Ao longo da primeira metade do século XX, o futebol se disseminou completamente pelo território brasileiro, tornando-se ingrediente indelével da tardia integração territorial e um dos mais poderosos elementos definidores da nacionalidade. Tal modalidade esportiva triunfou nas cidades brasileiras com alarde, e não obstante sua evidente expressão espacial, não existe qualquer esboço de uma geografia do futebol no Brasil. Por outro lado, a historiografia do futebol brasileiro ignora os condicionantes da base territorial. No sentido de contribuir na superação inicial destas limitações, almejamos construir e aplicar uma abordagem geográfica para o processo de introdução do futebol no Brasil, enfatizando o peso do lugar e da dinâmica espacial, como fatores determinantes da natureza e do ritmo da adoção da inovação. A introdução do futebol no Brasil está basicamente ligada às conexões territoriais com o Império Britânico. A presença destas redes (que veiculam a informação “futebol”) se define pela natureza da inserção do País na divisão internacional do trabalho, no bojo da grande expansão capitalista da segunda metade do século XIX. Neste cenário, o Rio Grande do Sul adotou precocemente o futebol e realizou uma difusão de ampla cobertura espacial. Nosso objetivo é verificar até que ponto a configuração territorial e a dinâmica de atuação das redes nela atuantes propiciaram o contato com esta inovação e o êxito particular de sua difusão no Rio Grande do Sul. Em síntese, pretendemos oferecer ao mesmo tempo um novo olhar para a história do território gaúcho e uma efetiva contribuição à historia social do futebol brasileiro, bem como propor uma consistente abordagem geográfica da difusão espacial do esporte mais popular do mundo.