A concepção de um espaço que receba de forma organizada um público para assistir a uma disputa esportiva envolve diversos fatores: sua localização, os meios de transporte que o farão chegar ao local, de que maneira será assistido o jogo, quem o assistirá. A própria arquitetura do estádio exerce uma forma de controle do público. Ela não é neutra. É permeada por relações de poder que pretendem selecionar e produzir seu público. Em um diálogo com a antropologia das emoções, este ensaio pretende problematizar as discursividades sobre o comportamento dos torcedores de estádio no Brasil a partir da remodelação da arquitetura nas novas arenas. Para tanto selecionamos as edições impressas do jornal Zero Hora para verificarmos o que se esperava do público antes do jogo de inauguração da Arena Porto Alegrense entre Grêmio e Hamburgo e o que se disse desse público após a partida. Os textos do jornal nos permitem identificar a aposta em um novo tempo, a preocupação com a segurança do público, a emoção dos olhos lacrimejados e da pele arrepiada, além da condenação pública da violência física entre torcedores.