar-se, não há quem olvide
Há quem possa pensar que é exagero
Porque se espalha pelo mundo inteiro
Mas e o que vale agora a vida humana?
A mortalidade persiste semana a semana!
A pandemia não é seletiva e nem sexista
Nem mesmo afiliou-se ao partido comunista
Sequer avisou os próximos nomes na lista
Quem já teve, difícil manter-se negacionista
Não dá pra ignorar o sofrimento e a iniquidade
E muito menos esquecer as tantas vidas perdidas
Marcas emocionais expostas ou escondidas
Quem sabe um dia retornemos à “normalidade”!