Esta dissertação possui como tema central o fenômeno dos coletivos de torcedores de futebol no Brasil. Em sua maioria com origem entre 2013 e 2014, atentos às transformações causadas pelo recebimento da Copa do Mundo de 2014 no país, os coletivos se formam a partir da identificação clubística e afiliação política comum entre seus integrantes. As pautas de sua atuação tratam de uma série de diferentes processos de opressão identificados no futebol brasileiro, como o machismo, a homofobia, o racismo e a elitização dos estádios. Os coletivos utilizam as redes sociais, em especial o Facebook, como principal forma de divulgação de suas ideias e ações, compartilhando características com os movimentos sociais contemporâneos em rede, abordados por Manuel Castells. A análise desta pesquisa baseia-se centralmente no conceito de campo de Pierre Bourdieu, possuindo como problema de pesquisa a investigação acerca das relações de poder e hierarquia entre os diferentes grupos de agentes localizados no campo futebolístico brasileiro. Os coletivos de torcedores, enquanto grupo outsider, em referência à dinâmica criada por Norbert Elias, recém-chegado ao campo, travam relações de disputa com agentes mais bem estabelecidos, como os grupos de comunicação e mídia, representantes do Estado, instituições esportivas e torcidas organizadas. A produção de dados foi baseada na observação das páginas digitais dos coletivos em pauta e em entrevistas realizadas com dois grupos específicos, sendo “Palmeiras Antifascista” e “Palmeiras Livre”. O saldo final aponta para a posição de marginalidade dos coletivos, ocupando posição de pouco poder e hierarquia entre os agentes analisados. Enquanto buscam disputar os discursos produzidos sobre futebol e militância política nos meios de comunicação, os coletivos encaram o clubismo como força reacionária e obstáculo à possibilidade de articulação nacional entre grupos de torcedores de diferentes clubes brasileiros, bem como as relações de tensão envolvendo o contato com torcidas organizadas.
Palavras-chave: futebol; torcedores; Brasil; política; movimentos sociais; redes sociais.