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Tese

 A construção social do tipo ‘jogador de futebol profissional’

Um estudo sobre os repertórios usados por jogadores de distintas categorias etárias e por integrantes de suas matrizes
Ano

2008

Faculdade/Universidade

Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em Psicologia Social

Páginas

200

Arquivos

Resumo

Diante da gama de possibilidades que o fenômeno esportivo em geral apresenta para a sociedade, e especificamente o futebol na sociedade brasileira, optamos por realizar um estudo sobre a construção coletiva do tipo “jogador de futebol profissional”. A partir da sistematização de elementos observados e conversados no contexto do futebol, foi possível refletir acerca da configuração social que permeia essa construção e entender as matrizes especificadoras, as relações sociais que são formadas, os atores envolvidos, as materialidades presentes, a ocorrência de jogos de força nas relações sociais, sua caracterização e entrelaçamentos inter e intracategorias do futebol. Para que isso fosse possível, escolhemos a observação in loco das situações de treinamento e jogo de diferentes categorias de jogadores de futebol (dente de leite, infantil, mirim, juvenil, júnior e profissional). Também conduzimos conversas informais com jogadores dessas categorias e com as pessoas citadas por eles como integrantes de sua rede de relações sociais (familiares e profissionais associados ao futebol, como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, jornalistas, professores, coordenadores, dirigentes e patrocinadores dos clubes). Decidimos utilizar um recorte transversal de faixa etária/categoria, no qual foi escolhido aleatoriamente um jogador de futebol de cada categoria e, a partir dele, buscamos identificar pessoas que constituem seu cotidiano como jogador de futebol. Observamos seus treinamentos, participação em jogos, rotina e as pessoas presentes em sua vida quando o assunto é futebol. A partir da pergunta norteadora “O que é ser um jogador de futebol profissional?”, conversas informais com os interlocutores presentes na vida de cada atleta demonstraram os sentidos utilizados na perspectiva de cada um dos envolvidos na construção do tipo jogador de futebol profissional. Os resultados mostraram que a trajetória desses jovens em busca de sua formação e da consolidação de sua pertença a essa categoria é definida por esses sentidos, os quais, por conseguinte, consolidam a matriz na qual o próprio tipo se atualiza como categoria. A trajetória desses indivíduos é permeada de situações diferentes e de pessoas, relatoras de idéias e expectativas próprias, que nem sempre se coadunam com o entendimento da realidade vivida e desejada pelos próprios atletas. Entender essa trajetória, desde o período da infância até a aposentadoria do esportista, requisitou fazer escolhas que levassem a compreender as particularidades do processo. Esses resultados corroboram a tese deste estudo, a qual afirma que a matriz que constrói o jogador de futebol profissional está presente nas diferentes faixas etárias, produzindo e reafirmando sentidos que o caracterizam como tipo.

Palvras-chave: Construcionismo. Futebol. Práticas discursivas. Psicologia social do esporte.

Abstract

Given the great variety of possibilities that the sports phenomenon in general presents to society, and specifically soccer in Brazilian society, we have chosen to study the collective construction of the type “professional soccer player”. Through a systematization of spoken and observed elements in soccer it was possible to reflect on the social configuration that permeates this construction and to understand the specifying matrixes, the social networks that are formed, the actors involved, the materialities that are present, the occurrence of competitions for strength in the social network, their characterization, and the interweavings of inter and intracategories in soccer. To make all this possible, we observed in loco the trainings and matches of different categories of soccer (3-5 year-olds, 6-8 year-olds, 9-11 year-olds, 12-16 year-olds, 17-20 year-olds, professionals). Also, we held informal conversations with players of these categories and the people they mentioned as part of their social networks (family members, professionals associated to soccer, such as physicians, nutritionists, physical therapists, journalists, teachers, coordinators, directors, and club sponsors). We decided to approach the age group/category in a crosssectional perspective, for which at least one soccer player of each category was randomly chosen to permit the identification of the social network that constitutes his universe as a soccer player. We observed their training and participation in matches, their routine, and the people present in their life when soccer is the issue. The question “What is the meaning of being a professional soccer player?” was the starting point for informal conversations with the components of the network, which demonstrated the meanings according to the point of view of each person involved in the construction of the professional soccer player type. The results showed that the trajectory of these young boys, searching for their formation and consolidation of their sense of belonging to this category, is defined by these meanings; as a result, they consolidate the matrix in which the type is updated as a category. The trajectory of these individuals is permeated by people and different situations, which produce their own ideas and expectations, not always correlated to the understanding of the reality the athletes live and want. To understand this trajectory, from the athlete’s childhood to retirement, it was necessary to grasp the particularities and the psychosocial mediations of the construction of the professional soccer player type.

