Este artigo visa compreender a constituição e reprodução da cidade tornada cenário por meio da produção espetacular do espaço destinado à Copa do Mundo de 20141. Buscamos, neste sentido, desvendar a lógica e as partes constitutivas desta produção espacial por um dos seus meios de efetivação: os chamados “elefantes brancos”. Esta expressão idiomática, já bastante popularizada e difundida no vocábulo corrente, refere-se às obras, sobretudo de grande porte, que tem uso e validade limitado e que depois caem em desuso e abandono. Tentaremos mostrar – com o imprescindível auxílio dos autores Guy Debord, Henri Lefebvre, Karl Marx e Robert Kurz, entre outros – que a produção espacial do urbano ganha uma importância significativa na reprodução das relações sociais de produção; a obsolescência programada do espaço passa a ser necessária, em giros cada vez mais rápidos, para assegurar a realização do valor de troca na espacialidade. Os chamados “elefantes brancos” cumprem, portanto, um papel nada ocasional de executar a máxima do espaço descartável, posta em curso por intermédio do planejamento fugaz.