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Uma galeria fotoetnográfica dos Gaviões da Fiel (parte 2): a materialidade do torcer

Este breve ensaio fotoetnográfico[1] foi feito a quatro mãos (e duas câmeras), por dois antropólogos que possuem um campo de pesquisa em comum: a Torcida organizada e Escola de Samba Gaviões da Fiel. A exposição das fotos e a discussão através delas está dividida em duas partes, sendo ambas sobre a estética torcedora. A primeira Os corpos que torcem (hiperlink) teve como foco os corpos como matéria prima do torcer, já essa segunda parte apresentará o protagonismo dos materiais utilizados nas práticas torcedoras.

Como adiantamos na primeira parte, o apreço pela materialidade torcedora é central nas formas de torcer das torcidas organizadas a fim de expressar sua própria estética visual. Observar a dinâmica dos materiais nos Gaviões da Fiel é também se atentar que essas práticas cotidianas e ritualísticas acontecem entre as atividades atreladas aos universos do futebol e também do carnaval, onde esse amontoado de significados e disputas que atravessam as pessoas em suas práticas de sociabilidade se estabelecem por meio dos materiais que constituem a expressividade das formas de torcer e de sambar da agremiação.

 Não à toa, muitas torcidas organizadas, como é o caso dos Gaviões, possuem departamentos específicos para os materiais, onde exercem não só o cuidado e a manutenção como também os processos de aprendizagens para os manuseios de cada um deles em suas práticas. “(…) A bateria deve estar afinada, aqueles que cantam devem ser ouvidos, os que empunham as bandeiras devem fazê-las de modo correto sem embaraçá-las para não comprometer a visão dos símbolos e desenhos que ostentam” (Toledo, 1996: 77). Por isso, tais departamentos costumam ser lidos nativamente como o “coração da agremiação”.

Gaviões da Fiel
Foto 1. A camisa dos Gaviões exposta como um material sagrado do torcer. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 2. Os materiais sacralizados em torno de São Jorge, o padroeiro corinthiano e dos Gaviões. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 3. Bandeirão em formato de camisa dos Gaviões. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 4. Quadra sede e as bandeiras como construção do espaço torcedor para além das arquibancadas. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 5. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 6. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
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Foto 7. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 8. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 9. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.
Gaviões da Fiel
Foto 10. Reprodução: arquivo fotoetnográfico dos autores, 2019.

Notas

[1] Por fotoetnografias nos referimos a fotografias tiradas em contextos de pesquisas etnográficas.

Referências

TOLEDO, Luiz Henrique. (1996). Torcidas Organizadas de futebol. Campinas: Autores Associados/ANPOCS.


Sobre o LELuS

Aqui é o Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e de Sociabilidade. Mas pode nos chamar só de LELuS mesmo. Neste espaço, vamos refletir sobre torcidas, corporalidades, danças, performances, esportes. Sobre múltiplas formas de se torSER, porque olhar é também jogar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Marianna Andrade

Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Bacharel em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), tem experiência na área da Antropologia e estuda as torcidas organizadas e as relações de gênero no futebol.  Compõe o Grupo de Estudos sobre Futebol dos Estudantes da EFLCH (GEFE) e o LELuS (Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e Sociabilidade). Contato: [email protected]

roberto souza junior

Doutorando e mestre em Antropologia Social no PPGAS da UFSCar, onde também é bacharel em Ciências Sociais. Pesquisador associado ao LELuS (Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e de Sociabilidade). Trabalha, a partir de etnografias urbanas e fotografias, com torcidas organizadas de futebol que são também escolas de samba do carnaval paulistano. E-mail: [email protected]

Como citar

ANDRADE, Marianna C. Barcelos de; SOUZA JUNIOR, Roberto A. P.. Uma galeria fotoetnográfica dos Gaviões da Fiel (parte 2): a materialidade do torcer. Ludopédio, São Paulo, v. 146, n. 50, 2021.
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