Key words: Constructionism. Soccer. Discursive practices. Social psychology of sport.

Sumário

Apresentação, 15

Capítulo 1 – Por uma perspectiva crítica
, 21
1.1 Fazer ciência na pós-modernidade, 21
1.2 O futebol na sociedade do espetáculo, 37

Capítulo 2 – Construcionismo, linguagem, tipo social e matriz, 49
2.1 Por uma perspectiva crítica sobre o conhecimento: o construcionismo como opção epistemológica, 49
2.2 Linguagem e produção de sentidos, 52
2.3 Caracterização de tipo social e matriz, 55
2.4 Atletas ciborgues: a questão informacional e as materialidades, 62

Capítulo 3 – O futebol na perspectiva das teorizações sobre as funções do brincar e do jogar no desenvolvimento da sociabilidade, 67
3.1. Psicologia social e formação do atleta: a perspectiva de George Herbert Mead, 67
3.2. Caracterização do brincar e do jogar na concepção de Johan Huizinga, 72
3.3 A classificação dos jogos segundo Roger Caillois, 78

Capítulo 4 – O processo de legitimação social do futebol
, 85
4.1 Dos primórdios à formalização globalizada do futebol, 85
4.1.1 Primeira etapa do futebol: os jogos com bola, 85
4.1.2 Segunda etapa do futebol: os anos selvagens, 91
4.1.3 Terceira etapa do futebol: a organização em entidades e a disseminação pelo mundo, 92
4.1.4 Quarta etapa do futebol: a mercantilização, 93
4.2 O futebol no Brasil, 95
4.2.1 Primeira fase (1894-1904): elite boa de bola, 97
4.2.2 Segunda fase (1905-1933): o futebol da elite para o povo, 99
4.2.3 Terceira fase (1933-1950): a profissionalização, 102
4.2.4 Quarta fase (1950-1970): a pátria de chuteiras, 103
4.2.5 Quinta fase (1970-2007/2014): futebol total, 105

Capítulo 5 – Metodologia, 109
5.1 Etapas do trabalho de campo, 112
5.1.1 Caracterização dos participantes, 118
5.1.2 Caracterização do local, 119
5.2 Técnicas, 120
5.2.1 Observação, 120
5.2.2 Conversas no cotidiano, 121
5.3 Caminho percorrido, 124

Capítulo 6 – Sobre categorias etárias e matrizes: a construção do tipo “jogador de futebol profissional” em uma perspectiva transversal, 127
6.1 As categorias de treinamento, 128
6.2 Elementos que formam a matriz do jogador de futebol profissional, 130

Capítulo 7 – Ser jogador de futebol: a perspectiva de jogadores e de integrantes de suas matrizes, 137
7.1 Definição de jogador de futebol profissional pelos diferentes elementos da matriz: análise por posição, 139
7.2 Definição de jogador de futebol profissional pelos diferentes elementos da matriz: análise por categoria, 157

Capítulo 8 – Repertórios em circulação: as cenas enunciativas, 161
8.1 O álbum de figurinhas, 161
8.2 A munhequeira, 163
8.3 O quase filho de Francisco, 165
8.4 Cartão vermelho para todos, 170
8.5 A galinhada, 172
8.6 Chuteiras para qualquer pé, 175

Capítulo 9 – Considerações finais, 179

Referências, 191

Referência

PEREIRA, Adriana Bernardes.  A construção social do tipo ‘jogador de futebol profissional’: Um estudo sobre os repertórios usados por jogadores de distintas categorias etárias e por integrantes de suas matrizes. 2008. 200 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social) - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
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