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Uma rivalidade verde, vermelha e preta

Flamengo e Palmeiras são, sem discussão alguma, as duas potências do futebol brasileiro hoje, os números estão aí para mostrar isso: quatro dos 5 títulos brasileiros foram conquistados por eles. Um é o atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil, o outro bicampeão Brasileiro. É possível até questionar o nível do futebol apresentado pela dupla, mas é impossível negar o que está escancarado.

A rivalidade entre eles é de longa data, mas de 2016 para cá, todo jogo entre Pal x Fla é um de maiores audiências e repercussões, nada mais justo aos times que com modelos de gestão diferente, se reergueram, ajeitaram a “casinha”, tiraram o nome do Serasa (mais ou menos), hoje desfrutam de seus esforços na organização do clube e atingiram seus objetivos em comum: conquistar a América e o Brasil.

Engana-se quem pensa que isso é uma fase, futebol pode ter altos e baixos e sabemos que as conquistas não vêm sempre, mas com o trabalho sério realizado na administração nos dois times, o verdão e o fla têm tudo que é necessário para se manter entre os melhores da América do Sul.

Campeonato Brasileiro 2016: Partida realizada entre Flamengo e Palmeiras, no estádio Mané Garrincha. Foto: Gilvan de Souza/ Flamengo/Fotos Públicas

E é com esses ingredientes que a final da Supercopa vai rolar. O torcedor de cada lado vai relembrar os bons momentos em cima do rival, do cheirinho de 2016, do gol de Dudu no maraca lotado em 2018, do baile dos coringas de Jesus dentro e fora de casa. Provocação não falta em nenhum dos lados.

Apesar de toda essa disputa atualmente, nenhum desses embates e confrontos foram em campeonatos mata-mata. A Supercopa será apenas a segunda final da história entre eles, e quem está na vantagem é o rubro-negro.

Se hoje as coisas estão mais iguais e sem grande favoritismo de um dos lados, na Copa Mercosul de 1999, o bicho papão tinha nome e cor: Era o Verdão.

Coincidentemente, o time era o atual campeão da liberta e tinha sido vice no mundial, com nomes pesados como Zinho, Alex, Evair, Paulo Nunes e outros. Uma verdadeira seleção.

Já o Flamengo não tinha nem de longe seu melhor esquadrão, e para piorar tudo, ainda viu Romário sair do clube e ir assinar com o Vasco. O torcedor rubro-negro não esperava por grandes coisas, mesmo sendo sempre tão otimista.

O campeonato foi disputado por 20 clubes. Na primeira fase, estruturou-se com 5 grupos, em que os dois primeiros se classificavam para as quartas de final. Palmeiras se classificou em segundo no grupo que tinha Cruzeiro, Racing e River Plate. O rubro-negro carioca também passou em segundo no grupo com Olímpia, Colo-Colo e Universidad de Chile.

Na segunda fase da competição o Fla encarou o Independiente, com um empate fora e uma vitória dentro de casa, garantiu a vaga nas semis. O verdão teve pela frente novamente o Cruzeiro, num daqueles jogos inesquecíveis pra quem assistiu, aplicou uma senhora surra de 7 a 3 nos mineiros, o que assegurou a classificação apesar da derrota por 2 a 0 no jogo da volta.

As semis foram travadas entre Fla x Penarol e Palmeiras x San Lorenzo. Os argentinos até assustaram com o resultado no primeiro jogo, venceram o poderoso Palmeiras por 1 a 0 na Argentina. Na volta, a máquina palmeirense encaixou um 3 a 0 e despachou os hermanos.

Quando o Flamengo fez o primeiro jogo no Rio, o time comandado pelo saudoso Carlinhos venceu por 3 a 0. Fora de casa, não caiu em armadilhas e fez o jogo seguro, mesmo tendo perdido por 3 a 2.

Naquele ano, Fla e Palmeiras já tinham se enfrentado num mata-mata, o porco eliminou o rubro-negro da Copa do Brasil, o que dava ainda mais confiança e favoritismo para o time de Felipão.

Porém, é como os teóricos, os apaixonados e os amantes pela bola sempre falam, no futebol, o imponderável sempre dá as caras e o favoritismo fica só no papel.

Foram dois jogos dignos da grandeza dos times e desse clássico. Um 4 a 3 eletrizante no Maracanã, com duas viradas e gols de Juan, Caio Ribeiro duas vezes e Reinaldo para o Fla; o colombiano Asprilla diminuiu para o alviverde e Júnior Baiano e Paulo Nunes fizeram valer a lei do ex naquele dia também.

A volta no Palestra Itália no dia 20 de dezembro começou bem para os Palmeirenses. Arce, de pênalti, abriu logo o placar, na primeira etapa. No começo do segundo tempo, Caio Ribeiro e Rodrigo Mendes fizeram dois gols para o time carioca, virada do mengão. Porém, Arce novamente e Paulo Nunes colocaram o verdão na frente mais uma vez.

A felicidade rubro-negra apareceu quando Reinaldo recebeu uma bola no campo de ataque e de costas, tocou de calcanhar para Lê que invadiu e bateu uma bola chapada rasteira de pé esquerdo que morreu lá dentro da rede.

3 a 3, fim de jogo. Flamengo Campeão.

Esse era o último título internacional do Fla antes da Libertadores de 2019, o rubro-negro passou um jejum horroroso de conquistas, hoje, empilha taças. Pode vencer mais uma, contudo, tem que superar dessa vez o time do português Abel Ferreira.

Independentemente do resultado, se essa Supercopa reservar um grande jogo como foram essas finais, será mais um belo acréscimo nessa rivalidade verde, vermelha e preta.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Lucas Costa

Potiguar, estudante de Jornalismo pela UFRN, aspirante a repórter, apaixonado por táticas ofensivas, mas amante de certas "retrancas".

Como citar

COSTA, Lucas. Uma rivalidade verde, vermelha e preta. Ludopédio, São Paulo, v. 142, n. 19, 2021.
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