A Imprensa Negra surgiu em São Paulo nos primeiros anos do Século XX como um coletivo que abordava a questão racial em seu contexto econômico, político e cultural. Tais veículos provocaram o debate através das discussões sobre a estrutura de poder, os modelos de organização social e cultural e as formas de reconhecimento e status ao descortinarem as tentativas de negação destas iniquidades sociais. Diante desta constatação, o objetivo deste artigo é analisar a denúncia de episódios de discriminação racial e a contestação do mito identitário de democracia racial no futebol paulistano do início do Século XX através das publicações da Imprensa Negra. Como fonte utilizamos seus jornais disponibilizados nos microfilmes da Biblioteca Nacional. Após lermos as matérias que tematizavam o esporte, selecionamos duas que se ocuparam de repercutir o preconceito e a discriminação racial no futebol paulistano naquele contexto. No período analisado, podemos observar que no futebol de São Paulo ocorria a inclusão em determinados espaços e exclusão em outros, o que impedia a efetivação de relações democratizadas e proporcionava a reprodução das contradições do racismo na sociedade. Concluiu-se que havia tensão entre a coexistência da denúncia do racismo e o louvor da democracia racial nos primórdios do futebol de São Paulo.
Palavras-chave: Discriminação racial, Mídia, Esporte