Esta pesquisa tem por objetivo geral analisar os fatores institucionais que impulsionam a estrutura do futebol feminino e seu possível reflexo no desempenho organizacional dos clubes. À luz da Teoria Institucional e da Visão Baseada em Recursos, a tese se fundamenta no argumento de que o ambiente institucional, formado pelos atributos internos e pressões externas, afeta a estrutura de futebol feminino dos clubes; que por sua vez cria valor a partir dos seus recursos aplicados, incrementando o desempenho operacional, econômico-financeiro e de geração de valor dos clubes. Neste sentido, foram delineadas duas hipóteses gerais, a partir das bases teóricas da pesquisa, bem como de recomendações de estudos prévios: (𝐻1) O ambiente institucional afeta a estrutura de futebol feminino dos clubes; (𝐻2) A estrutura de futebol feminino dos clubes influencia positivamente o desempenho organizacional. Foi considerada uma amostra de 102 clubes de futebol ranqueados pelo Club World Ranking 2018 – TOP 400, da IFFHS, totalizando 6.119 observações – considerando todas as variáveis analisadas em cada clube, excluídos os valores omissos –, referentes à temporada 2017-2018. Foram utilizadas as seguintes técnicas: análise de conteúdo, estatística descritiva, análise de correlação, análise fatorial, análise de clusters, teste T para a diferença de médias e regressão linear múltipla. Os resultados indicam que: (i) o fator pressão por Diversidade possui correlação positiva com a estrutura de futebol feminino, tanto em relação ao índice geral como com a categoria específica de estrutura econômico financeira; (ii) os clubes se agruparam em dois clusters, sendo denominado Estrutura de futebol feminino desenvolvida o cluster que agrupou sete clubes da amostra – Liverpool FC, Chelsea FC, Arsenal FC, Manchester City FC, Brighton & Hove Albion, West Ham United FC e Everton FC – e o segundo cluster que agrupou todos os demais 95 clubes da amostra foi denominado Estrutura de futebol feminino em desenvolvimento; (iii) adicionalmente, de forma exploratória, observou-se que apesar de 76 clubes (74,4% da amostra) apresentarem alguma informação quanto à estrutura de futebol feminino de uma forma geral, apenas 24 clubes (23,5% da amostra) apresentaram informação, especificamente, sobre a estrutura econômico financeira, com destaque aos clubes ingleses; (iv) há correlação positiva entre o desempenho de geração de valor (Football Finance Indicator-FFI) e a estrutura de futebol feminino de uma forma geral, estrutura física e estrutura econômico financeira; e (v) há influência positiva da estrutura econômico financeira no desempenho de geração de valor (FFI). Conclui-se que os atributos internos natureza jurídica e finalidade econômica dos clubes e as pressões externas oriundas da confederação de vínculo, internacionalização e economia nacional afetam a estrutura de futebol feminino dos clubes; e, por sua vez, a estrutura econômico financeira de futebol feminino dos clubes cria valor a partir dos seus recursos aplicados, incrementando o desempenho de geração de valor dos clubes – FFI. Assim, a contribuição conceitual desta tese reside no alinhamento entre os achados da pesquisa e os pressupostos das bases teóricas, ao revelar evidências científicas no tocante ao entendimento dos fatores institucionais determinantes à estrutura de futebol feminino dos clubes, bem como de sua relação com o desempenho organizacional. Certamente, esta pesquisa não pretende exaurir o tema, mas uma das suas principais contribuições está na indicação de caminhos alternativos que podem promover o desenvolvimento do futebol feminino nos clubes analisados. Ademais, contribui-se com o pontapé inicial sobre a temática, considerando o contexto econômico do futebol feminino de 22 países, aos quais compõem a amostra dos 102 clubes investigados.
Palavras-chave: Ambiente institucional. Futebol feminino. Desempenho organizacional.