Objectivo: Este estudo teve como objectivo principal analisar o conjunto de acontecimentos que antecedem o golo (Gama et al., 2014; Vaz et al., 2014) e aferir quais eram os jogadores-chave que tinham maior influência na “orquestração” da equipa na fase ofensiva de jogo. Metodologia: A amostra consistiu na observação e análise de dois jogos, de uma equipa profissional de Futebol, escalão seniores, referentes à Primeira Liga Portuguesa, época 2010/2011. Através do software de análise de jogo – Amisco®, as networks foram usadas como um instrumento que permitiu medir, de forma objectiva, os key players (jogadores-chave) da equipa. Deste modo, foi possível inferir quem eram os futebolistas mais influentes na estrutura da dinâmica colectiva (Gama et al., 2014; Vaz et al., 2014). Nesta base, efectuámos a análise notacional das acções de jogo, considerando o número de passes, recepções de bola, remates, cruzamentos, recuperações de bola e acções colectivas efectuadas com sucesso. A análise qualitativa foi mensurada através da interacção dos jogadores com base nos nodos e vértices que resultaram das networks. Resultados: Verifica-se que o jogador 4 (defesa central) foi o jogador-chave e o mais influente no jogo 1. No jogo 2, o jogador 6 (médio defensivo), foi considerado o jogador-chave, sendo o jogador 30 (avançado), o mais influente do ponto de vista das acções colectivas. Estes dois jogadores realizaram as suas principais interacções nas zonas: 2CD, 3CD, 3CE, 4CD, 5CD e 5CE. As maiores probabilidades de ocorrência de interacção no jogo 1, emergiram entre o jogador 4 (defesa central) e o jogador 14 (defesa direito), com 47%. No jogo 2, verifica-se que as maiores probabilidades de ocorrência de interacção ocorreram entre o jogador 12 (guarda-redes) e o jogador 33 (suplente), com 75%. A análise do centróide mostra, para o jogo 1, que o jogador 6 foi aquele que apresentou a melhor classificação global face ao número de interações realizadas (g_6=0.5954). Finalmente, no jogo 2, os resultados indicam que o jogador 10 (médio ofensivo) apresentou melhor posição no ranking face ao número de interacções efectuadas (g_10=0.6057). Discussão e conclusão: Os nossos resultados estão em linha com Peña e Touchette (2013), Vaz et al. (2014) e Gama et al. (2014), onde também se verificou um nível elevado de conectividade entre jogadores. Neste sentido, os dados corroboram a existência de uma elevada interacção e conexão entre atletas na fase ofensiva de jogo (Yamamoto & Yokoyama, 2011). Posto isto, à semelhança do estudo de Gama et al. (2014), conclui-se que o jogador-chave é uma peça fundamental na orquestração da equipa, pois equilibra o seu comportamento colectivo e contribui para desequilibrar a acção do adversário. Este tema merece um maior aprofundamento científico, mormente através de uma amostra mais robusta, sobretudo nos escalões de formação, de modo a explorar, através da posse e circulação de bola, o nível de conexão (network) e o rendimento desportivo de jovens atletas na fase ofensiva de jogo.
Palavras-chave: Futebol; Comportamento colectivo; Fase ofensiva; Interacção; Network.