A ação coletiva constitui um fenômeno de múltiplas facetas que está condicionado às dimensões da vida social. Trata-se de um acontecimento organizado, capaz de promover mudanças, e que implica na ampliação de interesses do nível individual ao coletivo Enquanto conceito, constitui uma categoria a partir da qual é possível analisar os diversos processos sociais e as interações de seus agentes. No caso da economia solidária, e mais especificamente das cooperativas populares, a ação coletiva configura um movimento orientado para a consecução de um bem comum e uma forma de emancipação dos trabalhadores. Esta forma de ação ultrapassa o patamar da satisfação de interesses compartilhados, buscando inscrever a solidariedade em seu cerne, o que contrapõe a lógica utilitarista preponderante. Neste sentido, a ação coletiva necessita que seus atores se apóiem em outras formas de interação que não se enquadram nos preceitos racionais orientados pelo individualismo. Diante dessas considerações, parte-se do pressuposto que qualquer tentativa de identificar as especificidades da ação coletiva no âmbito da economia solidária tem início nas motivações que orientam os agentes dessa ação e na compreensão das relações que se estabelecem ao longo dessa trajetória. Tendo em vista este pressuposto, este estudo teve como objetivo identificar e analisar, teoricamente, os vínculos sociais que contribuem, efetivamente, para a ação coletiva no espaço organizacional das cooperativas populares. Para tanto, utilizou-se como referencial teórico a lógica da ação coletiva de Mancur Olson, a teoria da dádiva e os princípios do cooperativismo e da economia solidária. A partir desses pressupostos teóricos, observou-se, a título de hipótese, que os princípios da economia solidária e do cooperativismo não são suficientes para sustentar essas formas de ação coletiva, necessitando que os agentes estabeleçam entre si vínculos sociais regidos pelos princípios da reciprocidade, capazes de criar alianças e manter a coesão do grupo.