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Tese

Aqui sangraram pelos nossos pés

Futebol, política e identidade nacional na ditadura militar (1974-1985)
Ano

2021

Faculdade/Universidade

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em História

Páginas

244

Arquivos

Resumo

A aplicação pela Ditadura civil-militar dos princípios e diretrizes da Doutrina de Segurança Nacional na gestão, organização e prática do futebol nas Copas do Mundo disputadas entre 1974 e 1982 são objeto deste trabalho. Através da análise da cobertura dos diários Folha de São Paulo e Jornal do Brasil e dos semanários Veja e Placar, procura-se demonstrar como a aplicação desses princípios resultou em uma militarização deste esporte em sua gestão institucional, financeira; na composição das comissões técnicas e na negação do status de cidadania ao jogador de futebol. A operacionalização desses princípios tanto poderia ser executada pela sociedade política, o Estado, quanto pela sociedade civil, através dos aparelhos privados de Hegemonia, como a Confederação Brasileira de Desportos. Movidos por um elã autoritário, quanto piores os resultados nas competições, maiores eram os espaços ocupados pelos militares dentro dessa estratégia, alcançando seu ápice na Copa do Mundo de 1978. A identidade nacional encontra-se igualmente em disputa, tanto como mecanismo de dominação, cuja instrumentalização é desejada pela Ditadura civil-militar, quanto como espaço de resistência, diante da incapacidade da Ditadura em realizar sua autorreforma e perpetuação institucionalizada no poder. Sem condições materiais para exercer o poder pela força, a Seleção Brasileira e a identidade nacional são ressignificadas como sinônimo de democracia, um valor que não poderia ser apreendido pela Ditadura. Jogadores e torcedores são agentes dessa transformação que resulta em Abertura Política e desmilitarização do futebol antes do final da própria Ditadura civil-militar.

Palavras-chave: Futebol, Ditadura, Identidade nacional.

Resumo (outro idioma)

L’application par la dictature civilo-militaire des principes et directives de la Doctrine de la Sécurité Nationale dans la gestion, l’organisation et la pratique du football lors des Coupes du monde disputées entre 1974 et 1982 font l’objet de ce travail. À travers l’analyse de la couverture des journaux Folha de São Paulo et Jornal do Brasil et des hebdomadaires Veja et Placar, nous cherchons à démontrer comment l’application de ces principes a abouti à une militarisation de ce sport dans sa gestion institutionnelle et financière, en la composition de la technique et le refus du statut de citoyenneté au joueur de football. L’opérationnalisation de ces principes pourrait être effectuée soit par la société politique, l’État, soit par la société civile, à travers l’appareil privé de l’hégémonie, comme la Confédération brésilienne des sports. Poussé par une tendance autoritaire, plus les résultats en compétition sont mauvais, plus les espaces occupés par les militaires au sein de cette stratégie sont grands, atteignant son apogée lors de la Coupe du monde 1978. L’identité nationale est également contestée, à la fois comme mécanisme de domination, dont l’instrumentalisation est souhaitée par la dictature civilo-militaire, ainsi que par un espace de résistance, étant donné l’incapacité de la dictature à mener à bien son auto-réforme et sa perpétuation institutionnalisée au pouvoir. Sans conditions matérielles pour exercer le pouvoir par la force, l’équipe brésilienne et l’identité nationale sont re-signifiées comme synonyme de démocratie, une valeur qui ne pouvait être appréhendée par la dictature. Les joueurs et les supporters sont les agents de cette transformation qui se traduit par une ouverture politique et une démilitarisation du football avant le fin de la dictature civilo-militaire elle-même.

Mots-clés: Football, Dictature, Identité nationale.

Sumário

INTRODUÇÃO, 13

CAPÍTULO 1 NÃO É O FUTEBOL, SÃO OS TANQUES, 45
1.1. A Confederação Brasileira de Desportos como Aparelho Privado de Hegemonia, 50
1.2 Projeto México: ponto de partida da militarização, 63
1.3 Identidade em disputa, 85
1.4 Aperfeiçoando o imperfeito, desprezando a perfeição, 94

CAPÍTULO 2 1974: NAS JANELAS E VARANDAS, SÃO RARAS AS BANDEIRAS, 99

CAPÍTULO 3 1978: NÃO SE DEVE DELIRAR, JÁ QUE SONHAR NINGUÉM MAIS CONSEGUE, 138
3.1 A mais politizada das Copas, 148
3.2 A mais militarizada das seleções, 153
3.3. Autorreforma do Regime, 173

CAPÍTULO 4 – E UM DIA, AFINAL, TINHAM DIREITO A UMA ALEGRIA FUGAZ, 179
4.1 A Confederação Brasileira de Futebol, 182
4.2 Trocando o medo pelo velho futebol-arte, 186
4.3 Epílogo: Outras Aberturas, Outro Sarriá, 211

CONCLUSÃO, 222
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 229
ANEXO, 241

Referência

STéDILE, Miguel Enrique. Aqui sangraram pelos nossos pés: Futebol, política e identidade nacional na ditadura militar (1974-1985). 2021. 244 f. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.
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